Quanto mais tardio o diagnóstico, mais agressivo
o tratamento, que, em muitos casos, envolve cirurgias e quimioterapia
20% das mulheres não realizam consultas periódicas com o ginecologista
Créditos: divulgação
Catharina
Baggio de Oliveira, 85 anos, descobriu um tumor no ovário graças ao
cardiologista. Durante exames de rotina, o médico detectou um grande volume
abdominal e solicitou uma tomografia do abdômen, em que foi descoberto um cisto
grande, do tamanho de uma bola de futsal. “Precisaram tirar ovários e trompas.
A cirurgia foi super bem e a recuperação também. Embora tenham encontrado
malignidade dentro do cisto, ela não se espalhou”, conta Gilda Baggio, irmã da
aposentada.
Como
o câncer de ovário é assintomático na sua fase inicial, muitas vezes ele acaba
sendo descoberto tardiamente. O Instituto Nacional de Câncer estima que, neste
ano, mais de 6.600 mulheres serão diagnosticadas com a doença, que é
considerada a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer
de colo de útero e a sétima maior causa de câncer em mulheres.
Segundo
dados do Ministério da Saúde, em 80% dos casos, esse tipo de câncer é
diagnosticado quando não está mais restrito ao ovário, tendo se disseminado
para linfonodos, outros órgãos da região pélvica e abdominal ou até mesmo para
órgãos como pulmão, osso e sistema nervoso central, mais raramente.
“Nas
fases mais avançadas esse tipo de câncer pode apresentar alguns sintomas
inespecíficos como aumento de volume abdominal, dor pélvica, mal estar
gastrointestinal e perda de peso. Por isso, os exames anuais são tão
importantes, para identificar o quanto antes e evitar tratamentos mais
agressivos”, explica a oncoginecologista do Hospital Marcelino Champagnat,
Giovana Brandalize.
Um
levantamento da Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo) indica que 20% das mulheres não realizam consultas
periódicas com o ginecologista, a maior parte por achar que está saudável. Como
o tratamento do câncer difere de acordo com a fase em que é diagnosticado, isso
aumenta o número de tratamentos mais invasivos para a doença, que acabam
incluindo cirurgia e quimioterapia.
“As
doentes em fase inicial geralmente passam por cirurgia e quimioterapia, já as
que estão com a doença mais avançada geralmente realizam cirurgia diagnóstica,
seguida de quimioterapia, cirurgia para ressecção do tumor e mais uma fase de
quimioterapia”, explica a médica..
Cirurgias
de alta complexidade
As
cirurgias são uma parte essencial do tratamento do câncer de ovário e
consideradas de alta complexidade. Primeiro, elas ajudam no diagnóstico
específico do tumor - maligno ou benigno - e, em seguida, podem ser necessárias
para a sua ressecção completa. “O tratamento é bem complexo e agressivo, pois
além do útero e ovários pode envolver a retirada de várias estruturas
abdominais, como gânglios, peritônio e intestino”, complementa.
Fatores
de risco
Normalmente
os tumores malignos de ovário surgem por influência direta dos hormônios.
Infertilidade e questões associadas com maior frequência dos ciclos menstruais
mensais, como a menstruação precoce, menopausa tardia, não ter tido filhos,
obesidade e tabagismo estão entre os principais fatores de risco. Por isso, o
controle de peso, alimentação equilibrada e atividade física são importantes
para prevenção da doença.
Hospital
Marcelino Champagnat
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