Falar sobre o trauma pode alterar funções no
córtex pré-frontal e ajudam a superar a dor
A
maioria de nós passou ou passará por situações estressoras que podem configurar
traumas psicológicos. E, ao contrário do que o senso comum acredita, psicólogos
e psiquiatras começam a reconhecer o trauma como uma oportunidade para os
indivíduos transformarem suas vidas para melhor. Muitas das vítimas dos traumas
psicológicos vivem o resto da vida assombradas pela lembrança do evento
motivador do trauma. Porém, estudos em neurociências revelam que existe o outro
lado da moeda.
O
psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres comprovou as mudanças palpáveis
de perspectivas e qualidade de vida e de atividades cerebrais nos seus estudos
com neuroimagem em pacientes traumatizados que fizeram psicoterapia. Em um dos
estudos, Dr. Peres investigou 16 pacientes com estresse pós-traumático parcial
(que não apresentam todos os critérios de diagnóstico). Eles passaram por
quatro meses de psicoterapia. Os indivíduos narraram o momento traumático
várias vezes de maneira tecnicamente orientada. Depois, foram convidados a
relembrar situações difíceis que foram superadas anteriormente, assim como as
respectivas sensações e emoções positivas. Exames de neuroimagem ao final do
tratamento que envolve estratégias de superação revelaram que o funcionamento
cerebral é modificado significativamente, em comparação com os primeiros exames
feitos antes da psicoterapia.
“Experiências
traumáticas podem criar oportunidades de crescimento pessoal através da
introdução de novos valores e perspectivas para a vida, que podem ser
apreendidas na psicoterapia”, afirma o psicólogo e neurocientista.
"Quem
passou pela psicoterapia apresentou maior atividade no córtex pré-frontal, que
está envolvido com a classificação e a 'rotulagem' da experiência”.
A
melhora da qualidade de vida após a psicoterapia se relaciona geralmente com
cinco fatores: desenvolvimento de novos interesses e objetivos; apreciação e
valorização da vida; melhor relação familiar e interpessoal; resgate da
religiosidade e espiritualidade no dia-a-dia; e descoberta de força e recursos
pessoais para superação de adversidade. "Por outro lado, a atividade da
amígdala, que está relacionada à expressão do medo, foi menos intensa, que se
refere a maneira nova de olhar a dor, como aliada ao aprendizado e
crescimento”, finaliza.
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