Idosos são os que
mais sofrem, mudanças no estilo de vida e isolamento são alguns dos fatores que
agravam a doença
A partir de 2021, a depressão deverá ser o segundo
maior problema de saúde mundial segundo estimativa da OMS (Organização Mundial
da Saúde). O número de casos registrados nos últimos anos serve de alerta. Só
no Brasil, houve um aumento de 300 mil portadores da doença, passando de 11,2
milhões em 2013 para 11,5 milhões em 2018 - uma média de 60 mil novos casos por
ano.
Apesar do problema atingir pessoas de diferentes
idades, a OPAS-Brasil (Organização Pan-Americana de Saúde) alerta que os idosos
são os que mais enfrentam a depressão. O último levantamento do IBGE sobre a
doença reforça que a faixa entre 60 e 64 é a que mais sofre com o problema,
ultrapassando 11 % do total de diagnósticos. As causas vão desde déficits
físicos e cognitivos, comorbidades, uso de medicamentos e mudanças no estilo de
vida.
“Há indivíduos com episódios depressivos desde a fase adulta e aqueles
que apresentam só ao envelhecer, mais relacionados a fatores como o declínio da
saúde, perda do papel social com a aposentadoria e do poder aquisitivo,
isolamento e perdas bem significativas como o falecimento de cônjuge,
familiares e amigos próximos”, explica a dra. Ana Catarina Quadrante, geriatra
da Cora Residencial Senior.
Lidando com a depressão
Como se sabe, a depressão não tem uma causa
específica. Além de associada à reclusão, há outros fatores como má
alimentação, dificuldades para dormir, tristeza e traumas. E nos idosos o
diagnóstico é mais difícil. Diferente dos jovens, eles não costumam se queixar
de desânimo e angústia. Por isso, especialistas recomendam: conversar com quem
está depressivo e acompanhar a rotina sempre que possível ajuda.
Segundo a dra. Quadrante, “o primeiro passo é
entender que os sintomas depressivos não são normais do envelhecimento. Idosos
frequentemente tem queixas leves de humor deprimido, apresentando muitas
queixas somáticas (como dores, falta de energia, insônia e falta de apetite) e
evoluem com apatia e isolamento social. É importante que os familiares
estimulem o idoso a buscar tratamento e, em alguns casos, o acompanhem, uma vez
que o indivíduo pode não perceber seu estado de humor ou não ter energia
suficiente para buscar auxílio”.
Neste sentido, ganha importância a atuação do
cuidador e também o trabalho desenvolvido pelas ILPIs (Instituições de Longa
Permanência para Idosos) no acompanhamento da rotina dos idosos e na
socialização. A Cora Residencial Senior, por exemplo, disponibiliza atividades
diárias que ajudam a evitar a solidão, desde exercícios físicos à jogos e
jantares temáticos. A instituição conta com 500 residentes.
Especialistas alertam para a importância de uma
rede de apoio como suporte para o idoso, tanto em casa quanto nos residenciais.
Os medicamentos são importantes, mas não se deve ficar restrito apenas a eles.
“O tratamento da depressão pode ser dividido em farmacológico (uso de
medicações antidepressivas) e não farmacológico, que envolve a atividade
física, inserção em grupos sociais e religiosos, meditação e psicoterapia”,
completa Quadrante.
Atitudes como respeitar a autonomia do idosos,
valorização da autoestima, e claro, o acompanhamento médico são pilares
essenciais para vencer a depressão.
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