Não é de hoje que as pessoas me perguntam qual é o melhor momento para contratar o serviço de um psicólogo. Tem idade? Situação de vida? Será que terapia é para mim? Esses são questionamentos que costumam surgir para os que ainda não experimentaram as vantagens deste tipo de serviço.
Sim, terapia é um serviço que deve ser
contratado como outro qualquer. Você não faz dieta, vai no salão de beleza, na
manicure, vai na academia, coloca botox, faz limpeza de pele, vai ao dentista,
ao médico, etc? Deveria ir ao psicólogo também, afinal a cabeça é o elemento mais importante e
significativo desse nosso corpinho. Ah, e ela não está em cima do pescoço
apenas para enfeite. Ela é responsável pelas nossas funções cognitivas,
executivas e comanda praticamente todas as ações que tomamos diariamente, mesmo
que você não perceba.
Bom, se você está se perguntando se terapia é
para você, a minha dica será sempre um sonoro "sim". Terapia é para
qualquer pessoa, de qualquer idade. Se você acha que tem algo a melhorar na sua
jornada enquanto ser vivo, sim, terapia é pra você!
Terapia é uma das ferramentas mais importantes
que autodesenvolvimento que conheço. Não estou falando apenas e
autoconhecimento, mas também da capacidade de tomar ações diante do ganho de
consciência à respeito de si.
Terapia é fundamental para gente que não aceita
feedback. Sabe aquelas pessoas que não se responsabilizam por nada? Que estão
sempre se colocando no papel de vítimas? Aquelas que culpam o chefe, o colega,
a mãe, o pai, os irmãos, o cônjuge, a economia, o presidente, o coronavírus, ou
qualquer outra coisa pelas circunstâncias da vida? Tem quem culpe outros
indivíduos até pela sua infelicidade.
Terapia é para o sujeito acima. Se
responsabilizar pelas rédeas da vida é uma das primeiras coisas que um bom
psicólogo vai te ensinar. E não para por aí não!
Terapia é um ótimo instrumento para quem se
frustra com os nãos que a vida oferece. Para quem não tem persistências, que
desiste fácil dos objetivos, que recua dos desafios sem ao menos tentar. Sabe
aquelas pessoas que não param em emprego algum? Que ao sinal de primeira
dificuldade pedem para sair? Que desistem dos amores por medo de sofrer ou de
serem abandonados?
É bem fácil reconhecer essas pessoas. Talvez
elas não se reconheçam. Elas têm medo de encarar a própria imagem diante do
espelho. Sentem dificuldade em assumir seus erros, suas falhas, de aceitar
orientações. Aliás, elas têm extrema dificuldade de ouvir. Ficam presas em um
universo próprio e paralelo. Estão sempre repetindo as mesmas atitudes, fazendo
a história pessoal se repetir.
Já viu gente que desiste fácil? Que fecha
portas ao invés de mantê-las abertas? Que não se despedem de colegas, não
agradecem seus pares, seus mentores e até mesmo aqueles amigos de boteco tão
queridos? Aqueles que afastam propositalmente as pessoas que amam. Tem muita
gente assim por aí. A terapia ajudaria e muito essas pessoas a sofrerem menos.
Terapia também é bom para quem tem dificuldade
para amadurecer. Acreditem, tem muita de gente de 30 e poucos que se comporta
como adolescente. Outro dia observei um grupo de psicólogos debatendo sobre o
adolescente mais velho que cada um já havia atendido. Uma delas respondeu: 39
anos.
Tem muito adulto que vive na barra da saia da
mãe. Incapaz de ter escolhas próprias, atitudes maduras, que se deixar passa o
dia na frente da TV ou do video game. E tem sempre aquela turma do corpo mole.
Que finge demência achando que todo mundo ao redor é bobo. Aquele colega que
não sabe trabalhar em equipe, que procrastina, que promete o que não consegue
cumprir. Que fala um monte de sim, quando deveria falar não.
Aliás, se tem uma coisa que a terapia ensina é
a falar não. Um bom psicólogo vai ensinar qualquer pessoa a reconhecer e
estabelecer limites. Falar não, ou melhor, saber falar não é uma benção, uma
verdadeira dádiva. E acreditem, você pode aprender a falar não na terapia.
Psicoterapia e autoconhecimento fazem bem demais. Conheço gente que ao
invés de colocar a culpa dos problemas atuais na pandemia e no desemprego,
aprendeu a costurar e anda fazendo dinheiro comercializando máscaras
reutilizáveis. Esta pessoa sabe que está nas mãos dela decidir rir ou chorar,
agir ou reclamar. E depois ainda vão dizer que ela teve sorte rs. Ela apenas
tomou as rédeas.
Já conheci muita gente super inteligente, com
QI altíssimo, mas totalmente disfuncional do ponto de vista emocional. Gente
que chora só de pensar no chefe, na meta, no cliente, no compromisso. Que se
cobra pelas atividades erradas. Gente que fica doente toda hora. Cai cabelo,
tem problema de pele, gastrite, enxaqueca, alergia, doença autoimune e por aí
vai. A imunidade está sempre lá embaixo. Aliás, tem gente que só falta ser o
melhor amigo do plantonista do hospital mais próximo de casa.
Quando alguém me pergunta será que terapia é
pra mim, eu respondo: terapia é pra quem é forte! É para quem é capaz de olhar
para dentro de si e segurar o rojão. Quem consegue mergulhar dentro de si e
encarar a própria sombra. Seus medos, suas angústias, seu lado vulnerável.
Terapia é para quem tem coragem de se desafiar.
Há quem pensa que mudar de cidade, de emprego,
de país, de marido ou de namorado resolve. Sinto informar que não! Só muda o
problema de lugar, transfere a culpa para o outro e passa a vida infeliz.
Outro dia, durante uma sessão de mentoring,
ouvi a história de uma pessoa que aos 65 anos de idade havia descoberto que
passou a vida na profissão errada. Não estava feliz com sua carreira, com a
empresa e nem com suas conquistas. Nada tinha valido à pena. Eu pensei comigo:
ainda bem que comecei a terapia aos 30.
Tempo é vida, é felicidade. Tempo é a única
coisa que não volta atrás e que não conseguimos comprar. E, se tem um tempo bem
investido nesta minha vida, ah posso afirmar que é aquela uma horinha semanal
com a Ju, minha psicóloga .
É ali que eu descubro uma Tati nova toda
semana. Me reinvento! Me percebo frágil e ao mesmo tempo forte. Insegura, mas
também determinada, persistente. Ali, naquela uma hora semanal, aprendo a
estabelecer meus limites e ser protagonista da minha trajetória de vida.
Afinal, a única responsável pelas minhas escolhas e atitudes, certas ou
erradas, sempre serei eu! E viva quem inventou essa tal de terapia.
Tatiana Pimenta - CEO e fundadora
da Vittude. Engenheira que se apaixonou pela Psicologia, pelo estudo constante
do comportamento humano e da felicidade. Com mais de 15 anos de experiência
profissional, foi executiva de sucesso em empresas de grande porte como
Votorantim Cimentos e Arauco. Única brasileira finalista da premiação
internacional Cartier Women's Initiative Awards em 2019. Faz terapia há mais de
8 anos, é maratonista amadora e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida
de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. É
colunista dos portais Money Times, Startupi e Superela.
Vittude
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