Resultado do levantamento realizado pela
Organização Social de Saúde CEJAM reflete a anunciada epidemia no país
Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que, em cinco anos, os casos de sífilis no
Brasil aumentaram em 5.000%. Em 2010, foram notificados 1.249 casos de sífilis
adquirida, transmitida por meio de relação sexual sem preservativo. Em 2015, o
número subiu para 65.878, sendo os homens 60% deles.
Já entre 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de
32,7%, em gestantes de 20,9%, e a congênita, transmitida por via
transplacentária, de 19%.
Diante deste cenário, a Equipe de Vigilância da Organização Social
de Saúde CEJAM (Centro de Estudos
e Pesquisas Dr. João Amorim) realizou um levantamento em 19 Unidades Básicas de
Saúde (UBS) do Jardim Ângela e em 12 do Capão Redondo, todas gerenciadas pela
OSS.
Ao final da pesquisa, foram notificados mais de 500 casos de
sífilis em gestantes, entre 2015 e o mês de maio de 2017, sendo a maior
prevalência em mulheres pardas (54%); com tempo de estudo entre 8 e 11 anos
(46%); sem companheiros (46,6%); sem emprego (63%); já haviam engravidado
(64%); e faixa etária de 20 a 29 anos (52%).
Nas
UBSs do Jardim Ângela, por exemplo, os casos notificados subiram de 113 em 2015
para 142 em 2016, e somente até o mês de maio desse ano 81 gestantes
apresentaram a doença. Já nas unidades de saúde do Capão Redondo, 53 mulheres
grávidas foram contaminadas até maio desse ano por sífilis. Em 2016, foram 132
casos.
Devido a este aumento de casos, a Escola de Saúde do CEJAM
promoveu um treinamento sobre sífilis para os profissionais de saúde das 31
UBSs. A iniciativa teve o objetivo de reforçar as ações de prevenção,
diagnóstico, tratamento e acompanhamento da doença em gestantes.
“Realizamos este treinamento tendo em vista o aumento no número de
casos de sífilis durante a fase de pré-natal de mulheres em vulnerabilidade
social. Queremos capacitar e orientar os nossos profissionais sobre o
atendimento a essas gestantes, exames necessários e quais os procedimentos a
serem seguidos em caso de confirmação da doença”, explica João Paulo Monteiro
Freitas, enfermeiro de interlocução de vigilância do CEJAM.
Boletim Epidemiológico de 2016 do Ministério da Saúde
Segundo dados do Boletim Epidemiológico de 2016 do Ministério da
Saúde, entre os anos de 2014 e 2015, houve um aumento de 32,7% de casos de
sífilis adquirida, 20,9% em gestantes e 19% do tipo congênita.
Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida
no Brasil foi de 65.878. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos
por 100 mil hab e a maioria são em homens, 136.835 (60,1%). No período de 2010
a junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.
Em gestantes, no ano de 2015, a taxa de detecção da sífilis foi de
11,2 casos de sífilis em gestantes a cada 1.000 nascidos vivos, considerando o
total de 33.365 casos da doença. Já de janeiro de 2005 a junho de 2016, foram
notificados 169.546 casos.
Com relação à sífilis congênita, em bebês, em 2015, foi notificado
19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos.
De 1998 a junho de 2016, foram notificados 142.961 casos em menores de um ano.
O incremento entre os anos de 2013 e 2014 foi de 26,77% e entre os anos de 2014
e 2015 foi de 20,91% no número absoluto de casos novos diagnosticados.
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