Ministério da Saúde incluiu o fumarato de dimetila,
como primeira opção de tratamento da doença, após medicamento apresentar
benefícios comparados a outros tratamentos
Após analisar evidências científicas sobre os
benefícios do medicamento, o Ministério da Saúde irá disponibilizar, como
primeira opção de tratamento, o fumarato de dimetila para pacientes com
esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR). Nos estudos realizados, o
medicamento apresentou maiores benefícios e menos efeitos adversos comparados
aos demais tratamentos já disponibilizados para a doença. A nova medida entrará
em vigor, em até 180 dias, a contar da data de publicação da portaria nº 65,
divulgada em 27 de dezembro de 2019, no Diário Oficial da União (DOU).
O medicamento já
fazia parte do tratamento para a doença no Sistema Único de Saúde (SUS), mas
como segunda opção terapêutica. Antes, o fumarato de dimetila era indicado para
os casos que não apresentam a melhor resposta ou que apresentam falha a
qualquer medicamento da primeira linha de tratamento. Contudo, estudos
avaliados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema
Único de Saúde (Conitec) comprovaram segurança, benefício e custo-benefício do
medicamento para o tratamento, também, como primeira linha.
Em termos de
custo-efetividade e de impacto orçamentário, há expectativa de possível
economia de recursos com a utilização do fumarato de dimetila em primeira linha
terapêutica. Estima-se economia progressiva de até R$ 6,2 milhões nos primeiros
cinco anos da incorporação.
A esclerose
múltipla é uma doença que ataca as células nervosas do paciente, afetando
principalmente o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Esta
doença atinge adultos na faixa de 18 a 55 anos de idade, sendo mais comum em
mulheres e pessoas brancas, levando a importantes consequências físicas e
cognitivas, como dor, problemas com a visão, de equilíbrio e perda de força.
Além da esclerose
múltipla remitente-recorrente, responsável por 85% dos casos, a doença tem mais
duas formas principais de evolução clínica: secundariamente progressiva (EMSP)
e primariamente progressiva (EMPP). Estima-se que haja cerca de 2,3 milhões de
pessoas vivendo com esclerose múltipla no mundo. No Brasil, sua prevalência
pode variar de 1,36 a 27,7 casos por 100.000 habitantes, de acordo com a
região.
OUTROS TRATAMENTOS NO SUS
O SUS conta com a
Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica para atender
pacientes com esclerose múltipla e demais doenças neurológicas. Esta Política
permite aos estados e municípios organizar e desenvolver estratégias de
promoção de qualidade de vida, proteção e recuperação da saúde nos níveis da
Atenção Básica e especializada.
Ao todo, o SUS
oferta 44 procedimentos (clínicos e de reabilitação) para a doença, de forma
integral e gratuita. Também há um conjunto de medicamentos ofertados
especificamente para tratamento de esclerose múltipla aos pacientes cadastrados
no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). São pacientes
que se enquadram nos critérios clínicos e nas diretrizes terapêuticas determinadas
pelo PCDT.
Em 2018, foram
investidos mais de R$ 279 milhões para aquisição de medicamentos para
tratamento da doença no SUS, atendendo 15.689 usuários.
Natália Monteiro com
Jéssica Cerilo
Agência Saúde
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