Ministério da Saúde convida todas as mulheres que estão amamentando a realizarem doações de leite materno, que possui tudo o que o bebê precisa até os seis meses de vida e ajuda a reduzir a mortalidade
Durante o período de férias escolares ou de
feriados prolongados, os estoques de leite humano costumam reduzir. Historicamente,
os primeiros meses do ano são os que têm o menor número de doações. Entretanto,
o cenário em janeiro representa um dos menores índices já registrados, em torno
de 10,7 mil litros de leite doados. O leite materno possui tudo o que o bebê precisa
até os seis meses de vida. Assim, a doação de leite é uma importante estratégia
para a redução de mortes em bebês. Um litro de leite materno pode alimentar até
10 recém-nascidos por dia.
Bebês prematuros ou de baixo peso (menos de 2,5 kg)
precisam do leite materno para se recuperarem mais rápido e crescerem mais
fortes e saudáveis. No Brasil, por ano, cerca de 330 mil crianças nascem
prematuras e precisam da doação de leite, já que permanecem sendo assistidas
nos hospitais e maternidades. Os bebês prematuros representam, em média, 11% do
total de crianças que nascem anualmente, em torno de 3 milhões. Diante deste
cenário, o Ministério da Saúde convida todas as mulheres que amamentam a doarem
seu leite e ajudarem a aumentar os níveis dos estoques dos Bancos de Leite
Humano.
A média de leite materno doado em janeiro, por
exemplo, é de 15 mil litros. Em junho, mês seguinte ao do Dia Mundial de Doação
de Leite Humano, é de quase 17 mil e em agosto, mês em que se comemora a Semana
Mundial da Amamentação, é de 18 mil litros. O Ministério da Saúde também quer
elevar o número de mulheres doadoras, que atualmente é de cerca de 14 mil
pessoas.
“Doar leite materno é um ato voluntário e
solidário, não possui custo para as mães e significa muito para a vida dos
bebês que tanto precisam”, destaca Janini Ginani, coordenadora de saúde da
Criança e Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde.
Em 2019, quase 65% dos bebês prematuros ou de baixo
peso receberam a doação de leite humano. Os bebês internados em unidades
neonatais de todo país (que não podem ser amamentados pela própria mãe) recebem
as doações e, com esse gesto, têm mais chances de recuperação e ficam
protegidos de infecções, diarreias e alergias que podem até matar.
Por ano, aproximadamente 150 mil litros de leite
materno são coletados, processados e distribuídos pela Rede Brasileira de Banco
de Leite Humano aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso.
DOE LEITE
Para doar, basta a mulher estar amamentando, ser
saudável e não estar tomando medicamento que interfira na amamentação. O pote
de leite materno não precisa estar completamente cheio para ser doado. Um pote
de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Dependendo
do peso do prematuro, 1ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que ele for
alimentado.
A orientação é buscar o Banco de Leite Humano ou
Posto de Coleta de Leite Humano mais próximo da residência para que possa fazer
a doação. Outra opção é ligar no Disque Saúde 136 para obter todas as
informações ou tirar dúvidas.
REDE DE
BANCO DE LEITE HUMANO
O Brasil possui a maior e mais complexa rede de
Bancos de Leite Humano do mundo, sendo referência mundial por utilizar
estratégias que aliam baixo custo e alta tecnologia. São 225 Bancos de Leite
Humano no país, sendo que cada um dos 26 estados e o Distrito Federal possui
pelo menos um. Existem ainda 217 postos de coleta, além da coleta domiciliar em
alguns estados.
Os Bancos de Leite Humano possuem profissionais
qualificados para orientar tanto sobre amamentação, quanto sobre a doação do
leite. Assim como os bancos, os postos de coleta de leite humano espalhados por
todo país têm o objetivo de garantir a segurança sanitária do leite humano
coletado. Os Bancos de Leite Humano precisam estar vinculados a um hospital com
assistência materna ou infantil, principalmente os que possuem unidades de
cuidados intensivos em neonatologia.
O aleitamento materno é a melhor fonte de nutrição
infantil, sendo capaz de reduzir em 13% a mortalidade por causas evitáveis em
crianças menores de cinco anos. Protege a criança de doenças como diarreia,
infecções respiratórias e alergias. Além disso, reduz o risco de a criança
desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes, sobrepeso e obesidade na
vida adulta. O Ministério da Saúde recomenda que as crianças sejam amamentadas
até os dois anos ou mais e de forma exclusiva até o sexto mês de vida.
RECONHECIMENTO
INTERNACIONAL
No dia 9 de fevereiro, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) conferiu o Prêmio Dr. Lee Jong-wook de Saúde Pública ao
pesquisador brasileiro João Aprígio de Almeida, pelo trabalho à frente da Rede
Brasileira de Banco de Leite Humano. Trata-se de um dos mais importantes
prêmios da área da saúde. A garantia de acesso ao leite humano é uma estratégia
fundamental e eficaz para a redução da mortalidade infantil no mundo.
Em 2019, os países que integram o grupo BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), além do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai),
decidiram adotar o modelo brasileiro de Banco de Leite Materno. Ainda no ano
passado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, inaugurou o primeiro Banco de Leite Humano de Angola, como
resultado de uma cooperação técnica com o Brasil.
Tinna Oliveira
Agência Saúde
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