Nem todo mundo sabe, mas todo autista tem o direito
de atendimento prioritário nos estabelecimentos e serviços do estado de São
Paulo, é o que garante a lei 16.756, de junho de 2018, que prevê também a
obrigação de inserção do laço símbolo mundial da conscientização sobre o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas placas de atendimento prioritário, sob
pena de advertência e multa ao não cumprimento.
O emblema foi adotado em 1999 e representa o
mistério e a complexidade do autismo. Composto por peças coloridas, remete à
diversidade de pessoas e famílias que convivem com o transtorno, enquanto as
cores fortes simbolizam a esperança em relação aos tratamentos e à
conscientização da sociedade em geral.
Mais do que incluir o laço nas placas de prioridade
de atendimento, é preciso que os colaboradores das empresas tenham conhecimento
do significado do símbolo e o motivo de estar exposto ali para que, além de
oferecer um atendimento prioritário, possam estar preparados para responder
eventuais reclamações e questionamentos ocasionados por outras pessoas na fila.
“São nessas situações que muitos pais acabam hostilizados, justamente porque o
autismo é comportamental, não é físico, então nem todo mundo vai perceber que
aquela criança é autista”, comenta Amanda Ribeiro, especialista em Intervenção
Precoce do Autismo pelo CBI of Miami (Child Behavior Institute).
Amanda explica o motivo de priorizar o atendimento
a autistas e pais de crianças com o transtorno. "Nos ambientes
comerciais, onde há muito estímulo de iluminação e cores, é possível que
algumas pessoas com TEA se sintam muito incomodados, por conta da sensibilidade
visual e auditiva que muitos têm. Devido à falta de noção do tempo, ao
permanecerem nesses lugares, acabam ficando impacientes, agitados e
irritados", diz.
A especialista explica ainda que esses estímulos
têm efeitos que variam de pessoa para pessoa. "Embora varie de uma
pessoa para outra, são sensações muito comuns entre os autistas, e podem levar
a uma crise, que pode até ser confundida com uma rebeldia infantil, mas na
maioria das vezes não é", pondera Amanda.
Como mãe de uma criança com autismo, Amanda faz um
apelo aos estabelecimentos: "Incluam o laço em suas placas e se adequem à
lei. É muito constrangedor para a gente entrar na fila de prioridade, na frente
das pessoas, porque o autismo é uma deficiência invisível. As pessoas não
conseguem identificar o motivo de estarmos ali. Se tiver o laço na placa, será
possível concluir que é porque meu filho é autista".
Ela fala sobre o constrangimento que o
descumprimento da lei provoca e conta que já foi insultada por usar a fila
prioritária em uma rede de fast food. "Não havia nenhuma placa de
atendimento prioritário ou preferencial e acabei sendo constrangida por uma
pessoa que me chamou de folgada porque estava apenas usufruindo do meu direito
previsto em lei. É importante que os caixas também saibam o significado do laço
para evitar esse mal-estar".
Amanda destaca a necessidade de criar campanhas de
conscientização para que tanto a sociedade quanto os estabelecimentos possam
fazer valer a lei. "Informação é a palavra-chave quando o assunto
é TEA e ainda temos muito que avançar".
Amanda Ribeiro - Diretora da Incluir Treinamentos,
Amanda é a 1ª brasileira a receber o “Certified Autism Travel Professional”,
emitido pelo Conselho Internacional de Padrões de Credenciamento e Educação
Continuada. Esses programas são reconhecidos em todo o mundo como a principal
referência em treinamento nas áreas de autismo e outros distúrbios cognitivos.
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