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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Medo de sair de casa afeta metade da população e pode se tornar patológico

"Se ele paralisa e dificulta as atividades essenciais, podemos ter aí um problema", afirma psicóloga



Uma Pesquisa Comportamental Pós-Covid, realizada pela empresa de soluções integradas Go2Mob, apontou que 50% da população brasileira teme sair de casa. O estudo, que envolveu todos os Estados do país, foi feito com mais 52,5 mil pessoas. 


Apesar se ser algo compreensível, visto o número de mortes ainda acentuado e a recomendação de distanciamento social, é preciso estar alerta para o "Fear of Going Out (FOGO)", termo em inglês para a síndrome psicológica associada ao medo excessivo de sair de casa.

"O medo é um medidor, serve como um termômetro; ele é natural quando nos sentimos ameaçados diante de uma situação desconhecida, ainda mais quando ela coloca em risco nossas vidas. A normalidade dele dentro deste contexto que vivemos é entender a complexidade de tudo isso e não se colocar em risco de forma desnecessária, contudo se ele paralisa e dificulta as atividades essenciais, como ir ao mercado ou farmácia, por exemplo, ou mesmo trabalhar se preciso, podemos ter aí um problema", destaca Mariete Duarte, psicóloga da Clínica Maia.

A especialista ressalta que é preciso estar atento, se o medo se torna irracional, com a presença de pensamentos obsessivos acerca da pandemia, somatização e prejuízo no desempenho de tarefas do dia a dia, pode ser necessário procurar o auxílio psicológico.
"Ele deixa de ser genuíno (que seria um cuidado) e passa a ser excessivo quando entram em jogo sentimentos paranoicos persistentes, ou seja, quando a pessoa não sai de sua casa de forma alguma, ou ao sair experimenta uma ansiedade intensa e forte sensação de morte iminente", explica.

Nesses casos, é preciso o acompanhamento profissional para avaliar a necessidade, por exemplo, de psicoterapia ou mesmo da utilização de medicamentos. O importante é procurar a ajuda especializada.
"Um pouco de medo é normal, mas quando ele se torna incapacitante, ele deixa de exercer seu papel vital de proteção em nosso cotidiano e pode se transformar em algo seriamente patológico", comenta a psicóloga.

Vale ressaltar que pessoas introvertidas e depressivas acabam ficando vulneráveis ao surgimento desse temor extremo por já terem uma pré-disposição psicológica a ele. Portanto, elas já devem procurar suporte profissional pela fragilidade acarretada pelo período atual. "Em transtornos como a depressão já existe um favorecimento à desesperança e catastrofização (imaginar e vivenciar o pior cenário), por isso é preciso ter cuidado e pedir ajuda", destaca Mariete.

Para prevenir e lidar melhor com esse medo de ir às ruas em um momento ainda tão delicado, é essencial manter uma rotina diária mesmo sem sair muito de casa, ter horários para as tarefas, cuidar da alimentação e fazer atividades físicas regulares, assim como possuir momentos de lazer. "Evite também ver notícias sensacionalistas que fale só sobre mortes, e converse com as pessoas queridas, mesmo que seja pela web. O ideal mesmo é tentar não se jogar no sofá o dia todo e/ou nem tornar essa a única prática de descanso e lazer", completa.



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