Dermatologistas divulgam guia
com orientações de como voluntários podem retirar óleo cru da pele sem se
exporem a riscos
O desastre
ambiental causado pelo derramamento de óleo cru no litoral brasileiro pode
também causar graves problemas de saúde para a pele de voluntários que atuam na
retirada dos resíduos. Com objetivo de reduzir riscos dessa exposição, a
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulga nesta quinta-feira (31) um
guia com recomendações importantes para quem está participando desse trabalho e
mesmo para os moradores das áreas atingidas.
“São
recomendações simples e que podem ser incorporadas à rotina dos voluntários e
dos moradores. O empenho dessas pessoas deve ser acompanhado de uma preocupação
com sua saúde. Os cuidados ao proteger o corpo da exposição aos resíduos e na
hora de retirar os produtos que entraram em contato com a pele devem ser
contínuos”, alertou o presidente da SBD, Sergio Palma.
Ele
explica que, como óleo cru permanece impregnado na pele, as pessoas tentam
retirá-lo com o uso de solventes (aguarrás, thinner, óleo diesel, querosene ou
gasolina). No entanto, o contato com esses produtos aumenta o processo
irritativo.
O
presidente da SBD ressalta que a maneira mais adequada de limpar a pele é lavar
a área atingida com água e sabão. A aplicação de óleos para bebês, geleia de
vaselina ou até mesmo pastas utilizadas por metalúrgicos para remover óleos e
graxas facilita a retirada dos resquícios de óleo. Após essa etapa, a
aplicação de cremes ou loções hidratantes é importante.
Grupos - As recomendações se dividem em três grupos:
cuidados de proteção do corpo, que incluem o uso de material específico para o
manuseio do óleo; cuidados na retirada do óleo que entrou em contato com a
pele, como orientações de limpeza e dos melhores produtos para essa tarefa; e
cuidados gerais para os moradores das regiões atingidas.
A SBD já
recebeu relatos de complicações ocorridas em alguns locais do País e acredita
que novos casos podem ser evitados se as medidas de prevenção e de proteção
forem seguidas pela população. A dermatologista Rosana Lazarini, assessora do
Departamento de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da SBD, que
participou da elaboração desse guia da SBD chama atenção para os riscos
envolvidos.
“Muitos
voluntários têm trabalhado na remoção do material que chega as praias.
Entretanto, o trabalho tem sido realizado de maneira inapropriada. Esses grupos
têm entrado em contato com o óleo sem proteção adequada e, em alguns casos, com
impregnação de toda a pele. Importante salientar que o petróleo ou óleo cru é
constituído por uma série de compostos químicos com diferentes toxicidades,
como tolueno, xileno, benzeno e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos”,
ressaltou.
De acordo
com ela, esse contato pode desencadear problemas de saúde que afetam diferentes
órgãos e sistemas, como hematopoiéticos, hepáticos, renais e pulmonares, além
de causar alterações do humor e das funções cognitivas. Na fase aguda de
intoxicação pelo contato com o óleo cru, as reações mais comuns são: irritação
e dor na garganta e nos olhos, tosse, coriza, coceira e olhos vermelhos,
cefaleia, náuseas, fadiga e pele irritada e vermelha, dentre outros.
“A
pele, quando acometida, apresenta processos irritativos com eritema nas áreas
de contato, evento conhecido como Dermatite de Contato, sendo a forma
irritativa mais comum. Esses efeitos pioram se a pele permanecer exposta
ao Sol, podendo causar queimaduras solares”, acrescenta Rosana Lazarini.
Finalmente,
a SBD reitera que, em caso de dúvida, o paciente deve entrar em contato com o
Ministério da Saúde por meio do Centro de Informações Toxicológicas, pelo
telefone 08007226001, e procurar ajuda médica em serviços de urgência e
emergência.
