A festa de Corpus Christi é um convite para uma meditação sobre o valor e a importância da Eucaristia em nossa vida. A palavra Corpus Christi vem da língua latina e significa Corpo de Cristo. É uma festa que celebra a presença real de Cristo na Eucaristia. É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo remonta ao século XIII. Foi instituída pelo Papa Urbano IV (1262-1264)
através da bula “Transiturus”, de 11 de agosto de 1264.
Urbano IV, antes de ser escolhido Papa, era
cônego de Liège (Bélgica) e se chamava Tiago Pantaleão de Troyes. Ele tinha
recebido o segredo das visões da Freira Juliana de Liége, que pedia uma festa
da Eucaristia no calendário litúrgico.
Conta a história que, sucessivamente, um
sacerdote chamado Pedro de Praga, muito piedoso e zeloso pastoralmente, vivia
angustiado por dúvidas sobre a presença real de Cristo no pão consagrado.
Decidiu então ir em peregrinação ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma,
para pedir o dom da fé. Ao passar por Bolsena (Itália), enquanto celebrava a
Santa Missa, foi novamente acometido pela dúvida. Na hora da consagração
veio-lhe a resposta em forma de milagre: a sagrada hóstia branca transformou-se
em carne viva, respingando sangue, manchando o corporal (paninho branco no qual
são colocadas as sagradas espécies consagradas), o sanguíneo (paninho de limpar
o cálice) e a toalha do altar.
Por solicitação de Urbano IV, os objetos
milagrosos foram, em solene procissão, para a cidade de Orvieto, onde na época
o Papa morava.
São Tomás de Aquino foi responsável pela
composição dos textos da liturgia de Corpus Christi, a pedido do Papa Urbano
IV. Para a celebração, ele compôs também o hino “Pange lingua”, o qual inspira
o canto da Bênção do Santíssimo cantada no Brasil. A parte final deste hino é o
Tantum ergo sacramentum, em português “Tão sublime sacramento”.
A Eucaristia é um dos sete Sacramentos e foi
instituída na Última Ceia, quando Jesus disse: “Este é o meu Corpo… Este é o
cálice do meu Sangue… fazei isto em memória de mim” (Mt 26,26). Assim, vemos
que quem pediu que nós ao longo dos tempos e da história celebrássemos a
Eucaristia foi o próprio Cristo. E a Igreja Católica cumpre este mandato até
hoje, para perpetuar a presença salvadora de Jesus na história.
São Tomás de Aquino afirmou: “Nenhum outro
sacramento é mais salutar do que a Eucaristia. Pois, nele os pecados são
destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons
espirituais. A Eucaristia é o memorial perene da paixão de Cristo, o
cumprimento perfeito das figuras da antiga aliança e o maior de todos os
milagres que Cristo realizou”.
Para celebrar este Cristo presente na vida da
Igreja, se enfeitam as ruas com tapetes feitos de sal, serragem, borra de café,
areia e flores, para que Jesus Eucarístico possa passar pelas ruas e abençoar
as cidades e seus moradores, que por sua vez lhe conferem adoração e atos de
fé.
Com fé, esperança e amor acolhamos a palavra de
Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente” (João 6,51).
Lino Rampazzo - doutor em Teologia e professor
no Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova.