Considerado o mais complexo órgão do
corpo humano, o cérebro sempre teve o status de ser o nosso grande processador.
E não apenas isso: ele é uma valiosa caixa preta, capaz de armazenar todo tipo
de informação e com capacidade praticamente infinita.
Quando nascemos, embora tenhamos mais
neurônios do que um adulto, temos nossa mente virgem e inexplorada, despida de
qualquer conhecimento. Assim, nosso cérebro inicia uma “maratona relâmpago”
para se preparar em nossas primeiras fases da infância, quando desenvolvemos
sentidos complexos como visão, audição, paladar, tato e olfato. Não sabemos
ainda o que é bom ou ruim; porém, com o tempo, vemos crescer volumes cada vez
maiores de informação, que vão formando uma personalidade, uma consciência e
uma inteligência.
Até pouco tempo, dizia-se que nosso
cérebro usava apenas uma pequena parte de sua capacidade real, porém,
neurocientistas afirmam que isso não é verdade. Segundo Brett Wingeier, PhD,
engenheiro e neurocientista, esse equívoco surgiu porque o cérebro é tão
adaptável que, às vezes, grandes danos gerados ao cérebro causam apenas
problemas sutis.
O fato é que o cérebro está
constantemente trabalhando para sentir, processar, pensar, mover e até mesmo
sonhar. Mesmo quando vamos dormir, ele continua a todo vapor - aliás, até mais
ativo do que quando estamos acordados.
Tanta atividade vem ao encontro da transformação
digital à qual assistimos nos últimos cinco anos. Tal qual um polvo, nosso
cérebro ganhou tentáculos que funcionam como suas extensões - fora do cérebro -
para dar suporte à sua capacidade: sua rede inclui aplicativos como WhatsApp,
Google, redes sociais, jogos online, Internet de forma geral… Ou seja, tudo que
possa servir de fonte de informação e que possa torná-lo cada vez mais poderoso
em sua capacidade.
Antes, essas informações precisavam ser
buscadas de outras maneiras, via enciclopédia, jornais, revistas e outros
materiais impressos. Era preciso correr até uma locadora de vídeos para
assistir algo interessante (e muitas vezes reservar a fita VHS antes que alguém
tomasse à frente). As novas gerações sequer sabem o que é isso!
Hoje, em uma reunião com pessoas mais
jovens, frequentemente observamos o acesso rápido ao Google para checar se algo
que foi falado procede ou se é um engano. As informações estão lá, à disposição
de todos e a uma velocidade impressionante, com a qual não ousaríamos sonhar há
apenas 20 anos.
Do alto dos meus 70, sinto uma imensa
satisfação em dizer que acredito que consigo compreender a mudança que está
ocorrendo e a importância de adaptar-se a esta nova realidade, na qual o
cérebro aumentou seu potencial para acionar milhões de terabytes à disposição
neste mundo 4.0 - com tantos recursos repletos de dados. Só as Big Four,
Google, Amazon, Microsoft e Facebook, armazenam mais de um Petabyte, ou seja um
milhão de terabytes. É como se o órgão fosse um grande hangar, repleto de
aviões que não param de pousar deixando diversas malas, e nós precisássemos
criar mecanismos para armazenar apenas as alças em nosso cérebro e encontrá-las
da melhor maneira, para acessar as informações que estão dentro delas, fora
dele. Isso aumenta exponencialmente o volume total de informações a que temos
acesso. Ou seja, adaptar-se é preciso.
Um estudo da Universidade de Montreal,
publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences em 2011, comparou
a atividade cerebral de indivíduos que nasceram cegos e aqueles que tinham
visão normal. Eles descobriram que a parte do cérebro que normalmente está
preparada para trabalhar com os nossos olhos pode religar-se para processar
informações sonoras, em substituição da percepção visual. Não é uma adaptação
maravilhosa?
Embora eu não tenha nascido na geração
Y ou mais novas, aquelas na qual acessar informações de diferentes locais é o
processo mais comum do universo, sinto que fazer a adaptação para esse novo
mundo é uma simples questão de estar aberto às mudanças, e estar atento ao fato
de que o mundo hoje é um embolado de informações que estão disponíveis para
serem desvendadas e organizadas.
Muitas vezes, lembramos apenas de um
insight e ele nos remete a outras coisas. Quer um exemplo? Fotos antigas. Por
meio delas, lembramos de todo um contexto de experiências.
Todos nós temos malas onde estão
guardadas bilhões, trilhões de informações. Com o tempo, existe um desgaste
natural e, por isso, temos dificuldades de achar as alças dessas malas - o que
prejudica a organização com tantos aviões pousando em nosso hangar a todo
momento. Por isso, é importante encontrar maneiras de organizar nosso cérebro
em meio a tantas fontes de informação.
Temos plenas condições de ajudar nosso
cérebro nessa tarefa, à medida que vamos entendendo como ele funciona e, com
isso, multiplicamos o que ele consegue produzir. Desta forma, podemos ser
pessoas mais realizadas e felizes, protagonistas da nossa saúde e do nosso
bem-estar, físico e mental. Basta dar o primeiro passo.
E você, já organizou seu hangar hoje?
Jimmy Cygler - presidente institucional
da Proxismed, empresa especializada em jornada de relacionamento em saúde. Foi
durante 13 anos professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)
em disciplinas relacionadas à gestão de relacionamento com clientes.
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