Um
aplicativo de jogos para idosos, desenvolvido com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas
Empresas (PIPE)
com o objetivo de treinar as habilidades cognitivas, como memória e raciocínio,
e de melhorar o condicionamento físico, ganhará uma nova funcionalidade. O
programa será utilizado para monitorar a saúde dos usuários em isolamento
social em razão da pandemia de COVID-19.
O projeto,
conduzido pela empresa paulista ISGAME, em São Paulo, foi um dos seis primeiros
selecionados em edital lançado
pelo PIPE-FAPESP em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
para apoiar o desenvolvimento de produtos, serviços ou processos criados por
startups e pequenas empresas de base tecnológica no Estado de São Paulo,
voltados ao combate da COVID-19.
“A ideia é
que por meio de uma pulseira ou de um relógio conectados ao aplicativo seja
possível registrar os batimentos cardíacos e o número de passos dados em casa
pelo usuário, por exemplo”, diz Fabio Ota,
pesquisador responsável pelo projeto.
De acordo
com Ota, a partir do histórico de dados de saúde do usuário, o aplicativo, batizado
de “Cérebro Ativo”, vai gerar um relatório que poderá ser enviado, por exemplo,
a um médico ou a familiares do idoso que estiver em confinamento social.
O perfil
de cada usuário será analisado por meio de inteligência artificial para
monitorar eventuais alterações de comportamento. Todos os processos do
aplicativo serão baseados em conceitos do modelo biopsicossocial – que estuda a
causa ou o progresso de doenças utilizando fatores biológicos, psicológicos e
sociais.
“Todas as
informações coletadas vão seguir o que está estabelecido na Lei Geral de
Proteção de Dados”, ressalta Ota.
Segundo o
pesquisador, um dos principais objetivos dos novos módulos do aplicativo será o
de ampliar o relacionamento dos idosos confinados por meio de jogo com amigos e
familiares.
O game
“Árvore Genealógica”, por exemplo, busca aumentar as conexões sociais do idoso
ao criar uma árvore com os membros da família e adicionar informações sobre o
histórico de saúde de cada uma das pessoas adicionadas.
O jogo
também fará com que o usuário do aplicativo responda a perguntas que produzirão
uma autoavaliação de sua saúde, além de registrar dados sobre
energia/disposição, ansiedade, irritação, depressão e tristeza.
As
perguntas serão escolhidas por ferramentas artificiais embarcadas no game. No
tópico da depressão, por exemplo, poderão surgir questões como “Ao acordar
hoje, você se sentiu deprimido (a) ou triste?”, “Durante a tarde, você se
sentiu deprimido (a) ou triste?”, “Ao final do dia, você se sentiu deprimido
(a) ou triste?”, “No decorrer do dia de hoje, você se sentiu deprimido (a) ou
triste?”. O jogo, neste caso, oferece cinco alternativas de respostas, que vão
de “nem um pouco” até “extremamente” deprimido ou triste.
Além do
formato de respostas em escala Likert – de itens com descrições verbais que
contemplam extremos –, as respostas específicas para cada questão poderão ser
apresentadas por meio de uma escala visual de 0 a 10, em que 0 representa o
pior estado imaginável e 10 o melhor estado possível.
Bateria
de testes
Antes de
entrar na fase comercial, o aplicativo “Cérebro Ativo” será testado por 80
idosos que fizeram parte dos testes nas outras fases de desenvolvimento do
aplicativo (leia mais em pesquisaparainovacao.fapesp.br/312).
Para
conseguir uma penetração maior, em diferentes faixas de renda, o game será
disponibilizado para ser baixado em telefones celulares. A empresa também está
tentando fechar parcerias para que as pulseiras ou relógios que serão
utilizados no processo de monitoramento dos indicadores de saúde tenham baixo
custo.
“Vamos
fazer os testes com os idosos que temos cadastrados e tentar disponibilizar o
produto em escala comercial no segundo semestre”, afirma Ota.
Pelo plano
de negócios da empresa, o aplicativo será gratuito. Neste caso, o usuário vai
ter acesso a um número limitado de funcionalidades.
Para ter
acesso ao monitoramento dos dados de saúde e aos módulos mais complexos, como
os que estimulam a interação social entre as pessoas de forma remota, será
cobrada uma assinatura mensal.
Eduardo Geraque
Agência FAPESP
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