Neste mês comemora-se mundialmente
o Outubro Rosa. O nome do movimento popular remete à cor do
laço rosa que simboliza a luta contra o câncer de mama e estimula a
participação da população, empresas e entidades.
Segundo dados do Instituto Nacional
de Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete mulheres
no país, atrás apenas do melanoma. O diagnóstico precoce, geralmente realizado
em exames de rotina, aumenta as chances de cura da doença.
Vale reiterar a importância do médico
patologista para o diagnóstico da doença. A patologista Cristiane Nimir,
especialista em mama e integrada ao núcleo de mastologia do Hospital
Sírio-Libanês, esclarece algumas dúvidas sobre o assunto:
1 - Qual o melhor método para
detecção do câncer de mama? –
Não existe um único método. O diagnóstico é multidisciplinar por envolver
diversos profissionais da área da saúde com papéis diferentes como o
mastologista que faz o exame clínico, o radiologista responsável pelos exames
de imagem e o patologista que analisará, se necessário, uma eventual biópsia ou
punção aspirativa da lesão.
2 - Quando a biópsia é indicada? Os exames clínicos e de imagem
determinam a necessidade ou não de uma biópsia (procedimento invasivo no qual
pequeno fragmento da lesão é amostrado). O exame anatomopatológico realizado
pelo patologista determina se a lesão estudada é de caráter maligno ou benigno.
De posse de todos estes resultados a equipe multidisciplinar define o melhor
tratamento para a paciente.
3 - Qual o tipo de exame mais
frequente para diagnóstico? A
modalidade mais utilizada para rastreamento é a mamografia. Este exame é capaz
de detectar lesões ou alterações no tecido mamário que são suspeitas de
neoplasia. A mamografia tem resolução e capacidade de identificar lesões em
mamas menos densas. A mama de pacientes acima de 45 anos começa a ter menor
densidade e assim permite diagnóstico de lesões menores, ainda no
início. Em mama de pacientes mais jovens, abaixo dos 45 anos, é recomendada a
ultrassonografia em associação ou não com a mamografia. Outra modalidade é a
ressonância nuclear magnética, que tem indicações mais precisas, em especial no
contexto de câncer de mama familiar e neoplasia lobular.
Os exames de imagem detectam a
presença de nódulos ou alterações no tecido mamário, e a indicação para
realização da biópsia. O diagnóstico definitivo só é possível com a análise do
tecido mamário pela biópsia (pequeno fragmento) ou citologia (um aspirado feito
com agulha).
4 - Quando a ultrassonografia é
indicada? A
ultrassonografia é capaz de identificar lesões em tecidos mais densos. Vale uma
ressalva, câncer de mama em paciente com menos de 30 anos é um evento raro e,
quando ocorre, apresenta-se com características passíveis de serem detectadas
pela mamografia.
5 - Quais as limitações que cada
exame tem? A maioria
das limitações se enquadra da impossibilidade de definir com 100% de certeza se
a imagem detectada representa um câncer ou tecido normal da mama. Quando um
tecido no estudo de imagem é tido como suspeito, entra em cena o patologista
que determina se a lesão estudada é de caráter maligno ou benigno a partir de
uma pequena amostra da mesma. Às vezes, esta definição também é difícil para o
patologista, que ainda tem a alternativa de utilizar exames do tipo
imuno-histoquímica para auxiliá-lo no diagnóstico.
Cristiane da Costa Bandeira Abrahão
Nimir - Especialista em patologia mamária. Integrada ao Grupo de
Mastologia do Hospital Sírio-Libanês e do Centro de Oncologia do Hospital São
José. Patologista da Sociedade Brasileira de Mastologia. Exposta a uma amostra
cm cerca de 3000 casos de patologia mamária por ano. Referência nacional
em patologia mamária. Autora e co-autora de diversos capítulos de
livros, inclusive na enciclopédia adotada como referência na área na América
Latina.
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