Profa. Dra. Simone Elias, Coordenadora do
ambulatório de Mastologia da Unifesp, tira dúvidas sobre os tipos de biópsias
disponíveis no Brasil e como a conduta após a mamografia pode mudar a história
da paciente
O
mês de outubro é marcado por campanhas de conscientização que tem como objetivo
alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do
diagnóstico precoce do câncer de mama. Muito se fala sobre autoexame e
mamografia, mas o que poucos sabem é o caminho que uma mulher percorre ao
receber a notícia de uma anormalidade na mamografia.
De
acordo com a coordenadora do ambulatório de Mastologia da Unifesp –
Universidade Federal de São Paulo, a especialista Profa. Dra. Simone Elias, o
assunto ainda é desconhecido pela maioria e causa pânico. “A mulher geralmente
se desespera quando há alguma alteração na mamografia, mas na maioria das vezes
essa alteração pode ser um cisto, nódulo ou calcificações benignas e não
câncer”, explica. No entanto, o diagnóstico preciso após a mamografia é
fundamental para diminuir a mortalidade relacionada a doença.
Para
analisar a mamografia existe uma padronização mundial chamada de BI-RADS, que
analisa as características das lesões mamárias e estima o risco de ser câncer.
BI-RADS 4 ou 5 são encaminhados para a biopsia.
E
depois da Mamografia? Biopsias mudam caso a caso
A
biopsia é a retirada de uma parte da área suspeita revelada pela mamografia
para análise. A palavra biopsia assusta, mas a especialista tranquiliza quem
está passando por isso. “Quando a lesão é categoria BI-RADS 4, apenas 1 a cada
5 casos é câncer, e quanto menor a lesão maior as chances de cura e tratamentos
menos agressivos. O médico deve saber conduzir bem o caso para garantir o
diagnóstico adequado e a qualidade de vida da mulher”, explica.
Existem
basicamente 4 tipos de biopsia no Brasil: cirúrgica, PAAF (agulha fina), core
biopsia (fragmento) ou biopsia a vácuo, cada uma indicada para um tipo de lesão
ou caso. A especialista explica que a biopsia cirúrgica - quase sempre feita
com a paciente sob anestesia geral, é ainda a mais utilizada no país, porém “é
bastante invasiva, com maior possibilidade de complicações”, afirma.
O
método mais recente é a biopsia assistida a vácuo, que consegue evitar que 70%
a 80% das mulheres com achados inicialmente suspeitos façam uma cirurgia
desnecessária, já que retira para análise uma amostra maior do tecido lesionado
e, em alguns casos, pode remover toda lesão. Esse tipo de biópsia é feita sob
anestesia local, minimamente invasiva e guiada por um equipamento de imagem
para direcionar a agulha até o alvo a ser estudado. A biopsia a vácuo é a mais
indicada para os casos de microcalcificações agrupadas e irregulares.
“Infelizmente, ainda é pouco usada no Brasil, apesar de reduzir os custos de
internação, complicações e custos sociais”, explica a especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário