Especialista do CEJAM
alerta para boa recuperação que um ex-fumante pode ter, caso abandone o vício
em tempo
Lembrado em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco
foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987 para alertar as
pessoas sobre os riscos do tabagismo, que é a principal morte evitável no
mundo. No Brasil, cerca de 22 milhões de pessoas ainda fumam e, apesar de serem
considerados grupo de risco para a Covid-19, 34% dos fumantes afirmam que,
durante a pandemia, a quantidade de cigarros consumidos, diariamente, aumentou.
Os dados foram divulgados em pesquisa realizada pela Fiocruz.
O farmacêutico Ismael de Oliveira, que atende na
Unidade Básica de Saúde Vera Cruz, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas "Dr. João Amorim, avaliou a dificuldade dos participantes de
grupos de tabagismo de se manterem distantes do cigarro durante o isolamento social
imposto pelo Coronavírus.
"Neste período, temos recebido diariamente queixas de participantes em nosso Grupo Virtual de Tabagismo, relatando que, por conta do estresse e da ansiedade causados pelo isolamento, têm tido dificuldades de se manterem longe do vício, impossibilitando que os usuários se desvencilhem sozinhos do hábito", destaca o especialista.
Riscos do tabagismo à saúde
Estudos realizados indicam que pessoas fumantes adoecem com uma frequência duas
vezes maior do que as não fumantes. Além disso, o tabagismo - que já é
considerado uma doença - está relacionado a pelo menos 50 patologias
diferentes.
Entre as doenças que o vício no cigarro pode causar estão as ligadas ao
aparelho respiratório; doenças cardiovasculares; úlceras do aparelho digestivo;
osteoporoses; e cataratas, entre outras. O tabagismo também pode ter relação
direta com diversos tipos de câncer.
"Nos homens, o problema ainda é capaz de causar impotência sexual,
enquanto nas mulheres, infertilidade, menopausa precoce e complicações na
gravidez", afirma Ismael.
De acordo com o especialista, estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de
157 mil pessoas morram precocemente em decorrência de doenças causadas pelo
tabagismo.
Recuperação
Apesar dos riscos à saúde, nem tudo está perdido para os que desejam abandonar
o vício. As chances de adoecimento podem diminuir bruscamente com o passar do
tempo, algo estatisticamente comprovado.
O farmacêutico ressalta que um ano longe do cigarro é capaz de reduzir pela
metade os riscos de um ataque cardíaco, por exemplo. O mesmo acontece se o
indivíduo ficar cinco anos sem fumar, já que a possibilidade de desenvolver um
câncer de pulmão, boca, garganta ou esôfago cai para a metade.
"O coração de um ex-fumante também pode se recuperar a longo prazo. Em 15
anos longe do cigarro, os riscos de sofrer um infarto do coração também passam
a ser os mesmos de uma pessoa que nunca fumou", afirma o especialista.
Tratamento
Pessoas viciadas que têm o desejo de abandonar o
cigarro podem encontrar apoio especializado e gratuito. O Programa Nacional de
Cessação ao Tabaco, instituído pelo Ministério da Saúde em 2013, foi inserido
na Atenção Básica, tornando as UBS responsáveis por assistir os pacientes
tabagistas.
Com formato e período de duração pré-determinados, ao longo de quatro encontros
semanais, dois quinzenais e um mensal - considerado manutenção -, é possível
obter apoio para abandonar o vício. "Mesmo com o término do tratamento, o
paciente tem acesso aos profissionais responsáveis a qualquer momento, em casos
de recaída ou abstinência", explica.
Com turmas de, no máximo, 12 participantes, o usuário tem acesso a uma equipe
multidisciplinar, que conta com farmacêuticos, enfermeiros e médicos, além de
dentistas, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos e agentes
ambientais em momentos que se fazem necessários.
Segundo o farmacêutico, cada profissional aborda um tema pertinente à sua área
em que esteja interligado ao hábito de fumar. "Os dentistas abordam os
prejuízos que o tabagismo traz à saúde bucal, enquanto o assistente social
aborda o valor monetário que o vício traz ao tabagista, um dos temas mais
impactantes durante a reunião", explica.
O profissional ainda faz uma abordagem de forma simples e direta, projetando o
valor gasto com cigarro ao longo de um ano. "O tabagista fica espantado ao
perceber que as altas quantias gastas poderiam ser destinadas a coisas mais
importantes."
Ao longo do mês de maio, ações como palestras, campanhas de distribuição de
folders informativos e Lives foram desenvolvidas para auxiliar aos que desejam
abandonar o vício do cigarro. Porém, durante o ano inteiro, as UBSs oferecem
apoio para estas pessoas.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"
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