quinta-feira, 30 de julho de 2020

AVC precisa de resposta em até 4 horas e meia; entenda

Neurologista do Hospital Santa Paula explica por que o Acidente Vascular Cerebral exige atendimento rápido e como é feito o tratamento

 

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, é a segunda causa de morte no Brasil. Todos os anos, o país registra mais de 100 mil óbitos por AVC, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre os fatores responsáveis pelo alto número de perdas está a necessidade de resposta especializada rápida para garantir a recuperação: na maioria dos casos, para oferecer as maiores chances de reversão do quadro, o tratamento deve ser feito em até quatro horas e meia do início dos sintomas.

A neurologista do Hospital Santa Paula, Renata Simm, explica que, dentro desse intervalo, é possível diagnosticar corretamente o AVC e realizar procedimentos que vão promover a recuperação do paciente e evitar ou reduzir as sequelas.

O AVC é um acidente nos vasos sanguíneos do cérebro e pode acontecer de duas formas. O Isquêmico é o entupimento de um vaso, diminuindo a irrigação de sangue em áreas do cérebro. Trata-se do tipo mais comum, correspondendo a cerca de 85% dos casos. Já o Hemorrágico é o rompimento de uma artéria ou veia, provocando uma hemorragia local e consequentemente inchaço e aumento da pressão intracraniana.

Nos dois tipos, a demora no atendimento pode levar a morte de áreas do cérebro e provocar danos irreversíveis ao funcionamento do órgão, por isso o tratamento precisa acontecer com agilidade, seja para restabelecer o fluxo sanguíneo ou controlar a hemorragia.


Tratamentos

No caso do acidente isquêmico, o tratamento mais comum é a trombólise, que realiza a dissolução do coágulo com medicação. Para ser eficaz, esse procedimento precisa ser feito em até quatro horas e meia depois do início dos sintomas. Alguns casos também podem ser revertidos com trombectomia, cateterismo cerebral que desobstrui o vaso e pode ser executado até seis horas após o início do acidente vascular. Já o tratamento do AVC hemorrágico pode ser feito com a drenagem cirúrgica do sangue, em alguns casos.

O Hospital São Paula, em São Paulo, possui um Programa de Cuidados Clínicos para AVC Isquêmico abrangente de prevenção, atendimento e recuperação e foi, em 2014, o segundo hospital da América Latina a receber a certificação JCI para tratamento da doença. A Joint Comission International é a mais importante instituição acreditadora de qualidade e segurança em saúde do mundo e estabelece critérios rígidos, comprovando assim a excelência da instituição.

"Para que o atendimento do paciente com AVC seja efetivo, todo o hospital deve estar preparado para identificar o problema, por isso promovemos um treinamento amplo. Desde a portaria e a recepção, os colaboradores estão aptos a reconhecer os sintomas e acelerar o encaminhamento emergencial para os especialistas", conta Renata Simm. "A partir da triagem, realizamos a avaliação médica, tomografia de crânio, coleta de exames para verificar o tipo e a extensão do problema e, em no máximo uma hora, o paciente deve estar recebendo o tratamento correto "

O programa inclui o acompanhamento do paciente por um ano após o episódio e conta com uma equipe multidisciplinar, complementada por fonoaudiólogos, psicólogos, farmaceuticos, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, nutricionista e enfermeiros especializados. Mais de 800 pacientes já passaram pelo programa.


Causas e Sintomas

Entre as causas conhecidas do AVC, um dos maiores vilões é a hipertensão. Fazem parte do grupo de risco também os fumantes, diabéticos, mulheres que usam anticoncepcional e são tabagistas, pessoas com altos níveis de colesterol, sedentárias e/ou obesas, portadores de arritmias cardíacas. Por isso, manter um estilo de vida saudável, praticar exercícios e controlar regularmente as doenças crônicas é fundamental para evitar esse problema.

No entanto, mesmo quem está fora do grupo de risco deve conhecer os sintomas e estar atento a seu organismo. A neurologista afirma que o acidente vascular cerebral se manifesta de repente por sinais como perda de força nos membros, alteração da sensibilidade ou sensação de formigamento em um dos lados do corpo, fala embaralhada, perda dos movimentos na face ou "entortamento" do rosto, coordenação motora limitada, confusão mental ou dor de cabeça súbita. "Diante de qualquer sinal de alerta, é fundamental procurar um pronto-socorro para o diagnóstico correto o quanto antes. Para a melhor recuperação, cada minuto é importante".


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