Já
parou para pensar nos motivos que levam pessoas a pautarem sua vida no que os
outros poderão pensar? Afinal, é possível sermos verdadeiros no contexto social
e profissional? Podemos ser realmente autênticos? Com essas questões em mente,
convido todos a refletir sobre a importância da autenticidade em nosso dia a
dia. Autêntico quer dizer ser aquilo que coincide com você mesmo, ser o que é.
Essa é a definição de acordo com a etimologia, mas o senso de urgência da vida
moderna parece nos afastar dessa possibilidade aparentemente tão simples:
sermos o que somos. Às vezes, fico com a impressão de que é uma verdade
coletiva pensar que se formos realmente quem somos, isso poderá gerar muitos
conflitos. Será?
Aproveito
a polêmica para lançar um desafio: será que temos consciência do que estamos
realmente fazendo? Grande parte da população deseja ser o que acha que deve ser
e não simplesmente o que é de verdade. E você? Analisando situações cotidianas,
tracei a complexa relação entre sinceridade e intenção, visando identificar se
estamos sendo genuínos ou não.
Por
exemplo, pense em um momento em que falou a verdade para alguém ou para si.
Você tinha boa intenção? Visava crescimento? Se a resposta é sim, você estava
coincidindo com seu verdadeiro eu e, consequentemente, viveu um momento de
autenticidade.
Agora
avalie um caso em que disse a verdade, porém havia má intenção. Você fala a
verdade, mas o propósito é ruim. Quando a proposta é dar um choque de
realidade, chamo isso de momento "maldade", em que expressamos a
verdade buscando um resultado negativo para o outro.
Relembre
então quando mentiu, mas fez isso com uma "boa intenção". Você não
queria magoar, ou achava que não tinha o direito de ser verdadeiro. Então
ocorre o momento preguiça, porque ser transparente, muitas vezes, dá trabalho.
Por último, considere uma mentira com uma má intenção. Esta é a combinação que
culmina no momento maldade e eu prefiro nos poupar de exemplos desse tipo.
Considerando
tudo isso, minha hipótese é que ser legítimo é um desafio pessoal e uma escolha
constante. Penso que podemos, sim, ser genuínos, mas com mais facilidade quando
nos sentimos seguros. Portanto, fica o desafio de (pelo menos tentarmos) exercitar
a autenticidade em qualquer contexto, pois os maiores beneficiados seremos nós
mesmos.
A
minha experiência tem mostrado que ser quem realmente somos é na verdade uma
das formas mais poderosas de evitar conflitos. Afinal, quando não preciso ficar
fazendo esforço para ser quem eu não sou e muito menos para agradar alguém, me
torno mais leve, mais verdadeiro, mais consistente e isso aumenta meu vínculo
com as pessoas e melhora minhas relações interpessoais.
Alessandra Canuto - especialista em gestão
estratégica de conflitos e negociação, facilitação e treinamento para
potencializar negócios através do desenvolvimento de pessoas. É sócia e
palestrante da AlleaoLado, empresa focada em palestras, treinamentos e
consultoria.
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