domingo, 25 de setembro de 2016

Os bebês também sentem tontura



Embora seja difícil o diagnóstico, alguns sinais e sintomas indiretos podem indicar o problema

Mais frequente em idosos, a tontura é um sintoma que também pode vir a se manifestar em bebês e crianças. De acordo com a médica otorrinolaringologista, Dra. Jeanne Oiticica, especialista em Otoneurologia (que trata zumbido, tontura e surdez), as causas mais frequentes são otite média com efusão (OME); e vertigem paroxística benigna da infância (VPBI) - neste caso as crises são breves, duram segundos, a criança cai subitamente ou tenta se apoiar em algo, acompanhada de choro, palidez e suor frio. Pode ser visualizado neste momento o batimento rápido de olhos em determinada direção, chamado nistagmo. Também pode ocorrer por vertigem relacionada (vertigem e enxaqueca) ou como um fenômeno equivalente da enxaqueca (vertigem sem enxaqueca); cinetose ou enjoos de movimento (mal estar causado por movimento não habitual do corpo, como o enjoo causado ao andar de carro ou ônibus, viajar de navio, avião, etc.). 

“Em bebês e crianças o diagnóstico é sempre mais difícil que no adulto, pela dificuldade em colher a história clínica. Entretanto, a história clínica é fundamental e representa 70% a 80% do caminho para um bom diagnóstico. Além do exame físico, exames complementares podem ser usados para esclarecer a suspeita inicial, são eles: o teste otoneurológico (cuja intenção é avaliar o funcionamento do labirinto), o teste auditivo (para avaliar a capacidade auditiva), exames de sangue, de imagem, dentre outros”, explica Dra. Jeanne.

Conheça os sinais e sintomas indiretos que podem indicar o problema:

• Torcicolo Paroxístico Benigno, pescoço caído para um dos lados, e quando você tenta colocá-lo no lugar o bebê chora. Esta posição atípica de cabeça pendendo para o lado trata-se de postura de conforto, estratégia do corpo para evitar o surgimento do mal estar.

• Quando o bebê prefere ficar no berço ou no bebê conforto mais do que no colo. Neste caso o contato do corpo com as superfícies de apoio é bem maior, o que, consequentemente, aumenta a sensação de estabilidade e equilíbrio. No berço, muitas vezes, prefere ficar escondido no canto.

• Vômitos, náuseas, palidez e suor frio sem motivo aparente ou desproporcionais ao estímulo. Enjoo e vômitos em veículos em movimento, e em brinquedos de gira-gira.

• Desenvolvimento Motor / Equilíbrio Precário & Orientação Espacial Diminuída = quedas frequentes (cai com facilidade e por nada), tromba fácil nas coisas (esbarra nos móveis, está sempre com ecmoses – áreas escuras por pancadas). 

• Batimento rápido de olhos chamado nistagmo.

O tratamento da tontura em bebês e crianças é feito de acordo com o diagnóstico e pode incluir dietas, medicamentos, reabilitação vestibular (método de tratamento indicado para indivíduos com distúrbios do equilíbrio, feito por meio de exercícios físicos específicos que visam ativar os mecanismos de plasticidade neural do Sistema Nervoso Central, buscando acelerar a compensação vestibular), dentre outros.

“A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independente do motivo, quando mais cedo se procura ajuda maiores as chances de recuperação rápida e menor será a probabilidade de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta a especialista.




Dra. Jeanne Oiticica - Médica otorrinolaringologista concursada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia  (LIM-32) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.


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