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A união de sete importantes associações médicas,
entre elas a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), conduz ações ainda mais
inclusivas e abrangentes em 2025 com a campanha Outubro Rosa. As iniciativas
visam ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama,
contempladas agora pela recomendação do Ministério da Saúde, aliada às
indicações das entidades médicas, para a realização da mamografia a partir dos
40 anos de idade. Segundo projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o
País deve registrar 74 mil novos casos no encerramento do triênio 2023-2025.
Juntamente com o enfrentamento da doença, as ações da campanha visam combater
as fake
news por meio de informações confiáveis, disponibilizadas no site juntossomosmaisfortes.org.br.
Desde o ano passado, o site tem prestado um serviço inestimável de
esclarecimento à população brasileira.
A campanha Outubro Rosa 2025 agrega Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC), Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Sociedade Brasileira de
Genética Médica (SBGM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO),
Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo).
De acordo com Tufi Hassan, presidente da SBM, a
ação conjunta tem o propósito de direcionar esforços para ampliar a prevenção,
o acesso a exames e atendimento e também combater a desinformação sobre o
câncer de mama a partir do movimento Juntos Somos Mais Fortes.
A ação coordenada pelas entidades médicas conta com
a participação dos personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. A
proposta, segundo o presidente da SBM, é expandir a abrangência das informações,
envolvendo, principalmente, o público jovem.
Mamografia a partir dos 40
anos
O Ministério da Saúde passa a recomendar agora a
realização “sob demanda” da mamografia a partir dos 40 anos de idade no SUS
(Sistema Único de Saúde). Esta indicação se alia aos esforços das principais
associações médicas brasileiras na definição de diretrizes para o enfrentamento
efetivo do câncer de mama no Brasil
O empenho em demonstrar a necessidade do início do
rastreamento mamográfico aos 40 anos conta com a elaboração de estudos
científicos conduzidos pela SBM e apresentados em eventos de importantes
sociedades médicas internacionais, a exemplo da ASCO (American Society of
Clinical Oncology). Uma dessas pesquisas, realizada em conjunto com o Centro
Avançado de Diagnóstico de Doenças da Mama (CORA) da Universidade Federal de
Goiás, mostrou um panorama inédito sobre o rastreamento da doença no Brasil na
última década.
Com base em informações extraídas de bancos de
dados do SUS (DataSUS), no período de 2013 a 2022, o estudo constata que entre
mulheres com 40 a 49 anos, faixa etária para a qual a Sociedade Brasileira de
Mastologia indica o início do rastreamento mamográfico, a média de exames
realizados chegou a 22% em uma década. No mesmo período analisado, 54% dos
casos diagnosticados são dos estadios III e IV, os mais avançados da doença.
O estudo também traz dados sobre mulheres de 50 a
69 anos, faixa que o Ministério da Saúde prioriza para a realização da
mamografia. Neste grupo, 33% estão incluídas no rastreamento mamográfico, com
48% dos diagnósticos nos estadios III e IV.
Com efeito, o Ministério da Saúde passa a oferecer
acesso garantido à mamografia no SUS para mulheres de 40 a 49 anos de idade,
sem rastreamento obrigatório a cada dois anos. Para a faixa de 50 a 74 anos, o
rastreamento é bienal. Acima dos 74 anos, a decisão é individualizada, de
acordo com comorbidades e expectativa de vida. Antes restrito a mulheres de 69
anos, a expansão da faixa até 74 anos sinaliza, segundo Tufi Hassan, é um benefício
importante para uma população, que tem agora a oportunidade de acesso ao exame.
Inclusão ampliada
Este ano, o projeto Outubro Rosa reflete a
ampliação de seu alcance também no slogan da campanha: “Juntos somos mais
fortes – para todos”.
Essa amplitude, segundo Tufi Hassan, tem como
inspiração a criação de um departamento na SBM voltado à inclusão, reforçando o
compromisso da entidade em aprimorar a atenção para toda a população, agora com
um olhar especial às pessoas com deficiência. O Departamento de Saúde Inclusiva
surge com o propósito de garantir que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento
do câncer de mama sejam acessíveis a todas as mulheres, independentemente de
suas condições físicas, sensoriais e cognitivas.
Cirurgia reparadora da mama
A perspectiva da campanha Outubro Rosa 2025 de
expandir o acesso ao tratamento do câncer de mama é contemplada por várias
iniciativas. Uma delas tem o respaldo da Lei nº 15.171/2025, que passa a
vigorar a partir de novembro. A nova regra amplia o direito das mulheres de
recorrerem ao SUS (Sistema Único de Saúde) e também à saúde suplementar, que
engloba o atendimento por operadoras e planos privados, para realizar cirurgia
reparadora de mama.
De 74 mil mulheres submetidas à mastectomia no SUS,
apenas 20% passam pela reconstrução mamária. A demanda, embora considerada
expressiva, seja pela aceitação da própria paciente em se submeter ao
procedimento ou por condições de disponibilidade para a realização da cirurgia,
encontra hoje um panorama melhor que no passado, segundo Tufi Hassan.
