O ferro é um micronutriente essencial para a vida e
atua principalmente na síntese de células vermelhas do sangue (hemácias) e no
transporte do oxigênio no organismo. Mas também é necessário para a respiração,
a produção de energia e a multiplicação das células do corpo. A nutricionista
da Puravida, Priscila Gontijo, esclarece algumas dúvidas a respeito dessa
suplementação.
Tipos de ferro e alimentos
fonte
Nós encontramos dois tipos de ferro nos alimentos:
o ferro heme encontrado em alimentos de origem animal e mais bem absorvido; e o
ferro não heme encontrado nos vegetais.
Os alimentos fontes de ferro heme são as carnes
vermelhas, principalmente as vísceras como fígado e miúdos, carnes de aves,
suínos, peixes e mariscos. Já os alimentos fontes de ferro não heme são
as verduras e legumes verde-escuros (espinafre, couve, brócolis) e as
leguminosas como o feijão, soja e a lentilha.
Como o ferro não heme apresenta uma menor absorção,
recomenda-se a ingestão na mesma refeição de alimentos ricos em vitamina C,
pois ajudam a aumentar esta absorção. Exemplos de alimentos ricos em vitamina C
são acerola, laranja, abacaxi e limão.
Deficiência de ferro no
organismo
Quando a disponibilidade de ferro é insuficiente
para atender as necessidades do corpo, é caracterizado como uma deficiência
deste mineral, sendo muitas vezes necessário o uso do suplemento de ferro e
adequação na alimentação.
As principais consequências da deficiência de ferro
para o organismo são:
- Comprometimento
do sistema imune, com aumento da predisposição a infecções;
- Aumento
do risco de doenças e mortalidade perinatal, especialmente para mães e
recém-nascidos;
- Aumento
da mortalidade materna e infantil;
- Redução
da função cognitiva e atenção;
- Retardo
do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças;
- Diminuição
da capacidade de aprendizagem em crianças escolares e menor produtividade
em adultos.
Em relação aos sintomas, os mais comuns são a
fadiga excessiva, palidez, tontura, palpitação cardíaca, dificuldade
respiratória, fraqueza muscular, dor de cabeça e perda de memória.
Anemia e deficiência de ferro
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
anemia é uma condição na qual a concentração de hemoglobina no sangue está
abaixo do normal.
A anemia pode ser determinada por diversos fatores,
sendo que cerca de metade dos casos acontecem em função da deficiência de
ferro, determinada pela dieta insuficiente em ferro. Os outros 50 % dos casos
podem estar relacionados às deficiências de folato, vitamina B12 ou vitamina A,
inflamação crônica, infecções parasitárias e doenças hereditárias.
Os grupos que mais apresentam anemia são as
crianças menores de dois anos, as gestantes e as mulheres em idade fértil. Por
isso, hoje vemos programas em que reforçam o uso de suplemento de ferro nessas
faixas etárias.
E quando não há anemia?
Mesmo que o paciente não tenha anemia, ele pode
ainda assim ter deficiência do ferro, se os níveis de ferritina no sangue
estiverem baixos.
Níveis baixos de ferritina podem indicar
deficiência de ferro, e esse declínio pode estar também associado à alimentação
baixa em ferro e vitamina
C, sangramento menstrual excessivo, o hipotireoidismo, a presença de
tumores e problemas gastrointestinais como sangramento no esôfago, estômago ou
intestino.
Por isso, o acompanhamento médico e / ou
nutricional a partir da presença de sinais e sintomas possivelmente associados
à deficiência de ferro, é essencial; especialmente, para uma adequada
solicitação de exames de sangue específicos e análise da necessidade de ingerir
o suplemento de ferro.
Mas afinal, quando utilizar o
suplemento de ferro?
O suplemento de ferro pode ser indicado para
prevenir a anemia ferropriva em pessoas com altas necessidades de ferro, como
acontece nos primeiros anos de vida e com as mulheres grávidas ou que estejam
amamentando.
No Brasil, existe o Programa Nacional de
Suplementação de Ferro (PNSF), que consiste na indicação do suplemento de ferro
para todas as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o
pré-natal independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto,
e na suplementação de gestantes com ácido fólico.
O suplemento de ferro também pode ser recomendado
para prevenir ou tratar a anemia em pessoas com dificuldades na absorção de
ferro ou com altas necessidades desse mineral, como nos casos da doença renal
crônica, queimaduras, alguns tipos de câncer, menstruação excessiva,
hemorragias digestivas, após grandes cirurgias ou acidentes, e na cirurgia
bariátrica.
Tipos de suplementos de ferro
O ferro elementar, ou seja, sozinho, é instável e
oxida facilmente. Por esse motivo, geralmente é encontrado na forma de
complexos, como sulfato ferroso, fumarato ferroso e gluconato ferroso, que o
tornam mais estável. Além disso, o suplemento de ferro também pode ser
encontrado em associação com vitaminas como ácido fólico e vitamina B12.
Todos os suplementos de ferro contêm o mesmo tipo
de ferro, mas dependendo da forma em que é encontrado, pode variar como eles
são absorvidos ou como interagem com os alimentos.
As melhores formas de suplementar ferro são as
formulações queladas, ou seja, quando o ferro está ligado a um aminoácido que
protege o mineral de reações indesejáveis e aumenta a capacidade de absorção
pelo organismo.
O ferro bisglicinato contém uma dupla proteção de
glicinas – um tipo de aminoácido; isto permite que a molécula de ferro
atravesse intactamente o estômago e seja absorvida somente no intestino. Dessa forma,
não há perda de ferro elementar, sendo absorvida uma maior quantidade do
mineral = cerca de 4 a 5x mais quando comparado ao sulfato ferroso. Além disso,
observa-se importante redução dos desconfortos gastrointestinais e não há
interação com alimentos.
O sulfato ferroso é um dos tipos de suplemento de
ferro mais ingerido. É composto por ferro, enxofre e oxigênio, e a sua
administração com medicamentos não interfere na absorção.
Como tomar ferro?
A necessidade do suplemento de ferro varia de
acordo com a idade, gênero, fase da vida, causas e gravidade da deficiência de
ferro. Deve ser realizada apenas com a orientação de um médico ou nutricionista
visando reverter a falta do nutriente, e não visando aumentar a disposição ou
energia.
A melhor forma de suplemento de ferro é o ferro
quelado (bisglicinato de ferro) conforme já vimos, idealmente tomado junto da
refeição e com a presença de alimentos ricos em vitamina C. Uma sugestão é
consumir o suplemento de ferro com um copo de suco de laranja, por exemplo.
Quem não deve usar o
suplemento de ferro?
O suplemento de ferro não é indicado em situações
que impedem a absorção ou propiciam acúmulo de ferro no organismo, como
talassemia, anemia falciforme, anemia hemolítica ou hemocromatose, uma condição
que aumenta os níveis de ferro no organismo.
Além disso, esse suplemento também não é indicado
para pessoas com úlcera gástrica, diarreia crônica e colite ulcerativa.
Sabendo de todas essas informações, não se esqueça
que o suplemento de ferro pode ser necessário em muitas situações, mas sempre
com a recomendação de um profissional da saúde.
Puravida