As plaquetas são
aliadas essenciais que contribuem na melhora de milhares de pacientes;
Oncologista explica como o procedimento é realizado e quem pode doar
Durante o mês, Fevereiro Laranja vem para alertar
sobre um assunto pra lá de importante: a Leucemia. Como uma maneira de
conscientização, a campanha reforça os cuidados, diagnóstico precoce e ainda o
tratamento adequado para a doença, que é considerada um tipo raro de câncer.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 5.920 novos casos
de Leucemia em homens e 4.890 em mulheres no triênio 2020-2022 a cada ano.
Um assunto pouco comentado é a relevância da doação
de sangue para pacientes com Leucemia, em quimioterapia ou ainda os que passam
por transplantes de medula óssea. Esse tipo de neoplasia atinge os leucócitos
(os glóbulos brancos, que são as células de defesa do organismo). “A Leucemia
ocorre quando as células tronco (responsáveis pela produção de glóbulos
brancos, vermelhos e plaquetas) sofrem mutações genéticas, que levam à produção
de leucócitos anormais (células cancerosas) e à alteração na produção das
outras células sanguíneas", explica a oncologista da Oncoclínicas São
Paulo, Dra. Mariana Oliveira.
A doação de sangue pode ocorrer de maneira
tradicional - nesta forma, após o procedimento, o sangue contido é separado em
hemocomponentes, sendo os principais o plasma, as plaquetas e o concentrado de
hemácias, através da centrifugação da bolsa de sangue em aparelhos.
Outra forma de doação é a chamada aférese. Durante
o procedimento, o sangue passa por um equipamento que retém parte das plaquetas
e, simultaneamente, devolve o restante do sangue para o doador, inclusive com
todos os outros elementos presentes. "Esse processo é muito seguro e pode
contribuir no tratamento de milhares de pacientes. Além disso, o organismo do
doador consegue repor rapidamente as plaquetas, em uma média de até 48
horas", reforça a oncologista.
Por que é
importante doar plaquetas?
Por conta da Leucemia ou pela ação
da quimioterapia, o paciente deixa de produzir células normais do sangue e, por
isso, apresenta anemia grave e diminuição de contagem de plaquetas. Essas
células, que são produzidas na medula óssea, têm como principal função atuar na coagulação, ou seja, podem evitar sangramentos espontâneos ou controlar aqueles que
acontecem por algum tipo de trauma.
A médica afirma que
uma contagem baixa de plaquetas pode trazer problemas à saúde do paciente: “Quando esses números são muito baixos,
podem resultar em sangramentos graves e hematomas”. A transfusão de plaquetas tem como objetivo evitar
os sangramentos que poderiam colocar a vida destes pacientes em risco, além de serem realizadas
a cada 2 ou 3 dias até que a medula óssea volte a funcionar normalmente após a
quimioterapia.
Mesmo sendo um
procedimento simples, muitas pessoas ainda têm receio em fazer a doação, seja
por medo ou até mesmo desconhecimento. "Essa apreensão é natural, mas é
fundamental que a cada dia isso seja desmistificado. É muito importante que as
doações aumentem para que possamos atender o maior número possível de
pacientes", reforça a oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Para
doar plaquetas é necessário:
- Ter entre 18 e 69 anos
- Pesar mais que 50kg
- Estar em boas condições de saúde
- Não fazer uso de ácido acetilsalicílico
(AAS) e anti-inflamatórios
"Vale lembrar
ainda que é fundamental o doador estar bem alimentado e evitar refeições
gordurosas. Se houverem sintomas gripais, febre e diarreia, não é possível
realizar a doação temporariamente, assim como pessoas que fizeram ingestão de
bebida alcoólica no dia da doação, grávidas e mulheres com até três meses após
o parto", diz a oncologista.
Como
funciona o tratamento para Leucemia?
Logo de cara, quando
se fala em Leucemia, é quase inevitável pensar no transplante de medula óssea. Mas,
existem vários tipos da doença e o tratamento
pode variar dependendo da classificação de cada caso. Para alguns pacientes, será necessário quimioterapia
seguida por transplante de medula. Já para outros,
podem ser utilizados medicamentos ao longo de toda
vida, ou até mesmo observação clínica .
"Isso dependerá
de cada caso. Como existem muitos tipos de leucócitos, temos também diversos
tipos de leucemias", explica
Mariana. As Leucemias podem ser agudas (Leucemia
linfóide aguda e Leucemia mieloide aguda) ou
crônicas (Leucemia linfocítica crônica e Leucemia mieloide crônica), sendo definidas da seguinte maneira:
- Leucemias agudas:
geralmente, a
multiplicação das células tumorais é rápida e o paciente apresenta
sintomas relacionados à anemia e baixa
contagem de plaquetas e leucócitos. Os pacientes necessitam de internação para realizar exames da medula óssea, que servem para o diagnóstico
e classificação da doença. A partir dos
resultados, será feita a escolha do tratamento mais adequado ao paciente.
O protocolo para as Leucemias agudas geralmente é realizado com o
paciente internado. A Leucemia Linfóide
Aguda é mais comum em crianças, enquanto
a Leucemia Mielóide Aguda nos adultos.
- Leucemias
crônicas: o
aumento das células tumorais é mais lento e, por isso, o paciente pode ser
assintomático, sendo a doença detectada
apenas em exames de rotina. Os sintomas,
quando existem, podem estar relacionados ao aumento de linfonodos, do baço e alteração
na produção de glóbulos vermelhos e plaquetas.
Além disso, é mais comum em adultos. O
tratamento também pode variar, mas, geralmente, é realizado sem
necessidade de internação, com uso de
medicamentos orais e consultas periódicas. Em alguns casos de Leucemia
Linfocítica crônica, não é necessário tratamento, já que a doença pode
muitas vezes acompanhar o paciente ao longo dos anos sem maiores
complicações.
"Temos que
lembrar que nos últimos anos tivemos muito avanços no tratamento das Leucemias, como
o desenvolvimento de novas drogas com menor toxicidade, que permitem um
tratamento eficaz em pacientes idosos e com comorbidades. São elas: as terapias alvo, que são dirigidas para alterações
específicas das células tumorais e a terapia
com Car-t cell, em que os linfócitos do tipo T são tratados em laboratório para
reconhecer e atacar as células cancerosas, eliminando-as", comenta Mariana
Oliveira.
Além disso, a Leucemia possui altas chances de cura, podendo
chegar em até 90%, no caso das crianças, e 50% em pessoas até 60 anos.
"Apesar de não existir cura para alguns casos da doença, os tratamentos
são eficazes para oferecer uma maior expectativa e qualidade de vida. Por isso,
o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da Leucemia", finaliza.
Grupo Oncoclínicas
(ONCO3)
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