UBS Jardim Nakamura,
na zona Sul, é uma das unidades que se destacam na busca por inovações para
enfrentar esse desafio de saúde pública
O Brasil registrou 6,5 milhões de casos de dengue
desde o começo do ano, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do
Ministério da Saúde. Isso representa um aumento de 400% em comparação com o ano
de 2023. Mais de 2 milhões desses casos e quase 2 mil óbitos ocorreram em São
Paulo, aponta o Painel de Monitoramento da Dengue da Secretaria de Saúde do
Estado.
Embora em 2024 o pico de casos tenha ocorrido entre
os meses de abril e maio, e os números recentes tenham apresentado queda, há a
possibilidade de que a incidência da infecção volte a aumentar a partir de
dezembro.
Nesse cenário, o Sistema Único de Saúde (SUS), por
intermédio das equipes de Vigilância e com o apoio do Programa Ambientes Verdes
e Saudáveis (PAVS), segue intensificando ações preventivas para a população.
Profissionais como agentes comunitários de saúde (ACS), agentes de promoção
ambiental (APA), enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos se mantém na
linha de frente, orientando e realizando intervenções com as comunidades.
“As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e suas equipes
atuam tanto no atendimento nas próprias unidades como nas visitas domiciliares.
Quando necessário, realizam também bloqueios e varreduras nas áreas mais
afetadas. O PAVS, por meio dos APAs, auxilia ainda em atividades educativas,
como rodas de conversa, palestras, jogos e apresentações teatrais para a
conscientização”, afirma Bruno Saito, gestor ambiental do CEJAM - Centro de
Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim".
Entre janeiro e outubro de 2024, as unidades gerenciadas
pelo CEJAM, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
(SMS-SP), registraram mais de 62 mil pacientes com diagnóstico positivo para
dengue.
“Após o atendimento médico e a confirmação por meio
de teste, anunciamos ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação, a
partir do preenchimento de uma ficha, que é encaminhada para a Unidade de
Vigilância em Saúde (UVIS) regional dentro de um prazo de 24 horas. Essa, por
sua vez, pode determinar a realização de um bloqueio na área residencial do
paciente, para evitar transmissão, a depender do caso”, complementa Dion
Carvalho, supervisor de vigilância da organização.
O bloqueio abrange um raio de 150 metros ao redor
da casa do paciente, incluindo imóveis residenciais, comerciais e terrenos.
“Normalmente, a equipe se dirige ao endereço e realiza visitas a todos os
imóveis nesse raio. Verificamos calhas, ralos, caixas d’água, recipientes de
água para animais, quintais, entre outros locais, em busca de criadouros e
larvas do mosquito transmissor da dengue”, detalha Michele Assunção, também
gestora ambiental do CEJAM.
As ações de bloqueio visam controlar o avanço da
doença e reforçar a importância da prevenção, especialmente em áreas onde os
surtos têm sido mais severos.
Tecnologia para enfrentar esse
velho inimigo
Na zona Sul de São Paulo, a UBS Jardim Nakamura,
gerenciada pelo CEJAM em conjunto com a SMS-SP, está adotando uma nova
ferramenta digital para reforçar a prevenção da dengue: um mapa interativo. A
partir da plataforma My Maps, a equipe consegue acompanhar em tempo real os
locais de risco no território da unidade.
O projeto, que foi iniciado em 2023, sinaliza pontos
críticos, áreas de difícil acesso e locais onde há resistência às orientações,
por exemplo.
“Percebemos a necessidade de monitorar os pontos de
risco com mais precisão e criar estratégias para reduzir os casos, que estavam
atingindo altos níveis. Foi assim que começamos a desenvolver o mapa, e esse
trabalho vem dando muito certo”, destaca Alexandre Neves, APA da unidade e
idealizador da iniciativa.
A ferramenta tem sido utilizada pelas equipes de
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que, com os dados do mapa, conseguem ser
mais assertivos. “Com o uso da plataforma, observamos uma redução de casos nas
áreas mapeadas e uma conscientização maior dos usuários sobre o descarte
adequado de objetos que acumulam água”, acrescenta.
Mesmo que o uso da metodologia esteja inicialmente
concentrado na UBS Jardim Nakamura, a ideia é expandir o projeto para outras
unidades, ampliando o impacto positivo no combate à dengue.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial