Zumbido no ouvido atinge cerca de 36% dos
idosos
Perda
auditiva, tontura, sensação de ouvido tampado são sintomas comumente associados
ao problema
No
Dia Internacional do Idoso (instituído em 1991 pela ONU - Organização das
Nações Unidas), a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica,
especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez), explica
sobre as causas, diagnóstico e tratamento do zumbido de ouvidos em
idosos.
1.Qual
a incidência de zumbido nos idosos?
A
incidência de zumbido em idosos é de 36%. Recentemente realizamos uma pesquisa
de campo com entrevistas em domicílio com cerca de 2000 habitantes da cidade de
São Paulo e a prevalência de zumbido na população foi de 22%, este valor salta
para 36% quando analisado o percentual entre aqueles com mais de 65 anos de
idade, ou seja, idosos tem 1,6 vezes mais chances de apresentarem zumbido. Isto
é fácil de entender já que a idade está habitualmente associada a um desgaste
natural do corpo e dos sistemas, e a audição não fica de fora. Além disto, o
envelhecimento está acompanhado de uma série de comorbidades, incluindo
diabetes, pressão alta, apneia do sono, colesterol alto, entre outras, que
interferem direta ou indiretamente no funcionamento do ouvido. Somado a isto,
este percentual tem apresentado tendência ao crescimento nos últimos anos tendo
em vista o aumento da exposição ambiental a ruídos e a longevidade da
população.
2.Quais os sinais que antecedem o problema de zumbido
nessa fase?
Perda
auditiva, tontura, sensação de ouvido tampado são sintomas comumente associados
ao zumbido, e que podem anteceder o aparecimento do mesmo. Neste caso é sempre
importante procurar a opinião de um Otorrinolaringologista. Algumas vezes, o
problema é simples e poderá ser resolvido no próprio consultório, como no caso
de uma rolha de cera. Outras vezes exames adicionais serão necessários para
esclarecer o quadro clínico.
3.Como se dá o diagnóstico?
O
diagnóstico envolve uma boa história clínica e exame físico adequado. Algumas
vezes exames complementares serão necessários, incluindo audiometria (teste
feito em uma cabine acusticamente tratada para evitar os sons ambientais
externos), exames de sangue, exames de imagem.
4.Qual o tratamento adequado?
O
tratamento é customizado caso a caso, vai depender da origem do problema. Às
vezes, o zumbido pode sofrer influência muscular (músculos da cabeça e pescoço)
e nestes casos algumas sessões de fisioterapia são suficientes para amenizar o
sintoma. Outras vezes o fator desencadeante pode estar na dieta, na privação de
sono e o tratamento é direcionado para a correção destes. Em alguns casos o
maior problema é a dificuldade em escutar, isto muitas vezes pode incomodar até
mais que o próprio zumbido. Nestes casos os aparelhos auditivos de amplificação
sonora são fundamentais para o alívio do zumbido, pois audição e zumbido andam
juntos e muito atrelados um ao outro.
5.Quais as consequências desse problema causado nos
idosos?
Insônia,
confusão mental, irritabilidade, estresse, ansiedade, tristeza, depressão,
dificuldade de entender o que os outros falam, dificuldade em se comunicar,
isolamento social, desconfiança, dificuldade de interagir com familiares e
entes próximos, incompreensão, choro, falta de ânimo, descrença, desesperança
estão entre as queixas associadas mais observadas.
Dra. Jeanne Oiticica - Médica otorrinolaringologista
concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina
de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em
Otorrinolaringologia (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP. Responsável do
Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.
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