Usar um simulador de direção equipado com os óculos
de condução noturna com lentes amarelas não melhora a detecção de pedestres à
noite
Óculos
para direção noturna que prometem diminuir o brilho dos faróis podem não
funcionar como o anunciado, segundo um novo estudo. Os óculos, com lentes de cor amarela, são
comercializados há anos como uma forma de amenizar os faróis ofuscantes e
facilitar a condução noturna. O problema? Não há evidências científicas de que
eles funcionem.
Agora,
o novo estudo, publicado on-line no JAMA Ophthalmology,
faz um alerta ao compradores. Ao conduzir testes de simulação, os
pesquisadores descobriram que as lentes amarelas não melhoravam o desempenho
das pessoas em relação às lentes claras - inclusive quando eram confrontadas
com faróis que se aproximavam.
“Quando você usa uma lente colorida, reduz um
pedaço de luz. É basicamente como usar óculos de sol à noite”, explica o oftalmologista
Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Pode
não ser surpresa, então, que o estudo não tenha encontrado benefícios. De fato,
os óculos com lentes amarelas podem ter piorado um pouco o desempenho dos
motoristas, embora a descoberta não tenha sido estatisticamente significativa,
devido ao pequeno grupo de estudo. Mas o ponto principal é que as
alegações sobre as lentes amarelas não são suportadas por evidências
científicas.
Lentes
amarelas
“As
lentes de cor amarela são usadas há muito tempo por aviadores, esquiadores e
outros que buscam reduzir o brilho durante o dia, o que faz sentido. O
argumento para usá-las à noite é que elas poderiam bloquear parte da luz azul
dos faróis. Aparentemente, isso faria sentido, mas, na prática, não acontece”,
afirma o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do
IMO.
Os óculos
de condução noturna testados no estudo reduzem um pouco o brilho, mas não o
suficiente para fazer qualquer diferença significativa na visão. Para o
estudo, os pesquisadores recrutaram 22 motoristas para trafegar, por três
vezes, em cenários simulados de direção noturna, enquanto usavam marcas
diferentes de óculos de direção noturna e, uma vez, usando lentes
transparentes. Durante cada simulação, eles foram confrontados com o brilho dos
faróis. A tarefa dos motoristas era tocar a buzina assim que notassem um
"pedestre" caminhando ao longo da estrada.
No
geral, o estudo constatou que os motoristas eram um pouco mais lentos para
identificar os pedestres quando os faróis os ofuscavam. Usar as lentes amarelas
não fez nada para atenuar isso.
Os
quatro adultos mais velhos do estudo foram especialmente afetados pelo brilho
dos faróis, o que acrescentou 1,5 segundos ao tempo de reação, em comparação
com 0,3 segundos entre os adultos jovens. E, novamente, as lentes amarelas não
os ajudaram.
“Embora
as lentes coloridas ou polarizadas possam ajudar a proteger contra o brilho do
dia, a visão noturna é diferente. Quando você está tentando dirigir em
condições de pouca luz, é uma má ideia limitar ainda mais a luz que chega aos
olhos”, explica Eduardo de Lucca.
Segundo
o médico, as pessoas que têm problemas para enxergar durante a condução noturna
devem marcar uma consulta com seu oftalmologista. “Se eles usam óculos ou
lentes de contato podem precisar de uma nova receita. Em outros casos, os olhos
secos podem ser um fator que atrapalha a direção. A pupila se dilata à noite e
o ar seco do carro pode ser mais incômodo para os olhos à noite do que durante
o dia. Para motoristas mais velhos, problemas oculares relacionados à idade -
como catarata ou degeneração macular - podem ser os culpados”, diz Eduardo de
Lucca.
Dicas
de bem estar
Se
doenças oculares ou prescrições ultrapassadas não são o problema, existem
algumas medidas práticas que as pessoas podem adotar contra o brilho.
“A
primeira? Limpe seus óculos. Isso pode parecer óbvio, mas é geralmente
esquecido. Mantenha o seu para-brisa limpo, por fora e por dentro. Um filme
fino pode se acumular no interior do para-brisa. Essas medidas são mais sábias
do que investir em um óculos de condução noturna”, observa o oftalmologista
Eduardo de Lucca.
IMO-Instituto
de Moléstias Oculares
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