Médicos-veterinários
fazem alerta sobre os riscos das festas para os animais de estimação
O tutor que está pensando em levar seu animal de
estimação para blocos ou bailes de Carnaval precisa estar atento aos riscos que
o passeio pode ocasionar. O som alto, a aglomeração de pessoas e as elevadas
temperaturas são fatores que podem gerar muito estresse para os pets e
contribuir para problemas de saúde e comportamento. O ideal é deixar os pets
longe da folia, em um ambiente tranquilo.
Para o animal, o barulho do som alto e das próprias
pessoas causa um grande incômodo, explica a médica-veterinária Maria Cristina
Reiter Timponi, presidente da Comissão das Entidades Veterinárias do Conselho
Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). Um cachorro,
por exemplo, é quatro vezes mais sensível aos sons do que um ser humano,
destaca a profissional.
“Se o som já é alto para o tutor, imagine para o
pet. Ele fica muito irritado e o estresse pode provocar até o óbito do animal. Neste
estado alterado, a tendência é que a respiração aumente de velocidade, resultando
em uma taquicardia. Se o animal sofre de uma deficiência respiratória, o
problema se agrava, e ele pode ter desmaios, falta de oxigenação e síncope
cardíaca”, pontua Maria Cristina.
E, caso ocorra alguma movimentação inesperada da
multidão, o pet ainda corre o risco de ser pisoteado ou esmagado. “Todos esses
novos estímulos são muito estressantes e podem desenvolver sinais clínicos que
o animal não tinha, como ansiedade, que o tutor terá que direcionar para
tratamento depois”, alerta a Dra. Cristiane Pizzutto, presidente da Comissão de
Bem-Estar Animal do CRMV-SP.
Mesmo o mais dócil e sociável dos animais pode
sofrer muito e apresentar problemas comportamentais. “O estresse pode deixar o
animal mais agressivo e ele pode morder as pessoas, mesmo que o comportamento
não seja da natureza dele”, observa Cristiane. Há também o perigo do pet
ingerir restos de alimentos do solo, inclusive resíduos tóxicos, ou mesmo de
eles serem feridos por objetos cortantes, como cacos de vidro ou latas de
cerveja e refrigerante.
“Além disso, o calor e o esforço farão com que o
animal sinta necessidade de beber muito mais água e em menor intervalo de
tempo, evoluindo rapidamente para um quadro de desidratação”, diz a
médica-veterinária Cristiane Pizzutto. Os riscos de complicação são ainda
maiores, especialmente para os animais braquicefálicos – cuja anatomia do
focinho é curta, como é o caso dos bulldogs, shih-tzus e boxers –, que têm uma
respiração mais delicada.
Atenção ainda para a exposição excessiva ao sol,
que pode causar o “heat stroke” (insolação), assim como com a temperatura do
asfalto, que pode provocar queimaduras nos coxins (almofadas das patas).
Ambiente caseiro confortável
para o pet
Mesmo que o animal de estimação fique no conforto
do lar, ele pode sofrer com o barulho de moradores ou estabelecimentos
vizinhos. Por isso, o tutor deve se preparar para deixar o pet em um ambiente o
mais confortável possível antes de sair para curtir o Carnaval.
Os cuidados diários devem ser mantidos, como
assegurar que a casa esteja ventilada - caso o bicho não tenha uma área externa
para ficar -, assim como garantir o acesso a um espaço protegido do sol e da
chuva - caso o pet fique do lado de fora do imóvel -, além de água limpa e
fresca à disposição.
“É interessante colocar algodão nos ouvidos, para
amenizar o som alto e, caso o animal tenha histórico de estresse com barulho e
agitação, é recomendável a visita a um médico-veterinário de confiança, para
que possa avaliar a necessidade de administração de alguma medicação de forma
segura”, recomenda Maria Cristina Reiter Timponi.
Sobre o CRMV-SPO CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia,
por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional
em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de
fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas
do estado de São Paulo, com mais de 38 mil profissionais ativos. Além disso,
assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados
com as profissões por ele representadas.
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