Neurologista
do Hospital Santa Paula explica por que o Acidente Vascular Cerebral exige
atendimento rápido e como é feito o tratamento
O Acidente Vascular
Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, é a segunda causa de morte
no Brasil. Todos os anos, o país registra mais de 100 mil óbitos por AVC, de
acordo com o Ministério da Saúde. Entre os fatores responsáveis pelo alto
número de perdas está a necessidade de resposta especializada rápida para
garantir a recuperação: na maioria dos casos, para oferecer as maiores chances
de reversão do quadro, o tratamento deve ser feito em até quatro horas e meia
do início dos sintomas.
A neurologista do
Hospital Santa Paula, Renata Simm, explica que, dentro desse intervalo, é
possível diagnosticar corretamente o AVC e realizar procedimentos que vão
promover a recuperação do paciente e evitar ou reduzir as sequelas.
O AVC é um acidente
nos vasos sanguíneos do cérebro e pode acontecer de duas formas. O Isquêmico é
o entupimento de um vaso, diminuindo a irrigação de sangue em áreas do cérebro.
Trata-se do tipo mais comum, correspondendo a cerca de 85% dos casos. Já o
Hemorrágico é o rompimento de uma artéria ou veia, provocando uma hemorragia
local e consequentemente inchaço e aumento da pressão intracraniana.
Nos dois tipos, a
demora no atendimento pode levar a morte de áreas do cérebro e provocar danos
irreversíveis ao funcionamento do órgão, por isso o tratamento precisa
acontecer com agilidade, seja para restabelecer o fluxo sanguíneo ou controlar
a hemorragia.
Tratamentos
No caso do acidente
isquêmico, o tratamento mais comum é a trombólise, que realiza a dissolução do
coágulo com medicação. Para ser eficaz, esse procedimento precisa ser feito em
até quatro horas e meia depois do início dos sintomas. Alguns casos também
podem ser revertidos com trombectomia, cateterismo cerebral que desobstrui o
vaso e pode ser executado até seis horas após o início do acidente vascular. Já
o tratamento do AVC hemorrágico pode ser feito com a drenagem cirúrgica do
sangue, em alguns casos.
O Hospital São Paula,
em São Paulo, possui um Programa de Cuidados Clínicos para AVC Isquêmico
abrangente de prevenção, atendimento e recuperação e foi, em 2014, o segundo
hospital da América Latina a receber a certificação JCI para tratamento da
doença. A Joint Comission International é a mais importante instituição
acreditadora de qualidade e segurança em saúde do mundo e estabelece critérios
rígidos, comprovando assim a excelência da instituição.
"Para que o
atendimento do paciente com AVC seja efetivo, todo o hospital deve estar
preparado para identificar o problema, por isso promovemos um treinamento
amplo. Desde a portaria e a recepção, os colaboradores estão aptos a reconhecer
os sintomas e acelerar o encaminhamento emergencial para os
especialistas", conta Renata Simm. "A partir da triagem, realizamos a
avaliação médica, tomografia de crânio, coleta de exames para verificar o tipo
e a extensão do problema e, em no máximo uma hora, o paciente deve estar recebendo
o tratamento correto "
O programa inclui o
acompanhamento do paciente por um ano após o episódio e conta com uma equipe
multidisciplinar, complementada por fonoaudiólogos, psicólogos, farmaceuticos,
terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, nutricionista e enfermeiros
especializados. Mais de 800 pacientes já passaram pelo programa.
Causas e Sintomas
Entre as causas
conhecidas do AVC, um dos maiores vilões é a hipertensão. Fazem parte do grupo
de risco também os fumantes, diabéticos, mulheres que usam anticoncepcional e
são tabagistas, pessoas com altos níveis de colesterol, sedentárias e/ou
obesas, portadores de arritmias cardíacas. Por isso, manter um estilo de vida
saudável, praticar exercícios e controlar regularmente as doenças crônicas é
fundamental para evitar esse problema.
No entanto, mesmo quem
está fora do grupo de risco deve conhecer os sintomas e estar atento a seu
organismo. A neurologista afirma que o acidente vascular cerebral se manifesta
de repente por sinais como perda de força nos membros, alteração da
sensibilidade ou sensação de formigamento em um dos lados do corpo, fala
embaralhada, perda dos movimentos na face ou "entortamento" do rosto,
coordenação motora limitada, confusão mental ou dor de cabeça súbita.
"Diante de qualquer sinal de alerta, é fundamental procurar um
pronto-socorro para o diagnóstico correto o quanto antes. Para a melhor
recuperação, cada minuto é importante".
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