Mês de
sensibilização alerta para os riscos à mães e bebês
A prematuridade é um assunto pouco discutido se
comparado a outros temas ligados à maternidade como o aborto ou a AIDS por
exemplo. Porém ele é realidade para milhares de famílias brasileiras todos os
anos. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 300 mil bebês
nascem de forma prematura todos os anos no Brasil. Isso significa mais de 30
partos de prematuros por hora.
De acordo com a ONG Prematuridade.com, o nascimento
prematuro é a principal causa de mortalidade infantil até 5 anos de idade em
todo o mundo. Já no Brasil, a cada 30 segundos, um bebê morre em consequência
do parto antecipado. Só esses números por si já deveriam trazer
mais luz e atenção para a temática da prematuridade.
A campanha Novembro Roxo surge justamente com
o intuito de mostrar os perigos e cuidados que devemos tomar caso nos tornemos
vítimas desse tipo de parto de risco. Ela divide a atenção com o ‘azul’ em
alusão à luta contra o câncer de próstata, mas infelizmente não goza do mesmo
interesse e mobilização social.
“Fiquei dois dias
internada antes de ter que ser submetida a uma cesariana de emergência, pois
minha pressão chegou ao pico de 22/14 devido à pré-eclampsia que tive.
Chiquinho nasceu de 30 semanas (7 meses), pesando 1,500 kg e medindo 41 cm no
dia 15 de novembro de 2018 mas só pude vê-lo após o parto 2 dias depois, pois
também tive de ficar internada na UTI. Todo o estresse me gerou falta de leite
(nunca consegui amamenta-lo), uma segunda cirurgia que precisei fazer com 9
dias depois da cesárea, e um trauma pessoal que venho tratando com
acompanhamento psicológico até hoje. ” – Marina Barbieri é roteirista,
escritora e mãe de prematuro
O relato de Marina Barbieri é somente um entre
tantos que passam pela emergência de um parto antes da hora. Os traumas que os
pais carregam consigo depois de momentos tão carregados de tensão se revertem
em falta de leite (como ocorreu com ela), depressão e diversos outros fantasmas
que passam a rondar a vida da mãe de um prematuro.
Marina, que curiosamente também nasceu de forma
prematura, escolheu canalizar suas energias em forma de palavras e prepara um
livro que conta sua experiência desde a gravidez, passa pela prematuridade do
parto, os cuidados que teve de ter após o nascimento e traz um afago a pessoas
que diariamente passam pela mesma situação que ela vivera há quase 1 ano.
“Tive de esperar 9
dias para poder pegar meu filho no colo pela primeira vez. Vê-lo tão pequeno e
indefeso através de uma caixa de acrílico ligado a fios e respiradores foi a
pior experiência da minha vida. ” – Marina Barbieri
Os avanços da medicina indiscutivelmente trazem uma
maior expectativa de sobrevivência ao prematuro, porém o nascimento de bebês
antes da sua completa gestação (seja por causas externas ou não) precisa de
mais diálogo e atenção por parte de órgãos públicos, população, imprensa e até
mesmo nas redes sociais.
Marina Barbieri - escritora, roteirista e mãe de
prematuro. Começou escrevendo sobre relacionamentos até criar a página “Deu
Ruim”, sucesso na internet com textos e conteúdo que falam sobre amor, sexo,
amizade, namoro entre outros. Casada e mãe, foi após o nascimento de Francisco
(chamado carinhosamente por Chiquinho) que Marina foi arrebatada pelo “amor de
mãe” e voltou suas atenções às causas maternas, em especial à questão da prematuridade,
tão pouco abordada em nosso cotidiano, mas que afeta milhares de mães todos os
anos.
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