"Se ele paralisa
e dificulta as atividades essenciais, podemos ter aí um problema", afirma
psicóloga
Uma Pesquisa Comportamental Pós-Covid, realizada pela empresa de soluções
integradas Go2Mob, apontou que 50% da população brasileira teme sair de casa. O
estudo, que envolveu todos os Estados do país, foi feito com mais 52,5 mil
pessoas.
Apesar se ser algo compreensível, visto o número de mortes ainda acentuado e a
recomendação de distanciamento social, é preciso estar alerta para o "Fear
of Going Out (FOGO)", termo em inglês para a síndrome psicológica
associada ao medo excessivo de sair de casa.
"O medo é um medidor, serve como um termômetro; ele é natural quando nos
sentimos ameaçados diante de uma situação desconhecida, ainda mais quando ela
coloca em risco nossas vidas. A normalidade dele dentro deste contexto que
vivemos é entender a complexidade de tudo isso e não se colocar em risco de
forma desnecessária, contudo se ele paralisa e dificulta as atividades
essenciais, como ir ao mercado ou farmácia, por exemplo, ou mesmo trabalhar se
preciso, podemos ter aí um problema", destaca Mariete Duarte, psicóloga da
Clínica Maia.
A especialista ressalta que é preciso estar atento, se o medo se torna
irracional, com a presença de pensamentos obsessivos acerca da pandemia,
somatização e prejuízo no desempenho de tarefas do dia a dia, pode ser
necessário procurar o auxílio psicológico.
"Ele deixa de ser genuíno (que seria um cuidado) e passa a ser excessivo
quando entram em jogo sentimentos paranoicos persistentes, ou seja, quando a
pessoa não sai de sua casa de forma alguma, ou ao sair experimenta uma
ansiedade intensa e forte sensação de morte iminente", explica.
Nesses casos, é preciso o acompanhamento profissional para avaliar a
necessidade, por exemplo, de psicoterapia ou mesmo da utilização de
medicamentos. O importante é procurar a ajuda especializada.
"Um pouco de medo é normal, mas quando ele se torna incapacitante, ele
deixa de exercer seu papel vital de proteção em nosso cotidiano e pode se
transformar em algo seriamente patológico", comenta a psicóloga.
Vale ressaltar que pessoas introvertidas e
depressivas acabam ficando vulneráveis ao surgimento desse temor extremo por já
terem uma pré-disposição psicológica a ele. Portanto, elas já devem procurar
suporte profissional pela fragilidade acarretada pelo período atual. "Em
transtornos como a depressão já existe um favorecimento à desesperança e
catastrofização (imaginar e vivenciar o pior cenário), por isso é preciso ter
cuidado e pedir ajuda", destaca Mariete.
Para
prevenir e lidar melhor com esse medo de ir às ruas em um momento ainda tão
delicado, é essencial manter uma rotina diária mesmo sem sair muito de casa,
ter horários para as tarefas, cuidar da alimentação e fazer atividades físicas
regulares, assim como possuir momentos de lazer. "Evite também ver
notícias sensacionalistas que fale só sobre mortes, e converse com as pessoas
queridas, mesmo que seja pela web. O ideal mesmo é tentar não se jogar no sofá
o dia todo e/ou nem tornar essa a única prática de descanso e lazer",
completa.
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