Celso Ishiy revela todos os segredos da
tradicional bebida japonesa que vem conquistando cada vez mais os brasileiros
O
saquê praticamente permaneceu no Japão ao longo dos séculos apreciado somente
pelos habitantes locais, sendo pouco exportado, se considerado o seu potencial.
Mas, isso mudou ao longo dos últimos 20 anos e, agora, as fabricantes estão se
esforçando para compartilhar a bebida ao redor do mundo.
Com
uma estreita ligação com o povo japonês e sua cultura, o Brasil possui mais
potencial para o crescimento do saquê fora do Japão do que, talvez, qualquer
país europeu. O que tem travado esse florescimento é a falta de informação.
É
uma bebida cujo tempo chegou. Cheio de sabores a aromas, incrivelmente puro,
simples e complexo ao mesmo tempo, profundo em todos os aspectos e
surpreendentemente adaptável, o saquê detém grande potencial para a sua
apreciação.
O
saquê percorreu uma história fascinante de mais de dois mil anos até chegar a
essa mistura que os consumidores vêm bebendo atualmente. Esta bebida é uma das
mais naturais e complexas que existem, sendo feita a partir de ingredientes
básicos – arroz e água, somados aos agentes de fermentação (levedura e o fungo
koji-kin).
Para
disseminar a cultura do saquê no Brasil, Celso
Ishiy, um dos maiores especialistas da bebida no país e diretor
da TRADBRAS,
empresa focada na importação e exportação de produtos da cultura oriental,
revelou o que chamou de 10 goles de saquê. Confira:
-
Saquê é a cachaça do Japão?
Sem
desmerecer a nossa cachaça, que está melhorando de qualidade, para começar,
eles pertencem a diferentes categorias. A cachaça é um destilado. O saquê é um
fermentado de arroz.
-
Saquê se toma com sal?
Já
vi muita gente colocar sal para tomar um gole de saquê. Antigamente, no tempo
dos meus avós, até se bebia assim. Desde o surgimento dos saquês Premium não se
faz mais isso. Você mistura energético em um whisky 18 anos?
-
Existe mais de um tipo de saquê?
O
saquê não é uma bebida genérica. Para se ter uma ideia, há mais de 1800
fabricantes de bebidas no Japão que produzem cerca de 40 mil rótulos, o que
confere uma diversidade incrível. Cada um deles produz saquê de diferentes
tipos e classificações. A boa noticia é que está cada vez mais fácil
encontrá-los no Brasil.
-
O saquê é uma bebida sagrada?
Assim
como o vinho tem um significado religioso para a Igreja Católica, o saquê é
usado em cerimônias xintoístas, principalmente no Japão, onde é considerado a
bebida dos deuses.
-
É melhor tomar saquê quente ou gelado?
Hoje,
a maioria prefere consumir saquê gelado, mas depende do tipo e ocasião. Muita
gente acha que o saquê quente serve apenas para disfarçar a má qualidade. Já
adianto que é possível beber excelentes saquês quentes.
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Por que se toma saquê em copo quadrado?
É
bonito e exótico, mas hoje em dia não se bebe mais saquê no massu, o copo
quadrado de madeira. É um hábito antigo que alguns restaurantes persistem em
usar.
-
Saquê combina só com comida japonesa?
Muito
pelo contrário. O saquê harmoniza com vários tipos de bebida – da italiana à
alemã - até com feijoada. Cada prato tem o saquê que merece.
-
Existe caipirinha de saquê no Japão?
A
caipirinha de saquê é uma invenção brasileira, embora os japoneses usem o saquê
comum e shochu (destilado) para preparar outros tipos de coquetéis. No Japão, a
versão Premium da bebida é a que tem feito mais sucesso.
-
É verdade que o saquê não dá ressaca?
O
saquê Premium é uma das bebidas mais puras que existem e isso faz com que não
cause ressaca na maioria das pessoas. É bom lembrar que cada corpo reage de
maneira diferente à bebida alcoólica.
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O saquê tem prazo de validade?
O
saquê não tem prazo de validade se conservado em condições adequadas.
Recomenda-se, no entanto, degustarem, em, no máximo, dois anos para sentir o
sabor que a fabricante quis propiciar. Existem também saquês envelhecidos, como
o vinho.
Celso
Ishiy - sommelier de saquê e um dos principais especialistas no assunto no
Brasil. Fez diversos cursos no Japão, entre eles o Sake Professional Course,
ministrado por John Gauntner, o principal especialista estrangeiro em saquê.
Para conhecer o processo de produção em detalhes, trabalhou em diversas
fábricas de saquê no Japão. A convite da Jetro (Japan External Trade
Organization), órgão do governo japonês para desenvolvimento do comércio entre
os países, conheceu mais fabricantes em diversas províncias. Ministrou
treinamentos, cursos e palestras sobre o tema em instituições como Fundação
Japão, ABB (Associação Brasileira de Bartenders) e evento “Japão à Brasileira”,
organizado pela Prefeitura de São Paulo. Elabora cardápios de saquê e ministra
treinamentos para restaurantes e empórios. Além disso, é um dos diretores da TRADBRAS, empresa focada
na importação e exportação de produtos da cultura oriental. Para mais
informações, acesse: www.tradbras.com.br.
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