Crescimento do hábito de fumar e diminuição do abandono ao tabagismo contribuem para a expansão dos casos entre as mulheres
Com 2,1 milhões de
casos descobertos em 2018, o câncer de pulmão é o tipo de tumor mais prevalente
no mundo¹. A doença também ocupa o primeiro lugar entre os cânceres que
acometem os homens em todo o planeta, representando 14,5%. Nas mulheres, é o
terceiro em incidência, com 8,4% dos casos, atrás apenas do câncer de mama
(24,2%) e de cólon e reto (9,5%)¹. Entretanto, nos últimos anos, tem-se
observado um aumento das taxas de incidência da enfermidade no sexo feminino.
De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, os índices de diminuição deste
tipo de tumor têm sido duas vezes mais rápidos nos homens do que nas mulheres,
uma situação relacionada aos padrões de adesão e abandono do tabagismo².
No Brasil, o Instituto
Nacional de Câncer (Inca) estima 30 mil novos casos de câncer de pulmão por
ano³, sendo 17.760 em homens e 12.440 em mulheres. Sem considerar os tumores de
pele não melanoma, a doença ocupa a segunda posição mais frequente entre os
homens nas Regiões Sul, com a incidência em 31 a cada 100 mil habitantes, e
Nordeste, com 11 casos em cada 100 mil. No sexo feminino, é o terceiro mais
frequente nas Regiões Sul (18 casos para 100 mil) e Sudeste (12 casos para 100
mil)3. A taxa de mortalidade da doença sempre foi superior entre os homens, mas
verifica-se que essa proporção está diminuindo: a razão de óbitos entre
homem/mulher no País diminuiu de 3,6 em 1980 para 1,7 em 2017. Estima-se que
essa tendência histórica de crescimento será estabilizada apenas em 2030(4).
"Um grande desafio
em relação ao câncer de pulmão é o estigma. Como grande parte dos casos está
associada ao cigarro, muitas vezes um olhar de culpa e desconfiança pesa sobre
os pacientes, mesmo quando eles não fumam, o que dificulta o diagnóstico
precoce da doença", afirma Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer
Brasil.
A falta de conhecimento
representa um desafio significativo no combate à enfermidade. Em muitos casos,
o câncer de pulmão tem diagnóstico tardio porque os sintomas, como tosse,
escarro com sangue e falta de ar, podem confundir os pacientes, que decidem não
procurar atendimento médico por achar que é algo simples. Uma análise da The
Economist Unit mostra que, no Brasil, 85% dos pacientes têm a doença descoberta
nos estádios III ou IV(5).
Tipos de câncer de
pulmão
Os tumores de pulmão
representam um grande desafio para o Brasil e são a primeira causa de morte por
câncer na América Latina(5). No País, apenas 16% dos casos são diagnosticados
em estágio inicial (localizado) e a taxa de sobrevida relativa em cinco anos é
de 56%(6).
A doença pode se
apresentar em duas formas principais, cada uma com características próprias de
tratamento: tumores de células pequenas (CPPC) e de não pequenas células
(CPNPC) - esta última categoria, que se desenvolve a partir das células
epiteliais, representa de 85% a 90% do total de casos de cânceres
pulmonares(7).
O tabagismo e a
exposição passiva ao tabaco são os principais fatores de risco para o
desenvolvimento do câncer de pulmão: 85% dos casos diagnosticados estão
associados ao consumo de derivados de tabaco4. Outros fatores, como a exposição
à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição e aspectos ocupacionais,
também podem favorecer o desenvolvimento da doença. Existem, ainda, grupos de
pacientes que nunca fumaram e, mesmo assim, apresentam uma predisposição
aumentada para ela. Esse é o caso dos indivíduos com alterações genéticas
específicas.
Entre essas alterações
está a translocação de ALK (quinase do linfoma anaplásico), um oncogene que
está presente em cerca de 5%8 dos casos de câncer de pulmão de não pequenas
células (CNPCP). Boa parte dos pacientes são jovens sem histórico de tabagismo.
Outra alteração genética é a mutação em ROS1, um proto-oncogene (gene que se
transforma em oncogene por um aumento na expressão de proteínas).
Tratamentos
Um dos avanços da
medicina nos últimos anos foi a descoberta sobre o DNA de cada tipo de câncer,
especialmente, o de pulmão. Apesar de o prognóstico para a doença não ser
otimista, com o avanço das pesquisas na área de oncologia, a exemplo da
evolução dos tratamentos baseados em terapia-alvo, o combate à enfermidade está
mudando.
Até o começo da década
passada faltavam alternativas de tratamento para os pacientes com câncer de
pulmão com mutação em ALK e ROS-1. Com o progresso da oncologia personalizada,
foram desenhados medicamentos que conseguem agir diretamente sobre os
receptores celulares que apresentam essas alterações genéticas, impedindo ou
reduzindo a multiplicação das células tumorais.
Atualmente, tanto o
gene ALK, quanto o ROS-1 são biomarcadores para terapias-alvo, medicamentos
especialmente desenvolvidos para inibir mutações que são determinantes para a
evolução do câncer, proporcionando alívio dos sintomas, redução dos tumores e
aumento da sobrevida livre de progressão da doença.
Pfizer
Referências:
1. G lobal cancer
statistics 2018: GLOBOCAN estimates
of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. 1. CA Cancer J Clin.
2018 Nov;68(6):394-424. Disponível em: Acesso em 5 maio 2020.
2. American Cancer
Society. Cancer statistics, 2020. Disponível em: Acesso em 7 maio 2020.
3. INCA. Estimativa
2020 - Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em: < http://www.inca.
gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf>.
Acesso em 5 maio 2020.
4. INCA. A curva epidêmica do
tabaco no Brasil: para onde estamos indo. Disponível em: http://www.inca.gov.br/en/node/3483>. Acesso em 29 mai
2020.
5. The Economist
Intelligence Unit, Câncer de pulmão na América Latina: pare de
ignorar o problema. 2018.
6. INCA. Câncer de
pulmão. Disponível em: . Acesso em 29 mai 2020.
7. Pfizer, Inc. LORBRENA
(lorlatinib): Informação sobre prescrição. Nova York, NY.
8. Pfizer,Inc Lorlatinib
Summary of Product Characteristics. Sandwich, UK.; 2018.
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