É
fato inegável que Star Wars é um enorme sucesso. O que muitos não sabem, é que a
saga conta até com uma data no calendário: em 4 de maio, os fãs celebram o
"Dia de Star Wars" . O motivo deste "feriado informal"
nasceu de um jogo de palavras em Inglês.
No
idioma, quatro de maio é "May the Fourth" e os fãs perceberam a
sonoridade semelhante à "May the Force" que inicia uma das
frases-símbolo da série: “May the Force be with you” (Que a Força esteja com
você).
Então,
mais rápido que a Millennium Falcon, surgiu a data comemorativa: “May the
Fourth be with you". Ou seja, "Que o 4 de maio esteja com você".
Os
nove filmes, animações, séries e livros derivados da criação de George Lucas,
foram e ainda são tema de diversos debates.
Um
deles é como a Física explica - ou corrige - episódios mostrados ao longo da
saga.
Muitos
fãs e especialistas em Star Wars afirmam que George Lucas se inspirou em
conceitos de diferentes religiões e também da Física - em especial da Física
Quântica - na criação da história.
Mas
será que o que é mostrado na história realmente tem embasamento?
A Força
A
Força é um conceito fundamental tanto para a Física quanto para Star Wars.
No
caso da saga, no primeiro filme, "Episódio IV - Uma nova esperança",
o Mestre Jedi Obi Wan Kenobi diz que a Força é "um campo de energia criado
por todas as coisas vivas: ela nos cerca, nos penetra; mantém a galáxia
unida".
O
cânone referente ao universo Star Wars explica que a Força Viva é influenciada
pelos sentimentos e atitudes morais dos indivíduos. Isso diferencia os Jedi dos
Sith - as duas filosofias de manifestação da Força.
Os
primeiros fazem parte da ordem de guerreiros movidos pela compaixão, bondade,
altruísmo e humildade e que defendem o lado da luz da Força. Já os Sith são os
defensores do lado sombrio que tiveram o equilíbrio e a serenidade abalados
pelo ódio, medo, ganância, raiva e maldade.
Já
no quarto filme, "Episódio I - A ameaça fantasma", o Mestre Jedi,
Qui-Gon Jinn, explica que a Força se comunica aos indivíduos através dos
midi-chlorians, organismos microscópicos que vivem nas células de todas as
coisas vivas. Ele ainda diz que a quantidade de midi-chlorians que um ser tem
no sangue indica a sensibilidade dele para a força.
E
este foi o indício para Qui-Gon Jinn identificar uma manifestação incomum da
Força no jovem Anakin Skywalker. Anos depois, o garoto acolhido pelos Jedi se
converteria no mestre Sith Darth Vader, um dos vilões mais icônicos da história
do cinema.
De
acordo com o enredo, ao aprender a manipular a Força, o ser pode desenvolver
telepatia - incluindo o controle e/ou sugestão mental de outros indivíduos;
empatia com outras pessoas onde a Força se desenvolveu; telecinese;
resistência, velocidade e agilidade aperfeiçoadas; projeção para outros
lugares; olfato mais aguçado, habilidade de cura.
Os
Sith desenvolveram habilidades específicas, entre elas, eletricidade e
capacidade de estrangular pessoas.
Na
vida real, esta é a definição de força segundo a ciência: "agente físico
capaz de deformar ou alterar o estado de repouso ou de movimento retilíneo
uniforme de um corpo material".
E
existem quatro forças fundamentais na natureza: gravidade, eletromagnética e as duas forças nucleares
- a forte e
a fraca.
Todas desempenham o papel de manter a unidade da matéria, desde átomo até
planetas.
Por
meio das maneiras como estas forças atuam sobre as partículas, interagem e são
mediadas, é que os fenômenos da Física são explicados.
O
estudante de Engenharia Civil na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)
e produtor de conteúdo da plataforma Responde Aí, Gabriel Moreira, mostra como
a Força poderia ter uma utilidade prática na vida real, se existisse tal como
na série.
"Já
parou pra pensar que os Jedi e os Sith podem usar a Força pra gerar momento
fletor? O momento fletor é o
produto vetorial da força pela distância e é responsável pela tensão de
flexão, que curva e pode causar ruptura em diversos materiais".
No
entanto, nem sempre o que é narrado na saga possui bases fundamentadas na
Física.
Som e chamas no espaço
Pense
na criança fascinada pelo universo Star Wars que cresceu imitando o som dos
rasantes e dos disparos das naves nas batalhas no espaço entre Rebeldes/Aliança
Rebelde e o Império/Primeira Ordem.
