Práticas
restaurativas podem contribuir na solução de conflitos. Especialista dá dicas
para o convívio entre adultos e adolescentes
Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60
milhões de crianças e adolescentes estão longe das escolas desde o início da
pandemia do coronavírus (Covid-19), que exige distanciamento social. Pelo fato
de estarem em casa há mais de cem dias, os conflitos podem surgir na
convivência familiar, entre crianças, adolescentes e adultos.
Nesse
contexto, como lidar com os conflitos dentro de casa? Segundo o especialista,
Diego Oliveira de Lima, diretor do Marista Escola Social Irmão Acácio, em
Londrina, no Paraná, primeiro é fundamental compreender o universo das dúvidas
e incertezas de cada etapa da vida, principalmente nesse momento em que
estamos. “É preciso entender as necessidades da pessoa de forma integral, como
essas crianças e adolescentes estão se posicionando, e quais condições, como
responsável, eu posso ofertar para que aquela necessidade seja atendida”,
explica Lima, que também é especialista em Práticas Restaurativas.
Um
caminho é identificar a origem desse conflito e quais necessidades precisam ser
solucionadas. “Se os pais estão trabalhando em casa e são interrompidos por um
pedido da criança, ou uma briga entre irmãos, por exemplo, o conflito pode
surgir. O pai tem a necessidade de concentração e os filhos necessitam
interagir com ele naquele momento”, explica.
Além
de identificar o conflito, o diálogo pode ser feito com perguntas que promovam
a reflexão. Questionamento como “o que aconteceu?”, diante de um acontecimento,
vai promover a abertura da reflexão nos mais diversos pontos de vista. O grande
diferencial na solução dos conflitos por meio das práticas restaurativas é a
postura de acolhida para o diálogo. “As perguntas simples como “o que você
sentiu?”, fazem a pessoa narrar o conflito, e resgatar não só os pensamentos,
mas principalmente os sentimentos envolvidos, abrindo possibilidades para
enxergar também de forma positiva, o que torna o conflito um aprendizado”,
reforça.
Práticas
Restaurativas
As
práticas restaurativas têm sua origem na Justiça Restaurativa e apresentam
ferramentas que possibilitam diálogos que contribuem para uma reparação dos
danos, restauração de vínculos e promoção de um momento de conciliação. No
período de isolamento social, alguns conceitos podem diminuir os conflitos em
casa, trazendo entendimento para os membros da família.
Confira
dicas do especialista para mediar conflitos em casa no período de isolamento
social
1)
Faça perguntas
As
perguntas mais simples promovem ainda mais a reflexão: “como aconteceu? ”, “o
que você sentiu? ”, “o que você necessitava no momento”, são questionamentos que
promovem a conexão entre o que se fala no momento e os sentimentos por trás
daquele conflito.
2) Evite culpados
Dentro
desse diálogo é importante evitar perguntas como “quem começou” ou “quem falou
dessa maneira”, evitando apontar culpados antes mesmo de qualquer conversa. A
ideia é dialogar sobre o acontecimento e restaurar as necessidades de cada
pessoa para que a convivência continue positiva.
3) Pensar no coletivo
Normalmente
quando alguma briga ou discussão acontece dentro da família, impacta não somente
uma pessoa, mas todas as que fazem parte do núcleo familiar. Então é necessário
ouvir todos os envolvidos, para que possam falar e refletir sobre os
acontecimentos.
4) Entender as necessidades
As
crianças e os adolescentes estão sendo privados de muitos contatos no período
da pandemia, seja da escola, dos amigos ou da rotina. É importante entender
quais são as necessidades diante dessa situação e do que ele sente falta.
5) Empoderamento para solução
Mediar
um conflito é empoderar aquela pessoa para solucionar conflitos ao longo da
vida. Por isso, é interessante traçar combinados que permitam uma melhor
convivência. “Um acordo para que uma necessidade seja atendida, no caso de pais
e filhos, um tempo na agenda para conversa ou para assistirem a um filme juntos
pode contribuir para que o pais entendam que os filhos também precisam de
atenção. Por outro lado, eles também podem retribuir compreendendo quando o pai
precisa de concentração. O importante é que todos estejam envolvidos e se
comprometam a solucionar”, orienta Lima.
Marista
Escolas Sociais
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