Ao digitar mandíbula no Google logo aparecem sugestões de pesquisa com as palavras estalando, travada, doendo, deslocada, torta, para frente ou inflamada. Todos esses termos têm um ou mais problemas em comum, mas não é na internet que serão encontradas as soluções para eles. Sentir dor na mandíbula pode ser sinal de luxação ou trismo. Mas, o que isso quer dizer? O cirurgião-dentista Carlos Alberto Novelli Assef, integrante da Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), explica.
Luxação mandibular
“As luxações mandibulares provocam dor intensa e desconforto ao paciente
devido à extrema distensão dos músculos envolvidos na abertura da boca, assim
como das estruturas internas ligamentares da Articulação Temporomandibular,
denominada ATM”, informa o especialista. É mais comum ouvir falar em
deslocamento, mas o problema é o mesmo e os sinais não devem ser ignorados,
pois as causas podem ser variadas:
·
Alterações anatômicas das estruturas da ATM - que é
uma das articulações mais complexas do corpo humano, responsável por ligar a
mandíbula ao crânio e por dar flexibilidade ao osso, possibilitando a
mastigação e a fala;
·
Remodelações das cavidades glenóides, das
eminências do osso temporal ou do côndilo mandibular, ou seja, mudanças nas
estruturas ósseas;
·
Degeneração dos tecidos;
·
Fragilidades ligamentares da ATM ou dos músculos
masseter e pterigóideo medial (músculos da mastigação);
·
Traumas.
O tratamento depende do que originou a luxação. “A
solução definitiva vai desde fisioterapias isotônicas, visando o fortalecimento
e reduzindo a amplitude da elasticidade dos músculos envolvidos, até a
indicação de cirurgia nos casos mais graves em que a anamnese (análise clínica)
e os diagnósticos de imagem específicas indicarem essa necessidade”, detalha
Assef.
Muitos pacientes, por lidarem com os deslocamentos
recorrentes, optam por reposicionar a mandíbula por conta própria, o que não é
indicado. “Procurar um profissional especialista é sempre o mais recomendado
para que a situação seja controlada ou resolvida com um tratamento adequado.
Além do mais, a única forma de evitar as luxações recidivantes é buscar a
solução definitiva, pois mesmo o autocontrole para limitar a abertura da boca
nem sempre é indicado”.
Sem o atendimento especializado, o desconforto pode
ser constante, levando ao transtorno psicossocial ocasionado pela insegurança
de abrir a boca somente o necessário, e podendo gerar alterações teciduais e
acelerar o processo degenerativo dos ossos.
Trismo
Ao contrário do deslocamento, o trismo limita a
abertura da boca, causando um travamento da mandíbula. Entre algumas das
causas, estão:
·
Redução da amplitude ou elasticidade muscular;
·
Processo inflamatório;
·
Traumas;
·
Bruxismo ou travamentos de mordida noturnos;
·
Fatores psicossomáticos (estresse/ansiedade).
“O sinal mais frequente é a limitação de abertura
da boca ao acordar e que melhora ao longo do dia. Normalmente, quando ocorre um
episódio desses, a chance de se tornar frequente é muito grande, pois pode
haver o comprometimento das estruturas intra-articulares ou processo
inflamatório dos músculos da mastigação", sugere o cirurgião-dentista. Em
casos em que a abertura da boca não volta ao normal, é preciso procurar ajuda
profissional o quanto antes.
O tratamento é basicamente clínico, com terapia
medicamentosa, fisioterápica e avaliação dos fatores psicossomáticos que
desencadearam a doença. Mas, quando crônico e grave, o paciente pode precisar
de uma intervenção cirúrgica, assim como nos casos de luxação.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
Nenhum comentário:
Postar um comentário