Apoio ao hospital
regional e atividades para comunidades ribeirinhas estão entre as ações da
organização
A organização humanitária internacional Médicos Sem
Fronteiras (MSF) começou atividades no combate à
pandemia de COVID-19 em Tefé, cidade no estado do Amazonas. A
cidade fica a 1 dia e meio de barco da capital, Manaus, e é um importante ponto
de referência para a região do Médio Rio Solimões. O hospital regional de Tefé
recebe pacientes de pelo menos cinco municípios ao seu redor e está sendo
apoiado por MSF com treinamentos para seus profissionais e na adaptação da
estrutura para implementar medidas de prevenção e controle de infecções. Esses
cuidados são fundamentais para evitar que profissionais de saúde e pacientes
com outras doenças contraiam o novo coronavírus. MSF trabalha em Tefé em
parceria com a prefeitura e a secretaria municipal de saúde, das quais recebeu
apoio desde o primeiro momento em se ofereceu para ajudar no combate à pandemia
no município.
No Amazonas, os primeiros casos de pessoas com
COVID-19 foram identificados em Manaus, mas a pandemia logo se espalhou para o
interior, seguindo a calha dos rios, que servem de principal meio de ligação
entre a capital e o interior do estado. Agora, a maior preocupação é que a
doença chegue até comunidades ribeirinhas mais remotas e mesmo comunidades
indígenas isoladas dentro da floresta amazônica.
“A COVID-19 parece estar se espalhando de forma
silenciosa para o interior do país. Sem uma metodologia apropriada para a
testagem, que nos permita identificar e isolar os casos positivos, é muito
difícil impedir a propagação da doença. Além disso, a falta de acesso a
cuidados de saúde nessas áreas mais remotas faz com que não seja possível ter
uma imagem completa para avaliar de forma adequada a situação, o que é
fundamental para oferecer tratamento a quem precisa em tempo oportuno”,
diz Dounia Dekhili, coordenadora-geral dos projetos de MSF no Brasil.
Sem um panorama claro da evolução da doença, é muito difícil prever as
atividades com alguma antecedência.
O descumprimento de medidas de isolamento é outro
grande problema. Mesmo durante o período de lockdown que foi instituído em Tefé,
era possível ver grande movimento durante o dia no centro da cidade. Além de
contribuir para a propagação do novo coronavírus, a retomada precoce das
atividades sobrecarrega os hospitais por diferentes motivos. Por um lado,
pessoas que tinham medo de buscar atendimento para outros problemas que não a
COVID-19 – para doenças crônicas como hipertensão e diabetes, por exemplo –
finalmente saem de casa para procurar ajuda. Por outro lado, o número de
acidentes de trabalho e de trânsito sobem novamente, voltando às taxas
anteriores à pandemia. A médica de MSF Monica Dhand estava trabalhando
nos Estados Unidos antes de se juntar ao projeto na Amazônia e traça um
paralelo com o que viu em seu país. “Quando os casos de COVID-19 começaram a diminuir e
as pessoas passaram a retomar suas atividades habituais, vimos um aumento no
número de acidentes, por exemplo. Lidar com esses quadros, ao mesmo tempo em
que ainda temos pacientes internados com o novo coronavírus, gerou uma
dificuldade a mais. Estamos vendo agora o mesmo cenário em Tefé”,
conta a médica, que coordena a equipe de MSF que irá apoiar o hospital regional
da cidade.
Para alcançar as comunidades mais afastadas,
profissionais de MSF estão também trabalhando com a unidade básica de saúde
fluvial, uma embarcação que viaja por semanas pelo rio Solimões levando
atendimento médico à população ribeirinha. A equipe da organização se uniu aos
profissionais da secretaria municipal de saúde (SEMSA). Reconhecendo a
importância de proteger essas comunidades de doenças como a COVID-19, o
objetivo é apoiar esses profissionais com as melhores práticas de controle e
prevenção de infecções, assim como promoção de saúde, enquanto dão assistência
médica à população que vive em áreas onde não há postos de saúde em terra.
“As
atividades da UBS fluvial estão sendo retomadas agora, depois de três semanas
paradas por conta da pandemia. Nossa equipe irá trabalhar justamente para que o
atendimento médico tão necessário seja feito seguindo todos os protocolos de
prevenção para proteger tanto as pessoas atendidas como os profissionais de
saúde”, explicou José Lobo, coordenador do projeto de MSF em Tefé.
No Amazonas, MSF também tem atividades de prevenção
e combate à COVID-19 em São Gabriel da Cachoeira e em Manaus. Com a diminuição
de casos da doença na capital do estado, MSF vem reduzindo suas atividades na
cidade e focando seus esforços no interior do Amazonas. A organização também
está atuando em resposta a pandemia nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Roraima.
Sobre Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras é uma organização
humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por
conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum
acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na
necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou
convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos.
Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas
pessoas atendidas em seus projetos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário