Cansaço e tosse constantes na
terceira idade podem ser indícios de doença pulmonar rara e grave
A Fibrose Pulmonar Idiopática,
doença que provoca um enrijecimento progressivo dos pulmões, atinge sobretudo
pessoas acima de 50 anos[i]
Falta de ar, tosse crônica, cansaço
constante e dificuldade para realizar atividades cotidianas são sinais
frequentemente negligenciados na terceira idade. Por mais comum que seja pensar
que estes são efeitos naturais do envelhecimento, é preciso estar atento, pois
podem ser indícios de problemas respiratórios sérios. É o caso da Fibrose
Pulmonar Idiopática, ou FPI, doença rara e grave que é relembrada todos os anos
no dia 7 de setembro em função do Dia Mundial da Fibrose Pulmonar Idiopática. A
data foi instituída pela Fundação de Fibrose Pulmonar (PFF, da sigla em inglês)
como parte de um mês de atividades de conscientização sobre a doença.
Por ser uma doença progressiva, ou seja,
que age gradativamente, os pacientes com FPI se beneficiam muito do diagnóstico
precoce. Trata-se de uma doença sem cura cujos sintomas são muito parecidos com
os de outras doenças pulmonares, ou até mesmo com condições cardiovasculares, o
que torna seu diagnóstico complexo[ii].
A Sra. Elisabeth Pereira, de 66 anos, conta
sobre os seus desafios na identificação da doença: “Antes de receber o
diagnóstico, eu vinha enfrentando tosses e um cansaço intenso, que prejudicavam
muito a minha disposição, mas achava que fosse por conta da idade. O incentivo
da minha família e dos meus amigos foi importante para que eu procurasse um
médico. Desde a primeira consulta, passei por muitos médicos e demorei alguns
anos para receber um diagnóstico definitivo. Como resultado, demorei para
iniciar o tratamento adequado e tive um pouco da minha capacidade pulmonar
prejudicada”.
Cerca de 50% dos pacientes com FPI são
diagnosticados erroneamente e o tempo médio para o diagnóstico é de 1 a 2 anos
após o início dos sintomas[iii].“Muitas
vezes, os pacientes são tratados inadequadamente e demoram anos até serem
diagnosticados com Fibrose Pulmonar Idiopática e receber o tratamento adequado.
É importante que o diagnóstico da doença ocorra o quanto antes, pois com
acompanhamento médico e tratamento adequado, é possível diminuir a progressão
da doença e auxiliar o paciente a continuar realizando suas atividades
rotineiras normalmente”, explica o Dr. Adalberto Rubin, pneumologista da
Santa Casa de Porto Alegre (RS).
A FPI é uma doença de causa desconhecida,
mas existem fatores de risco como o tabagismo, a
exposição ambiental a diversos poluentes, refluxo gastroesofágico, infecção
viral crônica e fatores genéticos[iv] que
contribuem para o seu desenvolvimento. A doença provoca o endurecimento
dos pulmões, que vão gradativamente cicatrizando e perdendo sua capacidade de
expansão e contração, o que prejudica a capacidade respiratória do paciente. A
FPI apresenta uma taxa de sobrevida pior do que muitos tipos de câncer, como o
de próstata e de mama, e atinge principalmente os idosos[v],
com uma prevalência de cerca de 14 a 43 pessoas a cada 100 mili no
mundo. Embora não haja dados definitivos de prevalência no Brasil, estima-se
que entre 13 e 18 mil pessoas tenham FPI no paísiii, mas, como a
doença ainda é subdiagnosticada, é possível que o número seja ainda maior.
“Embora não tenha cura, estão disponíveis
no Brasil desde 2016 tratamentos antifibróticos capazes de reduzir o número de
crises e exacerbações. O medicamento pioneiro no país foi o nintedanibe, droga
que desacelera a velocidade de progressão da doença em 50% e aumenta
significativamente a sobrevida do paciente em tratamento, que é de apenas 2 a 3
anos quando não é feito o tratamento”, ressalta o Dr. Rubin.
É importante que a população tenha cada vez
mais conhecimento sobre doenças raras e dê atenção especial aos idosos,
alertando para os menores sinais de cansaço e falta de ar. Os sintomas, quando
recorrentes, podem ser indícios de FPI e, nesse caso, o paciente deve procurar
um pneumologista para fazer um acompanhamento. O suporte de cuidadores e
familiares, que costumam ter um papel central na rotina de saúde dos idosos, é
muito importante para ajudar os pacientes a terem autonomia e não deixarem que
os sintomas interfiram na rotina.
Manter-se ativo e fazer exercícios, mesmo
que de baixa intensidade, são medidas importantes para que o pulmão continue
funcionando da melhor forma. “É comum que pacientes com doenças
respiratórias evitem fazer exercícios, pois costumam sentir desconforto, porém
a prática de atividades mediante avaliação médica é muito importante para a
reabilitação pulmonar nesses casos”, afirma o Dr. Rubin.
Boehringer
Ingelheim
[i] Raghu G, Weycker D, Edelsberg J,
Bradford WZ, Oster G. Incidence and prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis.
Am J Respir Crit Care Med 174 (7), 810 - 816 (2006)
[ii] Raghu G, et al, ATS/ERS/JRS/ALAT
Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
[iii] Collard HR, Tino G, et al. Respir
Med 2007;101:1350–4.
[iv] Raghu G, et al,
ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
[v] Baddini-Martinez, José, and Carlos Alberto
Pereira. "Quantos pacientes com fibrose pulmonar idiopática existem no
Brasil?" Jornal Brasileiro de Pneumologia 41.6 (2015): 560-561.
Nenhum comentário:
Postar um comentário