Recomendações da Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD)
CUIDADOS PARA MORADORES E
VOLUNTÁRIOS QUE ESTÃO EM ÁREAS AFETADAS PELO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO
O recente
desastre, registrado na costa brasileira, com milhares de toneladas de óleo cru
chegando às praias do Nordeste, causou comoção. Em decorrência, muitos
voluntários têm trabalhado na remoção do material que chega às praias.
Entretanto, o trabalho não tem sido realizado de maneira apropriada.
Esses
grupos têm entrado em contato com o óleo sem proteção adequada e, em muitos
casos, com impregnação da pele. Importante salientar que o petróleo (ou óleo
cru) é constituído por compostos químicos com diferentes toxicidades que podem
causar danos à saúde, como tolueno, xileno, benzeno e hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos.
Esses
danos compreendem efeitos em diferentes órgãos e sistemas do corpo humano, como
hematopoiéticos, hepáticos, renais e pulmonares, além de alterações do humor e,
funções cognitivas.
Para
minimizar os riscos de problemas à saúde, a Sociedade Brasileira de
Dermatologia (SBD) preparou esse documento, que agrega orientações aos que
estão envolvidos no processo de limpeza das praias ou que, acidentalmente,
coloquem a pele em contato com petróleo. Certamente, essas recomendações serão
úteis aos moradores e voluntários das regiões afetadas:
COMO SE PREPARAR PARA ATUAR NAS AÇÕES DE LIMPEZA
DAS PRAIAS?
- Se houver a necessidade de contato com o óleo derramado nas praias, utilize equipamentos de proteção, como óculos, luvas e roupas que cobrem membros superiores e inferiores (mangas compridas e calças).
- As luvas mais apropriadas são as de nitrila ao invés das de borracha, pois apresentam melhor proteção contra óleos, graxas e petróleo. A lavagem imediata após o contato é importante, embora nessas situações nem sempre seja possível.
O QUE FAZER SE SUA PELE ENTRAR EM CONTATO COM O
ÓLEO CRU?
- Caso, mesmo com uso de roupas adequadas, ocorra o contato, a pele deve ser lavada com água e sabão.
- A aplicação de óleos para bebês, geleia de vaselina ou até pastas utilizadas por metalúrgicos para remover óleos e graxas facilita a remoção dos resquícios de óleo.
- Após a remoção, a aplicação de cremes ou loções hidratantes é importante para melhorar as condições da pele.
- Não tente retirar o óleo com o uso de solventes (aguarrás, thinner, óleo diesel, querosene ou gasolina). O contato com esses produtos aumenta o processo irritativo, piorando a dermatite de contato.
QUAIS AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA MORADORES OU
TURISTAS QUE ESTÃO NAS REGIÕES AFETADAS PELO DERRAMAMENTO?
- Evite o contato direto com o óleo, especialmente gestantes e crianças.
- Observe as orientações da vigilância sanitária para o consumo de alimentos, como peixes e mariscos, provenientes das áreas afetadas.
- Não inale vapores gerados pelo óleo.
- Use protetor solar de amplo espectro, com FPS de no mínimo 30.
EM CASO DE EXPOSIÇÃO E/OU CONTATO COM O ÓLEO CRU,
QUAIS OS SINTOMAS COMUNS?
- Sintomas respiratórios, como: irritação e dor de garganta, tosse, respiração mais difícil e coriza
- Irritação e dor nos olhos, coceira, e olhos vermelhos
- Dor de cabeça
- Pele irritada e vermelha
- Náusea
- Tonturas
- Fadiga
- Ferimentos e traumas
ATENÇÃO: a pele, quando acometida, apresenta processos
irritativos, com eritema nas áreas de contato, evento conhecido como Dermatite
de Contato, sendo a forma irritativa mais comum. Esses efeitos pioram se
a pele permanecer exposta ao Sol, podendo causar queimaduras solares.
Em caso de dúvida, o Ministério da Saúde pede que o
paciente entre em contato com o Centro de Informações Toxicológicas pelo
telefone 08007226001 e procure ajuda médica
Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2019.
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA
Gestão 2019-2020
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