É alarmante constatar que alguns homens autores de violência contra mulheres declaram que: “tem mulher que só aprende apanhando bastante" e que: “agiram bem” e que: “bateriam de novo”. Essas declarações reforçam a imagem de uma mulher submissa e que “tudo deve aceitar”. À essa naturalização da violência, acrescenta-se o fato de que “a culpa é da mulher” e que agredi-la é uma forma de “domesticá-la”.
O que leva os homens agredirem as mulheres e naturalizarem essa violência? Há muitas respostas para essa pergunta. Uma delas situa-se na “masculinidade tóxica”, um modelo de masculino que estimula a obsessão por poder, dinheiro e sexo e, sobretudo, a violência contra a mulher. Para não perder seu espaço, o homem precisa provar constantemente o seu capital viril e, quanto mais inseguro ele se sente, mais violento fica. Masculino em descontrole. Quando um homem agride uma mulher, ele está agredindo a si mesmo.
O caminho de mudança passa pela ressignificação do perfil de masculinidade. Passa pela ruptura, transformação e transição para um modelo de masculino que desenvolva a alteridade, o vínculo, a empatia e a resiliência. A masculinidade tóxica é parte do problema; homens com coragem para mudar o seu o lugar na história e na sociedade, rumo para a solução.
Jorge Miklos - professor universitário, sociólogo e psicanalista. Atualmente investiga a respeito da contribuição da mídia na construção da masculinidade tóxica no Brasil.
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