A campanha do Dia Mundial Sem Tabaco de 2021, comemorada em todo o mundo no dia 31 de maio, e lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para vigorar durante todo o ano, é intitulada "Comprometa-se a parar de fumar durante a covid-19".
Diversas políticas
públicas têm sido adotadas no mundo para o controle do tabagismo, já declarado
como epidemia global (como reconhece o Tratado Internacional conhecido como
"Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco", com mais de 180 países
signatários). Dentre elas, destaca-se a adoção de embalagens padronizadas de
cigarros, ambientes livre de fumo, campanhas de cessação, entre outras.
A cessão do tabagismo,
estimulada pela campanha do Dia Mundial de Tabaco desse ano, tornou-se mais
relevante em razão do impacto da pandemia do novo coronavírus.
Destacamos dois
importantes fatores: o primeiro, a constatação de aumento do número de fumantes
durante a pandemia (de acordo com pesquisa da Fiocruz, o consumo de cigarro
aumentou para 34% dos fumantes brasileiros durante a pandemia), e, o segundo, o
agravamento da doença da covid-19 para fumantes (de acordo com Boletim da ACT,
de maio de 2021: "A OMS compilou evidências que demonstram que fumantes
correm maior risco de desenvolver sintomas graves e morte por covid-19.").
Criar um estímulo que
reflita no comportamento do consumidor tem sido objeto de estudos em diversas
áreas que defendem a saúde pública.
Este é o objetivo de
Takuji Narumi, professor assistente de pesquisa em realidade virtual e
interface cibernética da Universidade de Tóquio, no Japão, que vê no chamado
"hackeamento de alimentos" uma oportunidade de fazer experiências com
a mente.
"A tecnologia
está de fato oferecendo soluções para alguns problemas graves relacionados à
alimentação, como a batalha contra a obesidade. O projeto Meta-Cookie aplica a
realidade virtual ao campo da culinária para regular a quantidade de alimentos
que comemos e brincar com a nossa sensação de saciedade". Explica Takuji,
"se a comida parece maior, você se sente satisfeito; se diminuirmos, você
pode comer mais".
Neste episódio
inaugural de "Food Hacking", o apresentador veste um par de óculos
especiais de realidade virtual enquanto segura um biscoito de verdade.
"Por meio dos óculos, os pesquisadores conseguem primeiro tornar o
biscoito maior ou menor. Fazer isso, diz Narumi, mostrou que alimentos
virtualmente aumentados para 50 por cento maiores levam a um consumo 10 por
cento menor".
Com o objetivo de
reduzir a beleza e o apelo de produtos de tabaco aos consumidores, a Austrália
foi o primeiro país a adotar as embalagens padronizadas de cigarros, "que
aumentam a visibilidade e a eficácia das advertências de saúde e diminuem a
capacidade do produto e sua embalagem de enganar os consumidores quanto aos
danos causados pelo tabaco" (vide https://www.toabaccofreekids.org).
Assim, as descreve a
Campaign for Tobacco-Free Kids, organização americana sem fins lucrativos, que
defende a redução do consumo de tabaco. "Embalagens padronizadas de
produtos derivados do tabaco exigem que a embalagem tenha textura e cor
padronizados e uniforme; obriga a padronização do formato e tamanho dos maços,
assim como dos materiais dos quais os mesmos são feitos; e proíbe que haja
qualquer marca, logo ou outro elemento promocional em qualquer área da
embalagem e dos produtos individuais, ou mesmo próximos. Apenas os nomes da
marca e do produto, a quantidade do produto e informações para contato podem
aparecer na embalagem, em fontes padronizadas, junto com informações
obrigatórias como advertências de saúde e selos com o valor dos impostos sobre
o produto".
No ano passado,
"A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou uma nova ferramenta
com inteligência artificial para combater o tabagismo, considerado o maior
risco controlável para doenças cardiovasculares, a principal causa de mortes no
país. Trata-se de um assistente virtual que auxilia interessados em abandonar o
cigarro ou reduzir o consumo, tendo em vista os riscos do vício para quem contrair
a covid-19 . Conforme estudo do Centro de Pesquisa e Educação para Controle do
Tabaco da Universidade da Califórnia (EUA), os fumantes têm 2,25 vezes mais
chances de complicações graves decorrentes do novo coronavírus . Por meio do
chatbot, que simula um ser humano conversando com o usuário, é possível tirar
dúvidas e receber orientações sobre tratamentos para parar de fumar. À medida
em que interage com as pessoas, o algoritmo aprende e se torna cada vez mais
específico e profundo na conversa". (https://www.tecmundo.com.br).
A campanha da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), segundo Diego Alves, "apoiará a
criação de ambientes mais saudáveis e que proporcionem o abandono do tabagismo.
Dentre as entregas da campanha, está a inteligência artificial Florence, que
apoiará quem deseja parar de fumar, elaborando um protocolo individualizado a
partir de guias internacionais de cessação. Há, ainda, apoio via mídias
sociais, como aplicativos de mensagens e parcerias com programas nacionais,
como é o caso do Brasil. Já o programa Allen Carr é uma plataforma virtual para
apoiar o fumante a se libertar do tabaco. O programa é conduzido por um
profissional qualificado da Allen Carr’s Easyway que usou o método ele próprio
para parar de fumar."
Em Golden Holocaust,
Robert N. Proctor professor de História da Ciência da Universidade de Stanford,
esclarece a importância nos dias de hoje de a convicção das pessoas não serem
medidas simplesmente pelo fato de estarem expostas a textos, e afirma: "Se
as convicções pudessem ser medidas simplesmente pela exposição a textos, então
os professores não teriam necessidade de dar notas. Nós poderíamos apenas
qualificar os livros".
Assim, nesse 31 de
maio: Ação para cessação!
Renata Domingues Balbino Munhoz
Soares - advogada, professora e coordenadora do Grupo de Estudo
"Direito e Tabaco", da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutora
em Direito Político e Econômico e autora do livro "Direito e Tabaco.
Prevenção, Reparação e Decisão", pela editora GrupoGen.
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