Revisão contemplou principais publicações dos últimos 10 anos de área da Pneumologia
Em cerca de 40%
dos estudos não houve participação de nenhuma mulher; Apenas um estudo
levantado teve uma cientista em posição central de autoria
Discussões sobre equidade de gênero na sociedade
moderna vêm para consolidar os direitos declarados às mulheres. Há um teto
invisível de vidro contra o qual as mulheres profissionais se deparam em sua
ascensão na carreira.
Foi essa inquietação que levou a pneumologista e
pesquisadora do HCor, Dra. Letícia Kawano, a se unir a outras cientistas e
investigar a proporção de mulheres autoras das principais publicações
científicas de sua subespecialidade na Pneumologia, a área de doenças
intersticiais pulmonares. Nos últimos 10 anos, essa área testemunhou grandes
avanços com o surgimento de novos tratamentos para fibrose pulmonar e a
necessidade de atualização de diretrizes de diagnóstico e tratamento.
Publicado no The Lancet Respiratory Jornal, na
segunda quinzena deste mês, o artigo “Equidade de gênero nas Doenças
Intersticiais Pulmonares” se propôs a revisar a autoria das principais
publicações dos últimos 10 anos nessa especialidade. O levantamento mostrou uma
escassez de mulheres autoras, que se agravava quando se restringia a análise
para posições de destaque de autoria (primeiro autor ou autor sênior, Chair ou
co-Chair).
De acordo com a Dra. Letícia, a opção por revisar
exclusivamente as principais publicações da área (foram avaliados 11 artigos no
total) se deu porque, nesses estudos, não basta ser tecnicamente bom. Neles,
para participar é preciso ser convidado, indicado, o que, segundo ela, reflete
uma dinâmica de poder.
Outro ponto observado na investigação mostra que a
maior taxa de autoras mulheres MD/PhD nos estudos avaliados foi de apenas
18%. Por outro lado, em quatro dos 11 estudos tabulados (36,3%) não houve
a participação de nenhuma mulher cientista (MD/PhD).
O artigo “Equidade de gênero nas Doenças
Intersticiais Pulmonares” tem autoria das cientistas Letícia Kawano, Kerri
Johannson (Canadá), Mary Strek (Estados Unidos), Marilyn Glassberg (Estados
Unidos), Marlies Wisejnbeek (Holanda) e Maria Molina-Molina (Espanha), e
apoiado por uma lista de signatárias com dezenas de outros nomes da ciência
mundial, de países como Estados Unidos, Itália, Argentina, Austrália e Índia.
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