Estudo publicado este ano pelo CBR aponta disparidade para
radiologia pública e privada nas demais regiões do Brasil
A chegada do mês de outubro marca o
início de mais uma edição de uma das maiores campanhas de saúde anuais e
internacionais: trata-se do Outubro Rosa, um movimento internacional de
conscientização para o controle do câncer de mama. Uma grande bandeira da
campanha é estimular o autoexame e a mamografia de rastreio, que são ações
fundamentais para o diagnóstico precoce da doença, o que possibilita o
tratamento na fase inicial do câncer e aumenta as chances de cura. Mas, além da
conscientização, um estudo recente do Colégio Brasileiro de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem (CBR) mostrou que nem tudo é perfeito. A pesquisa aponta
que a desigualdade de distribuição de equipamentos de mamografia e até mesmo
radiologistas no Brasil é alarmante.
O estudo, de 2019, publicado pelo
CBR, intitulado “O Perfil do Médico Especialista em Radiologia e Diagnóstico
por Imagem no Brasil”, realizado em parceria com pesquisadores do Departamento
de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, teve como objetivo
principal traçar as características e a distribuição dos médicos especialistas
em radiologia e diagnóstico por imagem no Brasil, assim como descrever a oferta
de equipamentos, serviços e exames de diagnóstico por imagem nos setores
público e privado da saúde em cada região do Brasil, além de comparar dados e
apontar disparidades.
“O objetivo do CBR é fornecer dados e
provocar reflexão. Pois a evidência científica deve nortear as discussões e
proposições para o futuro da especialidade e para a garantia da saúde da
população. Esse estudo buscou responder quantos são e onde estão os médicos
brasileiros que se dedicam ao diagnóstico por imagem e apresenta dados sobre a
capacidade de formação de especialistas e o cenário da oferta de equipamentos e
exames no sistema de saúde público e privado. Também chamamos a atenção para o
acesso da população aos exames de imagem, que apresenta grande discrepância no
território nacional”, esclareceu o presidente do CBR, dr. Alair Sarmet Santos.
Se considerarmos apenas a oferta no
Sistema Único de Saúde (SUS), o número de mamógrafos disponíveis para
atendimento na rede nacional é de 2.102 (1,3 aparelho para cada 100 mil habitantes).
A região com a maior oferta de equipamentos é a Sudeste (847), enquanto a
região Norte possui a menor oferta (145). São Paulo é o estado que conta com a
maior disponibilidade de equipamentos do sistema público (402), enquanto o
Amapá possui a menor (2).
Quanto aos equipamentos em relação ao
número de usuários do SUS por unidade da federação, a menor densidade observada
é no estado do Amapá (0,26), seguida dos estados do Acre (0,36) e do Maranhão
(0,46). Já a Paraíba (2,28), o Rio Grande do Sul (1,96) e Santa Catarina (1,94)
são os estados com a maior densidade.
A pesquisa também destaca que há
desigualdade entre os setores público e privado, sendo o último mais favorecido
proporcionalmente ao tamanho da população assistida pelo SUS e pelos planos e seguros
de saúde. Com esses dados, os pesquisadores criaram um Indicador de
Desigualdade Público-Privado, chamado de IDPP.
No caso dos mamógrafos, no Brasil
como um todo, o IDPP é de 4,72, ou seja, usuários do setor privado (quem tem
plano de saúde) têm à disposição 4,72 vezes mais mamógrafos do que a população
que usa exclusivamente o SUS.
Mato Grosso do Sul (81,09), Acre
(60,61) e Paraíba (53,62) são os estados que possuem os maiores índices de
desigualdade público-privada. Já Amazonas (1,38), Santa Catarina (2,53) e
Paraná (3,19) têm as menores discrepâncias público-privadas.
CBR – Colégio Brasileiro de
Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário