Com a intenção de
prevenir acidentes, especialistas do Ibape/SP alertam quais fatores as
organizações de eventos precisam se atentar
Seja em palcos, arquibancadas, camarotes ou
qualquer outra estrutura utilizada no carnaval, é fato que nenhuma deve por em
risco a vida das pessoas, e para isso, seguir todas as medidas de segurança é
essencial. Contratar profissionais especializados e seguir as normas de
montagem e manutenção são fundamentais para evitar acidentes.
Para garantir que os momentos alegres do carnaval
não se transformem em tragédias especialistas do Ibape/SP (Instituto Brasileiro
de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) selecionaram algumas dicas
voltadas aos profissionais responsáveis pela organização de eventos. Confira.
Estrutura
De acordo com o Engenheiro Civil, Elorci de Lima,
diferentemente de estruturas que são preparadas para receber constantemente o
público, as que só são montadas para determinados eventos de carnaval, são
pouco avaliadas. Chamadas de equipamentos urbanos provisórios, estas estruturas
podem causar riscos à segurança das pessoas devido à negligência ou
desconhecimento de alguns organizadores de que é essencial contratar
engenheiros para verificar se está tudo de acordo.
Apesar de não existirem normas específicas para a
montagem dessas construções de carnaval, os padrões normais de projetos de
obras precisam ser seguidos. Estruturas de palcos para shows e arquibancadas,
por exemplo, são feitas de peças verticais consideradas suporte, mas que
precisam de outros equipamentos para ligação na horizontal. Tudo deve ser
dimensionado, ou seja, medido corretamente.
Mesmo com a inspeção de profissionais, podem
ocorrer problemas, e se caso um folião perceber durante alguma festa que uma
peça vertical se soltou de um elemento horizontal ou viu que alguma parte está
deformada, deve alertar algum responsável pelo evento.
Segundo Lima, um ponto bastante negligenciado pelas
empresas que montam essas construções temporárias é o solo. “Muitas vezes,
essas estruturas de carnaval não estão apoiadas em asfalto ou concreto e não é
realizado nenhum teste para verificar se o solo possui capacidade para suportar
determinado peso, ou seja, a carga precisa ser distribuída no solo
adequadamente. A praia, por exemplo, é um local muito suscetível a quedas de
estruturas quando não há inspeção”, diz Lima.
Além de levar em conta a quantidade de equipamentos
e de pessoas que estarão em cima de alguma estrutura, é preciso analisar se a
construção aguenta também a movimentação do público, o que torna ainda mais
essencial o trabalho de engenheiros, que sabem fazer os cálculos e testes
corretos para não haver sobrecarga de peso.
Sistema elétrico
Cabos e fios soltos ou no chão podem oferecer
riscos tão graves quanto estruturas não projetadas, segundo o engenheiro
eletricista Sergio Levin. Portanto, os foliões devem evitar andar perto de
poças de água durante eventos de carnaval pelo risco de proximidade de fios
soltos pelo chão, já que estes podem conduzir energia. A água da chuva,
sozinha, possui certo grau de condutibilidade e misturada com a suor do corpo,
que é composto de sais minerais que também possuem condutibilidade, aumenta a
condução de energia.
“Geralmente, os cabos caem ou se soltam porque as normas técnicas não
foram seguidas, ou pela fadiga dos materiais ou pela intervenção humana, que é
o caso de furto, por exemplo. A presença de brigadistas de emergência e
responsáveis elétricos em eventos de carnaval é fundamental, porque se uma
pessoa estiver tomando choque, você não pode encostar no corpo dela, se não vai
assumir o risco de tomar choque também. O ideal em uma situação dessas, se for
possível, é desligar a fonte de energia”, afirma Levin.
Para evitar que pessoas levem choque também é
recomendável que todas as estruturas de metal como grades e barras que dividem
o público dos artistas, sejam aterradas eletricamente (equipotencialização).
Para isto, é necessário o laudo de um engenheiro eletricista.
De acordo com Levin, é essencial que organizações
de eventos de carnaval tenham um laudo de inspeção elétrica comprovando que
está tudo de acordo, mas caso isso não aconteça ou o público identifique problemas,
mesmo com todas as precauções a organização deve ser avisada de imediato. Ficar
longe de fios e cabos soltos e não ficar descalço também são medidas de
segurança que devem ser adotadas pelos foliões.
Incêndio
Além do perigo de choque, de acordo com o engenheiro civil do Ibape/SP e
Ex-Comandante do Corpo de Bombeiros da PMESP, Cassio Roberto Armani,
geralmente, os focos de incêndio que acontecem durante eventos são causados por
instalações elétricas inadequadas. O profissional aponta que a existência dos
aspectos de prevenção a incêndio é mais do que necessária no laudo que comprova
que está tudo correto com uma estrutura. É preciso que eventos tenham o
documento chamado de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), que
comprova que o local foi inspecionado e licenciado por bombeiros.
“A quantidade de equipamentos, como extintores, depende do tamanho do
local onde está a estrutura, mas é importante que também existam saídas e
iluminação de emergência em locais fechados. Além disso, organizadores de
eventos devem contratar brigadas de incêndio, que devem agir com rapidez em
ocorrências. É imprescindível que tenham pessoas que saibam operar esses tipos
de equipamentos”, afirma Armani.
Serpentina, confete e espuma de carnaval são
inflamáveis. Portanto, os foliões devem tomar cuidado com o uso destes produtos
perto de cigarros acessos, por exemplo. Organizadores de eventos devem prestar
atenção no caso de uso de decorações feitas de isopor ou tecido, que também
pegam fogo com mais facilidade.
Sobre o Ibape/SP
O INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE
ENGENHARIA DE SÃO PAULO – (IBAPE/SP) – Filiado ao IBAPE – Entidade Federativa
Nacional – órgão de classe formado por Engenheiros, Arquitetos e Empresas
habilitadas que atuam na área das AVALIAÇÕES, PERÍCIAS DE ENGENHARIA, INSPEÇÕES
PREDIAIS E PERÍCIAS AMBIENTAIS no Estado de São Paulo, fundado em 15 de janeiro de 1979. Trata-se de entidade sem
fins lucrativos com o objetivo congregar tais profissionais para intercâmbio e
difusão de informações e avanços técnicos. Defende, ainda, interesses
profissionais e morais dos seus associados e visa o aprimoramento profissional
nas áreas afetas, realizando cursos, seminários, workshops, palestras, reuniões
técnicas, livros, artigos e normas.
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