Além da atuação das sociedades médicas para que os
direitos das mulheres sobre cirurgias reparadoras de mama sejam ampliados por
meio de leis, a Sociedade Brasileira de Mastologia é pioneira no Estado de São
Paulo em cursos hands on de formação em cirurgia oncoplástica de
reconstrução mamária. Atualmente, a SBM promove o aprimoramento da cirurgia
mamária oncoplástica com cursos em Goiânia, Jaú e Salvador, bem como por meio
da Jornada Brasileira de Oncoplastia, realizada anualmente, e de parcerias com
instituições internacionais.
O Brasil, aliás, é modelo de sucesso de treinamento
e preparação de cirurgiões de mama em técnicas oncoplásticas, pois 50% dos
mastologistas brasileiros já realizam estas cirurgias. É o que revela um estudo
realizado entre os mastologistas afiliados da SBM e publicado na Annals of
Surgical Oncology (ASO). Comparativamente, a Sociedade
Americana de Cirurgiões de Mama constatou que apenas 10% de seus membros
realizam mamoplastia redutora ou simetrização contralateral. Levantamento canadense
revelou resultados semelhantes.
Testagem genética
Entre discussões relevantes que têm envolvido SBM,
associações médicas, universidades e entidades com atuações importantes, e
resultaram em documentos encaminhados ao Ministério da Saúde para implementação
de procedimentos e serviços em todo o Brasil, está a estruturação de testagem
genética para detecção de mutações patogênicas e provavelmente patogênicas para
pacientes com câncer de mama e ovário e seus familiares no âmbito do SUS.
Entre os fatores aumentados de risco, especialistas
destacam a mutação do gene BRCA. De acordo com a SMB, esta alteração genética
representa até 80% de possibilidade de desenvolvimento de câncer de mama e de
40% para o de ovário.
O exame para Detecção de Mutação Genética dos Genes
BRCA1 e BRCA2, custeado pelo SUS, é um meio eficiente para identificar a
mutação e realizar medidas profiláticas que podem salvar milhares de mulheres.
Embora exista legislação que permite a realização do teste em cinco Estados
brasileiros, incluindo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e
Amazonas, somente Goiás, de fato, implementou o exame.
Disponibilidade de
medicamentos
Com a participação da SBM, um estudo revela
diferenças no tratamento do câncer de mama oferecido no SUS e pela saúde
suplementar. A pesquisa mostra nos dois sistemas de saúde o impacto do acesso
ao trastuzumabe, medicamento essencial para pacientes com câncer de mama HER2+,
subtipo particularmente agressivo associado a altas taxas de mortalidade. O
levantamento indica a importância e a urgência de equiparar a acessibilidade a
esta droga, que combinada com a quimioterapia no tratamento neoadjuvante
aumenta a taxa de resposta patológica completa, ou seja, a eliminação total do
tumor.
No Brasil, aproximadamente 75% da população depende
de tratamento no SUS. O trastuzumabe passou a fazer parte do rol de
medicamentos para tratar o câncer de mama HER2+ em julho de 2012 e começou a
ser distribuídos em hospitais públicos em janeiro de 2013.
Além do trastuzumabe combinado com a quimioterapia,
outro medicamento, chamado pertuzumabe, também aprovado para tratamento de
câncer de mama HER2+, continua amplamente indisponível no SUS. Neste sentido, o
Outubro Rosa é uma oportunidade, segundo o presidente da SBM, para a ampliação
do acesso aos medicamentos, especialmente na rede pública de saúde.
Triplo-negativo
O câncer de mama triplo-negativo, que representa um
alto índice de mortalidade no Brasil, especialmente entre mulheres jovens, é
tema de investigação científica por especialistas da SBM, com a participação de
pesquisadores de várias universidades e hospitais brasileiros, sinalizando a
necessidade de acesso e tratamento mais rápido para as pacientes da rede
pública de saúde, com melhores resultados. O levantamento também dimensiona os
custos do tratamento no SUS.
Diferentemente de outros tipos de câncer de mama,
esta forma agressiva da doença não responde a terapias hormonais, tornando a
quimioterapia a principal opção de tratamento. Entre as novas drogas há o
pembrolizumabe, imunoterapia usada especificamente para o tripo-negativo, mas
que ainda não está disponível no SUS.
De acordo com o estudo, o custo do tratamento no
SUS aumenta conforme o câncer triplo-negativo avança. Para uma paciente em
estágio inicial (I), o gasto médio mensal com quimioterapia é de US$ 101,87
(cerca de R$ 570), enquanto para uma mulher com câncer avançado (estágio IV), o
valor sobe para US$ 314,77 (cerca de R$ 1.760) na primeira linha de tratamento
e pode ser ainda maior em fases mais avançadas. No total, o SUS pode gastar
mais de US$ 625 mil por paciente que precisa tratar a doença em estágio
avançado.
“O projeto Outubro Rosa 2025, colocado em curso
pela união e a força de sete das mais importantes sociedades médicas do Brasil,
reforça que o câncer de mama tem cura se for diagnosticado precocemente.
‘Juntos somos mais fortes’ para enfrentar de forma eficiente uma doença que
tanto sofrimento traz às mulheres brasileiras e suas famílias”, finaliza Tufi
Hassan.








