Embora seja difícil o diagnóstico, alguns
sinais e sintomas indiretos podem indicar o problema
Mais
frequente em idosos, a tontura é um sintoma que também pode vir a se manifestar
em bebês e crianças. De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne
Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez),
as causas mais frequentes são otite média com efusão (OME); e vertigem
paroxística benigna da infância (VPBI) - neste caso as crises são breves, duram
segundos, a criança cai subitamente ou tenta se apoiar em algo, acompanhada de
choro, palidez e suor frio. Pode ser visualizado neste momento o batimento
rápido de olhos em determinada direção, chamado nistagmo. Também pode ocorrer
por vertigem relacionada (vertigem e enxaqueca) ou como um fenômeno equivalente
da enxaqueca (vertigem sem enxaqueca); cinetose ou enjoos de movimento (mal
estar causado por movimento não habitual do corpo, como o enjoo causado ao
andar de carro ou ônibus, viajar de navio, avião, etc.).
“Em
bebês e crianças o diagnóstico é sempre mais difícil que no adulto, pela
dificuldade em colher a história clínica. Entretanto, a história clínica é
fundamental e representa 70% a 80% do caminho para um bom diagnóstico. Além do
exame físico, exames complementares podem ser usados para esclarecer a suspeita
inicial, são eles: o teste otoneurológico (cuja intenção é avaliar o
funcionamento do labirinto), o teste auditivo (para avaliar a capacidade
auditiva), exames de sangue, de imagem, dentre outros”, explica Dra. Jeanne.
Conheça os sinais e sintomas indiretos que podem indicar o
problema:
•
Torcicolo Paroxístico Benigno, pescoço caído para um dos lados, e quando você
tenta colocá-lo no lugar o bebê chora. Esta posição atípica de cabeça pendendo
para o lado trata-se de postura de conforto, estratégia do corpo para evitar o
surgimento do mal estar.
•
Quando o bebê prefere ficar no berço ou no bebê conforto mais do que no colo.
Neste caso o contato do corpo com as superfícies de apoio é bem maior, o que,
consequentemente, aumenta a sensação de estabilidade e equilíbrio. No berço,
muitas vezes, prefere ficar escondido no canto.
•
Vômitos, náuseas, palidez e suor frio sem motivo aparente ou desproporcionais
ao estímulo. Enjoo e vômitos em veículos em movimento, e em brinquedos de
gira-gira.
•
Desenvolvimento Motor / Equilíbrio Precário & Orientação Espacial Diminuída
= quedas frequentes (cai com facilidade e por nada), tromba fácil nas coisas
(esbarra nos móveis, está sempre com ecmoses – áreas escuras por pancadas).
•
Batimento rápido de olhos chamado nistagmo.
O
tratamento da tontura em bebês e crianças é feito de acordo com o diagnóstico e
pode incluir dietas, medicamentos, reabilitação vestibular (método de
tratamento indicado para indivíduos com distúrbios do equilíbrio, feito por
meio de exercícios físicos específicos que visam ativar os mecanismos de
plasticidade neural do Sistema Nervoso Central, buscando acelerar a compensação
vestibular), dentre outros.
“A
tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil
resolução. Entretanto, independente do motivo, quando mais cedo se procura
ajuda maiores as chances de recuperação rápida e menor será a probabilidade de
sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta a
especialista.
Dra. Jeanne
Oiticica
- Médica
otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação
Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da
USP. Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em
Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das
Clínicas – São Paulo.
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