Autismo: a importância do
acompanhamento terapêutico e inclusão social
Professores da
pós-graduação em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) do Instituto de
Desenvolvimento Educacional (IDE) explicam sobre como identificar o autismo e
os tratamentos
No mundo, há um caso de autismo para
cada 45 pessoas. É o que mostra última pesquisa realizada pelo Centre of
Deseases Control and Prevention (EUA). Para promover o debate sobre o assunto,
no dia 02 de abril, na próxima segunda-feira, é o “Dia Mundial da
Conscientização do Autismo”. O chamado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
é uma síndrome que se caracteriza por desordens no desenvolvimento do cérebro,
afetando, a comunicação social, imaginação e comportamentos repetitivos,
principalmente. Até hoje, ainda não se sabe a causa, porém, vários estudos
apontam para um valor genético importante.
Segundo a psicóloga Luana Passos,
especialista em neuropsicologia e professora da pós-graduação em TEA, com
ênfase em intervenção comportamental, do Instituto de Desenvolvimento
Educacional (IDE), é possível identificar sinais de autismo antes mesmo do
primeiro ano de vida. “Os sinais de alerta podem ser observados nos primeiros
meses do bebê. Entre eles, não se jogar para o colo de quem aproxima as mãos e
o chama, não atender ao chamado do seu nome quando é chamado e ausência do
compartilhar atenção. Com esses comportamentos, é importante ter um
acompanhamento médico mais minucioso e está alerta a um possível diagnóstico de
TEA”, explica.
Já a fonoaudióloga Alessandra Sales,
que atua há 10 anos com autismo e é também professora da pós-graduação em TEA
do IDE, diz que outros sinais de autismo, mais notados em crianças acima de 1
ano, são atraso no desenvolvimento da linguagem, comportamentos restritos e
repetitivos, além de dificuldade na interação. “Esses indivíduos precisam de
estimulação o mais precocemente possível. As pessoas que convivem com eles
devem ser pacientes, tentar ser o mais claro e objetivo possível sempre que der
um comando e utilizar recursos visuais para facilitar a independência da
criança, por exemplo. Cada ser é único. O interessante é os familiares buscarem
ajuda de profissionais capacitados para ajudar nesse desenvolvimento”.
Alessandra esclarece que é possível,
com estímulos, o indivíduo com autismo conseguir independência. “Mas o grau do
autismo influência muito nesse aspecto. Em cada fase da vida desse indivíduo as
dificuldades vão surgindo e precisam ser trabalhadas, por isso o acompanhamento
é muito importante”. E, se por um lado pessoas com autismo apresentam algumas
dificuldades, como compreender o que falam com ele, por outro apresentam uma
memória visual preservada, mostrando que dicas ou pistas visuais organiza e
gera previsibilidade de uma pessoa com TEA.
“Precisamos entender o funcionamento
cognitivo e comportamental dessas crianças para entendermos as melhores
estratégias a serem usadas e assim melhorar a qualidade de vida dessas
crianças. O autista tem suas limitações sociais, mas essas podem ser minimizadas
quando se é trabalhado corretamente. Então, é fundamental que cada criança
tenha o acompanhamento terapêutico adequado para seu nível de desenvolvimento”,
conta a psicóloga Luana Passos.
Outro fator importante para o seu
crescimento é a inclusão social, sendo fundamental que ele esteja inserido na
sociedade. “A partir daí podemos oferecer instrumentos que facilitam essa
inserção. Assim como uma pessoa com dificuldade de vista precisa usar óculos, a
criança autista pode precisar de alguns instrumentos, a exemplo de uma pasta de
comunicação para interagir com a sociedade”, pontua Luana. Sobre a necessidade
de um acompanhamento terapêutico para a vida inteira, a professora do IDE diz
que vai depender de cada caso.
E o autismo compromete outros sentidos?
A maioria vai ter dificuldades na seja, seja em maior ou menor grau, “desde
aqueles que não emitem sons, até os que tem dificuldade de usar a comunicação
dentro de um contexto social”, de acordo com a fonoaudióloga Alessandra Sales.
Os indivíduos com a síndrome também podem apresentar outras dificuldades
associadas, como distúrbio de sono, dificuldades alimentares e andar na ponta
dos pés.
Em relação a área motora, a pessoa
autista não apresenta dificuldades específicas. “O que muitas vezes acontece é
que as crianças autistas tendem a apresentar interesses restritos de atividades
e geralmente a motora não está entre elas. Além disso, muitos esportes
apresentam regras sociais, o que dificulta no entendimento e engajamento desses
meninos em diferentes tipos de jogos”, detalha a psicóloga Luana Passos.
Independe do grau da síndrome, é
também importante esclarecer que a criança pode e deve frequentar uma escola
normalmente. “O que as escolas precisam é compreender que esse aluno irá
precisar de um planejamento pedagógico adaptado e de mudanças simples na
organização e estrutura da sala de aula. A clínica de estimulação e os
profissionais que atendem essa criança são de fundamentais importância nesse
processo”, finaliza Luana. Dadas as necessidades especiais dos indivíduos com
autismo, é fundamental que os profissionais de saúde estejam capacitados cuidar
deles, respeitando suas individualidades.
Segundo as professoras da
pós-graduação em Transtorno do Espectro do Autismo, com ênfase na intervenção
comportamental do IDE, o maior desafio no atendimento com autismo é que cada
autista é único, para cada um temos que criar estratégias facilitadores
diferentes, dependendo da necessidade de cada um. Profissionais na área de
saúde e educação interessados na especialização, há turmas no Recife, Fortaleza
e Maceió. A curso, com duração de 18 meses, tem abordagem multidisplinar, sendo
ministrada por uma equipe formada por fonoaudióloga, psicóloga e psicopedagogo.
Instituto
de Desenvolvimento Educacional (IDE)
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