Para a
psicologia, luto é sequência natural à morte e não necessariamente se trata de
superação ou esquecimento, e sim de adaptação às novas condições de vida
Anualmente lembrado em 2
de novembro, o Dia de Finados tem como objetivo relembrar a memória dos mortos
e de pessoas queridas que já se foram. No Brasil, na data acontecem visitas a
túmulos de parentes e amigos falecidos, que são homenageados com flores, velas
e/ou orações, em clima de respeito, reflexão pela vida e saudade.
Segundo Sigmund Freud,
considerado o grande nome da psicanálise de todos os tempos, o luto tem como
característica o conjunto de reações psicológicas, conscientes ou não, que o
indivíduo vivência logo após uma situação de perda. A psicologia atual entende
que esta sequência é natural e não necessariamente se trata de superação ou
esquecimento, e sim de adaptação às novas condições de vida.
O luto, normalmente, está
relacionado à morte, porém, na ciência é visto como provocado por qualquer interrupção
emocional forte que promova tristeza profunda e período de desolação, seja pela
morte de um ente querido, um divórcio ou alguém próximo que foi morar longe. O
processo é dividido em cinco fases e a maioria das pessoas irão desenvolver
pelo menos dois estágios e não necessariamente seguindo uma ordem: negação,
raiva, negociação, depressão e aceitação.
Segundo Lívia Vieira,
psicóloga do Hapvida Saúde, o período mais preocupante é a depressão, quando a
pessoa toma consciência da perda. Em alguns casos, não é recomendável passar
pela situação sozinho. “Os familiares e amigos são essenciais para o estágio de
readaptação para dar suporte emocional, ficar ao lado de quem sofre a perda e
perceber a necessidade de iniciar um tratamento psicológico”, comenta a
psicóloga.
Independente da fase do
luto, a terapia atua de forma indispensável como ferramenta de reorganização
psicológica para dar suporte ao paciente superar o sofrimento. A partir do
tratamento, é possível compreender como lidar com seus sentimentos, novos
conflitos e que não há certo ou errado na forma como se encara a vida ou
expressa a dor. “Por ser uma experiência individual, o processo do luto não
possui duração estabelecida. Pode levar um ano, décadas ou nunca encerrar o
ciclo. Aprender a lidar com cada fase é necessário para ter forças e se
readequar à nova vida, para seguir em frente”, explica Lívia.
Entenda
as fases do luto
·
Negação: não conseguir aceitar a perda e recusar a
acreditar no acontecimento.
·
Raiva: ainda não houve aceitação da perda e começam
questionamentos, como, por exemplo, “por que comigo?”.
·
Negociação: o fato ainda não é
considerado como consumado. A pessoa busca uma forma para as coisas voltaram a
ser como antes.
·
Depressão: fase crítica e delicada,
em que começa o entendimento da perda e a percepção de que não será como antes.
Sensação de perda imediata de sonhos, projetos, mudanças e insistente
lembranças associadas à pessoa.
·
Aceitação: ciclo final do processo
de luto. Não há mais amargura, angústia ou negação. A perda recebe outro olhar
para ser aceita com mais tranquilidade e equilíbrio.
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