Quando
a gestante descobre que está grávida de gêmeos é sempre uma surpresa. Na
gravidez gemelar tudo acontece em dobro: os sintomas, as dores e,
principalmente, o amor.
Para
acalmar as futuras mamães e informar as tentantes, o Dr. Alberto D’Áuria,
ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre Paulista, esclarece alguns
mitos e verdades sobre esse tipo de gestação.
Como
ocorre a gravidez gemelar?
Existem
duas possibilidades: a primeira é quando um único óvulo é fecundado e o embrião
é duplicado, gerando gêmeos univitelinos (os chamados gêmeos idênticos); outro
caso é quando dois óvulos são fecundados, gerando os gêmeos bivitelinos (não
idênticos).
Os
sintomas da gravidez gemelar são diferentes.
Verdade. A
gestante produz hormônio de forma duplicada. Elas terão mais chance de
apresentar hiperemese gravídica, maior aumento do
abdome, problemas posturais precoces, mais dores abdominais, mais dificuldade
nos deslocamentos. Os cuidados precisam ser maiores.
Se
eu tenho caso de gêmeos na família, a chance de eu ter é maior.
Verdade. O
histórico de gêmeos na família da mulher pode
influenciar na gravidez, pois já existe uma tendência que, durante a ovulação,
essa mulher libere mais de um óvulo. Exceto quando os gêmeos foram fecundados a
partir de uma fertilização in vitro.
Existem
alimentos que estimulam a gravidez gemelar.
Mito. A
liberação de óvulos não tem a ver com alimentação.
Fertilização
in vitro sempre gera gravidez de gêmeos.
Mito. As fertilizações in vitro
aumentam as chances de ter gêmeos quando a mulher é mais velha e o médico
implanta mais de um embrião. Essas pacientes, orientadas pelo médico, fazem uma
boa reserva de ácido fólico previamente e se alimentam melhor. Em resultado ao
novo estilo de vida das mulheres, elas possuem um envelhecimento mais lento,
então, com uma boa orientação médica, o seu organismo pode ter uma ótima reação
frente às transferências de vários embriões que acabam ficando no útero com
sucesso.
Mulheres
mais velhas tem maior chance de ter gêmeos.
Verdade. Tanto de forma espontânea, quanto na
reprodução assistida, as chances de ter gêmeos são maiores. Na assistida, o
esterileuta (médico especializado na reprodução humana), após conversa com a
paciente, tende a colocar mais de dois embriões em mulheres mais velhas, para
aumentar as chances de engravidar.
Já na espontânea as chances são
maiores, pois, a partir de 36 anos, os ovários tendem a ovular de forma dupla
ou tripla, aumentando a possibilidade de uma gravidez de gêmeos bivitelinos.
Gravidez de gêmeos dura menos.
Depende.
Normalmente, as gestações gemelares tendem a ser prematuras, porque a placenta
não está preparada para receber mais de um feto de cada vez. Quando a gestante
entra na 30ª semana, já é importante que o médico se preocupe em acelerar a
atividade pulmonar dos fetos. Isso é feito com medicamentos já pensando na
possível prematuridade dos bebês.
O
trabalho de parto é igual.
Mito.
O
trabalho de parto é igual, porém, com o volume do útero quase que duplicado, a
intensidade e a frequência das contrações podem ter comportamentos diferentes
de uma gestação de feto único.
É
mais improvável ter parto normal.
Verdade. O
trabalho de parto é mais difícil na gravidez gemelar e, além disso, o segundo
feto pode ser prejudicado, dependendo do tempo que o primeiro demorar. Só
quando o primeiro sai que o segundo consegue começar a se encaixar na posição
correta para o parto.
Qualquer
gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos, quíntuplos) ocorre da mesma forma?
Mito.
Quanto maior o número de fetos, maior a chance de complicações.
Gravidez
gemelar tem mais riscos.
Verdade.
Com a evolução humana, o corpo da mulher passou por inúmeras modificações que
resultaram na diminuição da capacidade ter gestações múltiplas. Hoje, o corpo
está preparado para desenvolver apenas um feto por vez, por isso, qualquer
gestação gemelar é de risco. Afinal, ter dois fetos, significa ter uma
distensão uterina para dois corpos, em um corpo
preparado para apenas um. Com isso, aumentam os riscos de prematuridade,
diabetes gestacional, doença hipertensiva específica da gravidez
(pré-eclampsia). Muitas vezes a cerclagem do colo uterino – cirurgia que tem o
objetivo fechar a o canal de saída do colo uterino evitando ao máximo que o
bebê nasça prematuramente – também é recomendada nesses casos.
Na
gravidez gemelar univitelina ainda existe o risco de ocorrer a transfusão
feto-fetal, na qual, por uma questão natural, um dos gêmeos vai tentar
‘sequestrar’ toda a circulação sanguínea do outro, porque a circulação sanguínea placentária nesses casos muitas
vezes fica em desequilíbrio sacrificando um dos fetos. Essa doença pode ser
diagnosticada a partir da 16ª semana e pode ser corrigida com cirurgia.
Dica: ter um bom acompanhamento
pré-natal para que o médico indique a melhor forma de lidar ou prevenir com
cada uma das eventuais intercorrências é essencial. É feita uma dieta para a
gestante com adequação calórica, redução de ingestão de sal, uso de magnésio,
vitamina D, ômega 3. Recomenda-se que a mulher realize exercícios físicos
durante a gravidez e que o médico tenha uma atenção na atividade da tireoide.
Além disso, ela vai precisar de mais repouso e, provavelmente, deve se afastar
antes para sua licença maternidade.
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