Confira os cuidados essenciais para escolher gaiola, comedouros, brinquedos e manter uma rotina saudável para a ave
As aves pet, entre elas espécies populares como os
periquitos, calopsitas e agapornis, estão cada vez mais presentes nos lares
brasileiros. No entanto, antes mesmo de adquirir uma ave pet, é importante
criar um ambiente adequado e seguro para esse tipo de animal. Confira 11 dicas
para ter aves pet em casa.
1 - Investimento
O primeiro passo é compreender o valor a ser
investido em gaiola, comedouros e outros objetos para que a ave tenha um lar
saudável. Outra questão fundamental é estimar o valor de rações e alimentação
de qualidade. Somente eventualmente e como petisco pode ser oferecido o mix de
sementes, já que as sementes são ricas em gordura e não devem ser oferecidas
diariamente à ave.
A dieta das aves deve ter como base a ração
indicada para a espécie, sendo complementada com vegetais. “Você vai ter que
comprar uma ração extrusada de qualidade. Esse animal precisa de uma dieta
variada, saudável, a base da ração extrusada, com verduras, legumes e frutas.
Além disso, são aves extremamente inteligentes, é um animal que demanda contato
conosco, interação, brincadeiras. Isso custa tempo, custa dinheiro”, afirma a
médica veterinária Bruna Barbosa, que atualmente é uma das responsáveis pela
área de internação da Safari, uma empresa de São Paulo que presta serviços
veterinários para hospitais e zoológicos.
2 - Pets em casa
Se a pessoa já tiver um outro animal em casa, como
cachorro ou gato, precisa tomar muito cuidado e planejar a aquisição da ave, de
modo que a ave pet tenha um ambiente só para ela e seguro. A ave não deve ficar
solta em casa sem supervisão, pois corre o risco de ser atacada por outros
animais. O cuidado é válido até mesmo para a interação entre diferentes
espécies de aves. “Não tem problema você ter aves de espécies diferentes, mas
com certeza não é recomendado deixá-las na mesma gaiola. A gente recebe na
rotina veterinária muitos animais que sofreram por briga, que se machucaram,
uns já chegaram até sem bico”, afirmou Bruna ao podcast Psitacast.
3 - Quarentena
Ao adquirir uma ave, é fundamental levar o animal
para check-up com um médico veterinário. A ave pode ser portadora de um
patógeno e demorar para manifestar uma doença, então o acompanhamento médico é
imprescindível nesse momento. A quarentena é ainda mais importante se a pessoa
já tiver outras aves em casa, para evitar que a introdução de uma nova ave no
ambiente contamine as demais. “Na rotina veterinária, infelizmente atendemos
muitas aves que acabam vindo ao óbito porque o tutor não tomou esse cuidado com
a questão sanitária”, alerta Bruna.
4 - Escolha da gaiola
Ao comprar uma gaiola ou viveiro, deve-se observar
a qualidade do material, a facilidade de limpeza e o tamanho. “As aves têm um
bico muito forte, então não adianta querer economizar comprando uma gaiola mais
barata como essas de alumínio, porque com certeza elas podem destruir. E quando
a gente pensa nessa destruição, não é só uma questão financeira. Às vezes elas
engolem esse material, então temos dois problemas: o da destruição em si, que é
meramente monetário, e o risco de ingestão de material metálico, que vai
necessitar de atendimento veterinário urgente, muitas vezes comprometendo a
própria vida do animal”, alerta Bruna.
A gaiola ou viveiro deve facilitar a rotina de
higiene. Os melhores modelos são os que apresentam uma grade e gaveta removível
no fundo da gaiola, para permitir uma limpeza eficiente. “As aves não devem ter
contato com as próprias fezes”, diz a veterinária. Em relação ao tamanho e
formato da gaiola ou viveiro, é recomendável que haja espaço suficiente para a
ave se movimentar e abrir integralmente as asas no interior da gaiola ou
viveiro. Também é importante que a gaiola ou viveiro seja quadrada ou
retangular. As opções com outros formatos comprometem a noção espacial e podem
estressar o animal. “Existem livros e trabalhos científicos que abominam as
gaiolas redondas, isso não só para as aves, em zoológicos, os recintos redondos
são totalmente contraindicados”, alertou a médica em entrevista ao Psitacast.
5 - Comedouros e bebedouros
É fundamental escolher comedouros e bebedouros com
tamanho indicado para a espécie escolhida, para que a ave tenha uma postura
adequada ao se alimentar e evitar que ela defeque sobre esses objetos,
contaminando alimentos e água. Em relação ao material, a opção mais recomendada
é o comedouro/bebedouro de porcelana. “Eu só gosto dos comedores de porcelana,
são mais fáceis de limpar, então não ficam aquelas placas de sujeira acumulada
como nos de alumínio e de plástico. E o principal é que os de porcelana não vão
virar objeto de destruição. Apesar de ser mais caro, é muito melhor para a sua
ave”, opina Bruna.
6 - Poleiros
Os poleiros devem ser colocados no interior da
gaiola ou viveiro com cuidado, para que não haja sobreposição. A disposição dos
poleiros deve evitar o acúmulo de fezes e eles não podem atrapalhar a
movimentação do animal. Também é importante escolher poleiros com espessura
adequada para a espécie e somente de madeira macia, não utilizando opções de
plástico ou outro material. É possível incluir opções como os galhos naturais
de goiabeira, por exemplo, ou de outras plantas – desde que a planta não seja
tóxica para a ave. Esses cuidados vão permitir que a ave se exercite e não
machuque as patas.
7 - Iluminação e sono
É importante que as aves tomem sol diariamente, por
cerca de 15 minutos, para beneficiar a saúde. Mas o ambiente das aves não pode
ter iluminação natural ou artificial excessiva e deve ser respeitado o
fotoperíodo. As aves precisam dormir 12h por noite então, ao anoitecer, elas
devem ficar em ambiente escuro e o mais silencioso possível. Aves que ficam
acordadas durante a noite podem se estressar e desenvolver distúrbios hormonais
e reprodutivos, entre outros problemas. “A iluminação é algo muito simples, mas
infelizmente ela é muito negligenciada pelos donos de aves”, opina Bruna.
8 - Ventilação e temperatura
O ambiente das aves não pode ser abafado, mas
também não pode permitir a passagem de correntes de ar. “O sistema respiratório
das aves é muito sensível então excesso de vento com certeza faz mal para as
aves”, diz Bruna. A temperatura ideal para a ave varia conforme a espécie, mas,
em geral, as aves demandam temperatura superior a 28 graus. O frio pode matar a
ave, por isso, em muitos casos pode ser recomendado utilizar lâmpadas de aquecimento
ou aquecedores, mas com o cuidado de manter a umidade do ar em níveis
desejados.
9 - Enriquecimento ambiental
As aves que vivem solitárias ou que levam uma vida
entediante podem desenvolver distúrbios em cativeiro, desenvolvendo algum
comportamento obsessivo-compulsivo que prejudica a saúde como, por exemplo, o
hábito de arrancar as próprias penas. Desse modo, é importante investir em
enriquecimento ambiental, oferecendo muitos brinquedos de madeira e criando
atividades para estimular a ave e prevenir o estresse, como treinos de voo e
atividades de forrageamento.
10 - Higiene
A limpeza frequente do local é fundamental para
promover um lar saudável para as aves. A médica veterinária Bruna Barbosa
recomenda limpar a gaiola com álcool ou com amônia quaternária e esperar o
cheiro do produto ser eliminado antes de retornar com a gaiola para o ambiente
das aves. Se não for possível, é importante pelo menos lavar a gaiola com água
fervente. “A higiene é importantíssima para evitar a transmissão de doenças
para as nossas aves e evitar que elas tenham contato com as próprias fezes”,
afirmou durante entrevista ao Psitacast.
11 - Perigos no ambiente
A presença de móveis, pias, persianas,
eletrodomésticos e até mesmo tomadas de energia podem representar riscos de
acidentes para a ave. “Elas saem bicando tudo. Então, ave solta, somente com
supervisão!”, alerta Bruna. O proprietário da ave também deve ter cuidado com a
armazenagem de rações, guardando os alimentos em armário limpo e distante de
produtos de limpeza, por exemplo, para evitar contaminação e possível
intoxicação no animal.
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