Quase 10% da população que sofre
com o Transtorno Bipolar está ligada à depressão e na maioria dos casos demora
quase 15 anos para chegar ao diagnóstico correto. Dr. Diego Tavares, psiquiatra
do Hospital das Clínicas de SP, enumera alguns sintomas que podem ser sinais do
problema.
Essa doença pode estar mais perto de
nós do que imaginamos. A doença bipolar não escolhe idade, sexo, raça,
orientação sexual, profissão, nível sócio-econômico. As pessoas de maior
sucesso e destaque também podem e muitas vezes são portadoras de uma forma de
transtorno bipolar.
A ligação do transtorno
bipolar com a depressão
Quando se fala em depressão a maioria
das pessoas conhece alguém ou já apresentou algum sintoma que atribui à doença.
Mas, ao falar de transtorno bipolar ou bipolaridade existe sempre um
preconceito associado à doença e aos seus portadores como sendo uma doença
grave, de pessoas instáveis e desequilibradas, que pode apresentar sintomas
psicóticos (delírios e/ou alucinações), que leva os portadores à internação em
hospitais psiquiátricos e que impede a pessoa de trabalhar e ter uma vida
normal. Tudo isso pode até ser parcialmente verdadeiro, mas Dr. Diego Tavares conta que apenas para o subtipo
mais raro (1% de prevalência) e grave da doença, o transtorno bipolar tipo I
(antiga psicose maníaco-depressiva) e ainda assim em doentes que estão sem
tratamento.
“O que a maior parte das pessoas não
sabe é que a forma mais comum (5 a 8% de prevalência) de transtorno bipolar não
é a forma maníaca da doença, mas sim a forma depressiva, chamada de transtorno
bipolar de tipo II”, explica o médico.
O transtorno bipolar tipo II é uma
doença que demora cerca de 10 a 14 anos para um correto diagnóstico, pois
normalmente se apresenta inicialmente como uma doença tipicamente depressiva
crônica, isso é, quadros depressivos que não desaparecem com tratamento
antidepressivo e que recidivam constantemente frente a situações de estresse de
vida. “Esta forma predominantemente depressiva de doença bipolar sofre de
atraso diagnóstico porque após melhorar as fases de depressão a pessoa
permanece com sintomas do polo eufórico da doença, mas como são em pequena
intensidade e podem melhorar o desempenho do portador em algumas esferas acabam
não sendo identificadas e o diagnóstico permanece como de depressão”, alerta
Diego que enumera os sintomas do problema.
Os sintomas:
- Humor: Basicamente em
estado de euforia com empolgação, exagero, falta de adequação social, ser
invasivo nos comentários e atitudes, etc) ou agressivo (pavio-curto,
impaciência, intolerância, rispidez, tendência a brigar, tendência a provocar e
ser grosseiro, etc).
- Impulsividade: abuso
de drogas (cigarro, álcool, cocaína, ecstasy), abuso de medicamentos
(anfetamina, remédios pra emagrecer, calmantes e analgésicos), gastos
compulsivos, direção perigosa no trânsito, compulsão e promiscuidade sexual,
exagero e em tatuagens e piercings, etc.
- Aumento de energia:
dificuldade de dormir ou sono superficial.
- Dificuldade de atenção:
déficit de atenção e distração.
- Agitação e Hiperatividade:
Excesso de pensamentos, dificuldade de ficar sem falar, pressa, agitação e
dificuldade de estar parado, sentir-se ansioso e agitado.
“Dessa
maneira, qualquer pessoa com depressão de longa evolução ou depressão de
múltiplos episódios precisa ser investigada quanto a uma forma depressiva de
transtorno bipolar”, finaliza o psiquiatra.
FONTE: Dr. Diego Tavares - Graduado
em medicina pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria
pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do
Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de
Neuromodulação e Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de
Transtornos Afetivos do ABC (PRTOAB). https://drdiegotavarespsiquiatra.com/
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