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sábado, 1 de maio de 2021

Orientação psicológica ajuda a trabalhar com o luto social vivido pela população

A pandemia , a perda de autonomia, privação de ações, isolamento, mudança exigida no comportamento social levam a população a aprender a lidar com o luto

 

Está cada dia mais comum escutar em grupos de amigos, em aulas, reuniões como os dias estão difíceis e como estamos cansados. Seja criança, adulto, idoso. O sentimento de desânimo e cansaço é geral. O isolamento social, a incerteza de dias mais tranquilos e os números de casos e de óbitos altos decorrentes da Covid-19, é devastador para o psicológico das pessoas.

Num passado recente, trabalhar com o luto era algo específico para momentos de perda de algum ente querido, hoje essa situação está se alterando. “Vivemos todos num luto social, onde fomos privados de diversas situações. As crianças foram privadas das brincadeiras com os amigos, os jovens das baladas, e os adultos da vida social. Hoje além do luto relacionado a morte, também temos o luto da autonomia”, avalia a psicóloga clínica e coordenadora de psicologia do Projeto Com.Vida, Luciana Deutscher. 

Segundo Luciana se formos interpretar literalmente todo as alterações que a pandemia tem causado às pessoas, 95% da população necessitaria de orientação psicológica, para poder enfrentar o período de forma mais leve. “Infelizmente a pandemia nos trouxe inúmeras perdas, que afetaram diretamente o nosso psicológico”, salienta. No projeto Com.Vida, que atende pacientes recuperados da Covid, sejam pacientes grave, leves, assintomáticos 90% deles necessitam de acompanhamento psicológico. Já os familiares, que não foram contaminados, mas que acompanharam o processo de cura, 80% recorrem à orientação psicológica.

“Muito se fala do paciente grave e as sequelas. No entanto, o paciente assintomático e as famílias têm apresentado sequelas psicológicas graves, e principalmente, a de lidar com as perdas sociais e com o medo, após a recuperação da doença”, explica Luciana. Segundo a psicóloga, pacientes assintomáticos, chegam a levar até 6 meses para apresentar sequela psicológica, tais como irritabilidade, dificuldade para dormir, perda de memória e ansiedade alta.

Já os familiares de pacientes, mesmo dos recuperados, acabam apresentando angústias e medos, que atrapalham a rotina. “Muitos, por terem acompanhado todo o tratamento, e pela angústia e expectativa de boas notícias, desenvolvem quadros de ansiedade altos, precisando ser trabalhado e orientado sobre como retornar às atividades, com o cuidado necessário”, ressalta Luciana.

Segundo ela, não devemos criar expectativas sobre p novo normal tão falado. “Precisamos ter em mente que ao fim da pandemia, novas relações sociais acontecerão normalmente, bem como uma nova forma de educar, novos valores e principalmente uma nova forma de encarar a vida”, reforça.

O luto social que hoje é vivenciado precisa ser trabalhado pelo indivíduo de modo a se adaptar para um novo cenário que vem se desenhando, não se apegando ao passado. “Aquela forma de vida que levávamos antes de março de 2020 mudou, e nos deixou mais experiente”, avalia Luciana.

Já em relação aos adolescentes e crianças, muito do sofrimento vivenciado é reflexo do diálogo e da ação dos pais e responsáveis sobre o momento. “Temos que ter o cuidado de sempre optar pelo diálogo e estar presente na vida dos nossos filhos. Só assim, conseguirão passar por momentos como esse vivido na pandemia, que afeta das crianças aos idosos, da mesma forma”, finaliza Luciana.

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