Ao
chegar à aula de Física, descobre que isso não seria possível.
Não,
o som não se propaga no vácuo. No espaço, não há moléculas se movimentando e
não há como transmitir as ondas sonoras.
Em
Star Wars, muitos espectadores vibram quando as instalações construídas no
espaço pelo Império e pela Primeira Ordem, destinadas a intimidarem mundos e
acabarem com aqueles que não se rendessem, foram destruídas.
Especialmente
quando o tiro certeiro de Luke Skywalker desencadeou a explosão que acabou com
a Estrela da Morte.
Então,
na vida real, também não seria como foi mostrado. O produtor de conteúdo da
plataforma Responde Aí, Gabriel
Moreira, explica o motivo.
"Um
vacilo da saga, é a propagação do som e das chamas no espaço. A explosão da
Estrela da Morte, por exemplo, não mostra como seria na realidade. Como as
chamas não podem queimar sem oxigênio e o som não se propaga no espaço, deveria
ser uma explosão breve", disse.
Portanto,
as lutas e as explosões no espaço que tanto emocionam os fãs seriam
silenciosas. Por isso, dá para entender a decisão dos criadores em adotar uma
"licença científica" em prol da emoção da história.
Blasters x sabres de luz
Para
quem está lendo e não conhece tão intimamente a série: os blasters são as
pistolas usadas pelos stormtroopers, os soldados do Império/Primeira Ordem, e
também por Han Solo e outros personagens integrantes da Rebeldes/Aliança Rebelde.
Já
os sabres de luz eram usados, principalmente, pelos Jedi e pelos Sith, os
defensores dos lados opostos da Força.
Em
vários momentos, os sabres de luz foram usados para os Jedi se defenderem de
disparos dos inimigos. E, acredite, não está entre as "licenças
cinematográficas" adotada pela saga.
"Os
Jedi desviando dos blasters e rebatendo com os sabres, é totalmente possível. É
um engano achar que eles atiram na velocidade da luz. Essa velocidade já foi
calculada e está em torno de 35 m/s, é fisicamente possível rebater os
tiros", explicou Gabriel Moreira.
Moreira
se refere ao artigo escrito em 2012 pelo físico da Universidade de Southern
Louisiana, Rhett Alain. No texto, ele concluiu que os blasters não podem ser
lasers, porque teriam que ser invisíveis no espaço ou no ar limpo e, olha só,
viajar à velocidade da luz. Se isso fosse verdade, nenhum Jedi conseguiria
desviá-los.
Pilotar na velocidade da luz
Muitas
pessoas apaixonadas pela saga sonham em assumir o controle das naves -
especialmente, a Millennium Falcon, tida como a mais rápida das galáxias - para
saltar no hiperespaço e viajar mais rápido que a velocidade da luz.
No
universo de Star Wars, seria possível. Na vida real, não é.
"A
questão das naves viajarem na velocidade da luz, não é fisicamente possível.
Pela teoria da relatividade escrita por Einstein, somente os corpos sem massa
como os fótons são capazes de atingi-la", afirmou Gabriel Moreira.
Moreira
se refere ao 2º Postulado ou Princípio da Constância da Velocidade da Luz da
Teoria da Relatividade Especial ou Restrita, que afirma que a velocidade da luz
no vácuo tem o mesmo valor "c" para todos os sistemas referenciais
inerciais.
Segundo
Einstein, a velocidade da luz no vácuo (c ≈ 300.000 km/s) não depende da
velocidade da fonte emissora de luz, nem do movimento do observador, nem do
sistema de referência inercial adotado.
A
consequência deste postulado é de que os conceitos de espaço e tempo são
relativos e podem assumir diferentes valores, levando a resultados bizarros
como a paralisação do tempo ou violação da causalidade para os tripulantes da
nave no caso deles estarem viajando na velocidade da luz.
Isto
significa que as viagens na Millenium Falcon a grandes velocidades são
proibidas pelas leis da Física e, diferente do que se possa imaginar, não
dependem de uma “tecnologia” mais avançada.
Essas
observações que questionam os "furos científicos" da saga de Star
Wars podem até irritar aos fãs, mas não diminuem a importância do filme. Os
filmes são manifestações artísticas e são feitos para encantar. Os de ficção
científica, aliás, costumam ir além e inspiram novas gerações de cientistas e
pesquisadores mundo afora.