Para a Plan International Brasil,
organização que tem como propósito a promoção dos direitos das crianças e
igualdade das meninas, o resultado da pesquisa do DataFolha, que afirma que 1/3
da população brasileira culpa as mulheres pelos estupros que sofrem, é
aterrador, mas infelizmente confirmado nas estatísticas, já que a certeza da
culpabilidade da vítima faz com que se estabeleça o silêncio e a redução das
denúncias desse tipo de crime.
Viviana Santiago, Gerente Técnica
de Gênero da Plan International Brasil defende que a certeza da impunidade é um
elemento que facilita o aumento desse crime. “Diante dos dados da pesquisa,
cabe a nós questionar se o problema é a certeza de impunidade ou da sensação de
não estar fazendo algo errado?” e continua “O resultado sugere que, além dessa
certeza, existe de fato a convicção de que uma vez que uma mulher não se
comporte de acordo com os padrões - estabelecidos por uma sociedade que, ao
mesmo tempo que objetifica seus corpos a proíbe de exercer sua sexualidade de
forma livre, merece ser violentada. São os homens operando a misoginia de um
papel social que consiste em corrigir o comportamento das mulheres. E isso
é extremamente grave”.
Com estes dados em mãos, podemos
concluir que a cultura do estupro se estabelece a partir da naturalização de
práticas violentas como características da identidade masculina. Uma sociedade
que incentiva meninos e homens a assumirem que seu comportamento sexual, que
viola os corpos e vidas das mulheres, é algo natural, incontrolável e culpa das
vítimas, precisa de mudanças urgentes. E mais uma vez, a Plan International Brasil
reafirma que as violências contra mulheres e meninas têm causas estruturais que
precisam ser reveladas e combatidas: o machismo, o racismo e o classismo marcam
o processo de socialização da sociedade brasileira e por isso é necessário um
esforço para que as bases sejam os princípios da justiça, igualdade de gênero,
liberdade e respeito às diferenças.
Os dados da pesquisa são
alarmantes e referem-se a toda sociedade. “É urgente o chamado para a revisita
aos meios de comunicação, aos currículos escolares, as práticas das
instituições que reiteram estereótipos de gênero e reproduzem os padrões de
socialização misóginos. É necessária uma perspectiva de socialização que
promova o acesso integral e irrestrito das mulheres aos seus direitos, ao
direito a uma vida livre de violência, ao bem viver”, declara Viviana.
Nesse momento, reafirmamos nossos
compromissos pela igualdade de gênero e pelo protagonismo das mulheres e
meninas. Vamos seguir mobilizando a sociedade através de nossos projetos, campanhas
e mobilizações, no marco do Movimento Global “Por Ser Menina” (Because I am a Girl), e
também em conjunto com outras organizações e com a Rede de Promoção dos
Direitos das Meninas e Igualdade de Gênero. Assim, meninas e mulheres serão as
transformadoras de suas vidas e alcançarão seu pleno potencial, livres de
violências e outras barreiras que lhe são impostas pelo fato de serem mulheres.
Sobre a
Plan International Brasil: A Plan International é uma
organização não-governamental de origem inglesa ativa desde 1937 e presente em
71 países. No Brasil desde 1997, a organização possui hoje mais de 20 projetos,
impactando aproximadamente 70 mil crianças e adolescentes. A Plan International
Brasil parte do princípio de que assegurar o direito de crianças e adolescentes
é um dever e não uma escolha. Em 2011, lançou a campanha mundial “Por Ser
Menina”, com o objetivo de acabar com as raízes da discriminação contra
meninas, exclusão e vulnerabilidade, por meio da educação e do desenvolvimento
de habilidades. Como resultado dos esforços da Plan International, em 2012 a
ONU instituiu o dia 11 de outubro o Dia Internacional da Menina. Para mais
informações sobre a organização, acesse: www.plan.org.br
Tudo que é cultura é feito pela maioria da população de um grupo. existem , segundo o ipeia, 500 mil estupros por ano no Brasil em uma população de mais 100 milhões de habitantes. A grande maioria( mais de 99% da população) não são considerados estupradores . Temos que combater esse crime , mas isso não é cultura do estupro . ninguém fala em cultura do aborto, apesar existir,segundo o o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 850 mil abortos por ano , estima-se que 7,4 milhões de brasileiras já fizeram pelo menos um aborto na vida. Podemos falar em cultura do aborto? e ainda falam em legalizar a prática. isso não são culturas são crimes que devem ser combatidos
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