Além da rica
biodiversidade, o Cerrado é berço de importantes nascentes que abastecem rios
que percorrem outras regiões do Brasil, fornecendo água para o consumo e para a
agricultura
Em ação realizada nesta semana, a Secretaria de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás identificou a degradação
de áreas nativas do Cerrado, totalizando 2,5 mil hectares desmatados no
município de Cavalcante, localizado na região da Chapada dos Veadeiros, uma das
áreas com maior biodiversidade do mundo. Ao menos 29 áreas legalmente
protegidas, públicas e privadas, compõem a região, o que faz da localidade um
espaço estratégico para a conservação do Cerrado, que somente em 2019 perdeu
quase 410 mil hectares de vegetação nativa, conforme dados do MapBiomas
publicado em maio deste ano.
“A identificação de áreas de desmatamento sem a
devida autorização reforça a importância de protegermos esse que é um dos mais
ameaçados biomas brasileiros. Cada vez mais precisamos mostrar para a sociedade
a importância do Cerrado e a necessidade de conservá-lo”, afirma Marion Silva,
coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza, lembrando que o Cerrado possui a flora mais rica entre as savanas do
mundo, com mais de 7 mil espécies.
Um estudo do Instituto Sociedade, População e
Natureza destaca que a biodiversidade do Cerrado garante a subsistência de milhões de agricultores
familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas. Do ponto de vista
hidrológico, a existência do Pantanal, a maior planície alagada do mundo,
depende justamente da água que flui do Cerrado, enquanto praticamente todos os
afluentes do sul do Rio Amazonas têm origem na região. “Além disso, para grande
parte do sul do Brasil, o Cerrado fornece água para o consumo e para a
agricultura, através de escoamento superficial, recarga de água subterrânea e
fluxos atmosféricos de vapor de água. O Cerrado também possui grandes
quantidades de carbono armazenados em suas florestas, incluindo as raízes
profundas que as árvores das florestas precisam para sobreviver à longa
temporada seca”, detalha o relatório, evidenciando que a influência do bioma
vai muito além do Centro-Oeste brasileiro.
Declarado patrimônio natural da humanidade em 2001,
o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros tem 240 mil hectares e conta com 60%
de seu território dentro do município de Cavalcante, ajudando a promover o
turismo ecológico na região. O interesse de turistas nacionais e internacionais
pelo parque movimenta a economia local, estimulando a visitação de outros
pontos turísticos e fortalecendo negócios, como hotéis e restaurantes.
Espécies importantes da biodiversidade nacional
estão presentes na área, como o tamanduá-bandeira e a onça-pintada. É também no
município que fica o maior quilombo do país, o Sítio Histórico e Patrimônio
Cultural Kalunga, que mantém identidade e cultura próprias, muitas vezes
ameaçadas pelas ações de madeireiros, grileiros e garimpeiros ilegais. No
começo do mês, outra ação de fiscalização identificou área de quase mil
hectares desmatados justamente no território quilombola.
“Embora seja um município pequeno em termos
populacionais, Cavalcante é essencial para a conservação da vida silvestre e do
ambiente nativo que existe em todo o Cerrado. A cidade tem potencial para se
beneficiar do ecoturismo e é preciso que a iniciativa privada, o poder público
e a sociedade civil organizada desenvolvam ações para mostrar que toda essa
biodiversidade, boa parte que só existe ali, é essencial para o desenvolvimento
econômico e social”, diz Marion.
A Fundação Grupo Boticário, desde maio de 2009,
adquiriu e mantém a Reserva Natural Serra do Tombador, uma Reserva Particular
do Patrimônio Natural (RPPN) destinada exclusivamente à conservação da natureza
e a pesquisas científicas sobre a biodiversidade local e o fogo, considerado
uma das maiores ameaças do Cerrado. A reserva possui área de 8,9 mil hectares e
nela somam-se mais de 435 espécies de plantas, 51 espécies de mamíferos, 228 de
aves, 56 de répteis e 35 de anfíbios.
Foto:
Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante (GO). Crédito: José Paiva
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário
é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a
natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da
biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia
ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os
principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já doou mais de R$ 80
milhões para mais de 1.600 iniciativas dedicadas à causa da conservação em todo
o País. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais
ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do
Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca
também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da
inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do
Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990,
dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para
a conservação ambiental mundial.
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