Febrasgo alerta que, ao menos, 50% das mulheres em idade fértil apresentam a doença
Desafio para mulheres, em todo o mundo, mioma é um tumor uterino benigno que atinge, ao menos, 50% delas ao longo da fase reprodutiva. Assintomático em metade dos casos, o mioma tende a se manifestar por meio de fortes dores abdominais, sangramentos (que podem ser confundidos com aumento do fluxo menstrual) e aumento do volume abdominal. Por trás desses sintomas aparentemente comuns está uma doença que, somente no Brasil, resulta em cerca de 300 mil cirurgias anuais para remoção do útero, segundo o Ministério da Saúde.
Especialistas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) apontam que, comumente, o mioma se manifesta em mulheres de 35 a 50 anos. Em mulheres de ascendência negra, há uma tendência de a doença surgir mais precocemente – a partir de 25 anos. De acordo com sua localização, o mioma pode se relacionar a quadros de infertilidade e aborto, maior sangramento e menor resposta a tratamentos medicamentosos.
O ginecologista Dr. Mariano Tamura,
vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Endoscopia Ginecológica
da Febrasgo, comenta que parte do impacto da doença advém do comprometimento da
mulher ser mãe. “O mioma é encontrado em 10% a 15% dos casais com
infertilidade. Dentre eles, é a causa fundamental da infertilidade em 5% dos
casos”.
Diagnóstico e tratamento
A formação dos miomas está associada aos hormônios progesterona e estrogênio. Deste modo, seu desenvolvimento ocorre gradualmente a partir da adolescência e vida adulta. Pesquisas apontam, contudo, que anticoncepcionais hormonais não influem no surgimento da doença. Fatores genéticos estão comumente associados ao problema – sendo mais recorrentes em mulheres com mães e irmãs que tiveram. Dentre as causas ambientais, nota-se maior predisposição à doença em meio a mulheres com sobrepeso e obesidade.
O Dr. Tamura explica que os miomas são diagnosticados por meio de avaliação da história clinica da paciente, exames clínicos e exames de imagem – como ultrassonografia e ressonância magnética. O tratamento é individualizado, variando de acordo com cada caso. Como ainda não há um método preventivo ou que identifique previamente os quadros que apresentarão manifestação mais agressiva, o tratamento tende a buscar o controle dos sintomas, como forma de preservar o útero e possibilitar a gestação. Segundo ele, cerca de 20% das mulheres que fazem tratamento apresentam recidiva da doença, em até cinco anos.
O tratamento
também pode ocorrer por meio cirúrgico. Neste caso, há a miomectomia (retirada
só do mioma) e a histerectomia, a remoção parcial ou total do útero. “A
histerectomia não prejudica a vida sexual, hormonal, nem impacta a saúde da
bexiga e intestino. Contudo, fecha um ciclo na vida da mulher ao não
possibilitar que ela desenvolva uma gravidez. Por isso, esse método é indicado
quando a paciente está de acordo e deseja essa solução definitiva. Hoje a
histerectomia é a segunda cirurgia de médio e grande porte mais realizada em
mulheres, em todo o mundo. É importante que se discuta alternativas quando há
essa possibilidade clínica”.
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